A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra
A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra
A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
a primeira etapa cumprida <strong>de</strong>pois da travessia do Helesponto tenha sido uma<br />
paragem em Troia, on<strong>de</strong> o jovem macedónio prestou homenagem a Atena e aos<br />
heróis caídos, em particular a Aquiles, “a quem consi<strong>de</strong>rava afortunado, porque,<br />
em vida, tivera um amigo <strong>de</strong>dicado e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> morto, um excelente arauto” da<br />
sua fama. 14<br />
Depois <strong>de</strong>sta breve paragem em Troia, Alexandre juntou-se ao grosso das<br />
tropas e preparou-se para enfrentar a primeira batalha, muito importante do<br />
ponto <strong>de</strong> vista psicológico, pois marcaria a entrada na Ásia e a afirmação do<br />
génio militar do macedónio, capaz <strong>de</strong> alcançar a vitória em situações <strong>de</strong> guerra<br />
que lhe eram, à partida, <strong>de</strong>sfavoráveis. Trata-se da espera que os Persas fizeram<br />
às forças invasoras junto das margens do rio Granico. Parménion, um dos generais<br />
<strong>de</strong> Alexandre, aconselhou-o a aguardar pelo dia seguinte para avançar, mas<br />
o jovem rei, que tinha uma capacida<strong>de</strong> impressionante <strong>de</strong> leitura dos cenários<br />
militares, <strong>de</strong>cidiu avançar <strong>de</strong> imediato, “dizendo que envergonharia o Helesponto<br />
se, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o ter atravessado, ficasse com receio do Granico”. 15 As forças persas<br />
contavam, entre as suas fileiras, com vinte mil mercenários gregos <strong>de</strong> infantaria,<br />
que eram igualmente combatentes com experiência. Plutarco (Alex. 16.13-14)<br />
afirma que os mercenários pediram ao macedónio que lhes poupasse a vida,<br />
mas Alexandre, que sabia que po<strong>de</strong>riam voltar a alistar-se novamente pelos<br />
Persas, carregou furiosamente sobre eles, movido mais pela raiva do que pela<br />
razão. 16 Cerca <strong>de</strong> dois milhares dos homens que integravam aquele contingente<br />
foram aprisionados e remetidos para a Macedónia, on<strong>de</strong> serviriam na condição<br />
<strong>de</strong> escravos.<br />
Não há razão para ver nestes mercenários uma oposição organizada dos<br />
Gregos aos avanços do soberano macedónio, pois os mercenários, por <strong>de</strong>finição,<br />
combatem por quem lhes paga, sem outras motivações i<strong>de</strong>ológicas que não sejam<br />
o lucro rápido. Ainda assim, o tratamento exemplar <strong>de</strong>cidido por Alexandre<br />
<strong>de</strong>via-se, certamente, ao facto <strong>de</strong> eles serem Gregos e <strong>de</strong>, portanto, a sua primeira<br />
obrigação ser a <strong>de</strong> combaterem ao lado dos compatriotas por um objetivo<br />
14 Alex. 15.8.<br />
15 Alex. 16.3.<br />
16 Hammnond (1997), 69, é <strong>de</strong> opinião que esta crítica implícita à forma ‘apaixonada’ como<br />
Alexandre atuou terá sido formulada por Aristobulo, que <strong>de</strong>ve estar por <strong>de</strong>trás do relato <strong>de</strong> Plutarco,<br />
neste ponto em concreto.<br />
103