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A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra

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Com estas diligências, Alexandre <strong>de</strong>ixava claro o objetivo <strong>de</strong> relacionar a<br />

campanha que agora empreendia com as Guerras Medo-persas: as promessas<br />

feitas aos Plateenses evocavam a batalha <strong>de</strong> Plateias; os <strong>de</strong>spojos enviados a<br />

Crotona lembravam a recontro <strong>de</strong> Salamina. Desta forma, estabelecia-se uma<br />

conexão direta entre os dois momentos mais altos da resistência grega ao avanço<br />

persa, por um lado, e a vitória <strong>de</strong> Gaugamelos, por outro. Em comum tinham<br />

o <strong>de</strong>sfecho altamente positivo que resultou da formação <strong>de</strong> uma aliança pan-<br />

-helénica contra o inimigo bárbaro.<br />

Com esta retumbante vitória, Alexandre garantia que Dario, mesmo sem ter<br />

ainda morrido, já não conseguiria reunir novo exército imperial que combatesse<br />

o contingente grego li<strong>de</strong>rado pelos Macedónios. A <strong>de</strong>rrota dos Persas franqueava,<br />

igualmente, o caminho para o domínio <strong>de</strong> toda a Ásia, com as gloriosas<br />

cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Babilónia, Susa e Persépolis incluídas. Ao longo <strong>de</strong>stas conquistas,<br />

Alexandre foi praticando alguns atos que se enten<strong>de</strong>m ainda na mesma lógica<br />

<strong>de</strong> operação <strong>de</strong> vingança contra o bárbaro invasor: <strong>de</strong>pois da captura <strong>de</strong> Susa,<br />

fez diligências no sentido <strong>de</strong> que fossem <strong>de</strong>volvidas a Atenas as estátuas <strong>de</strong><br />

Harmódio e Aristogíton, bem como a <strong>de</strong> Ártemis, que Xerxes havia roubado. 20<br />

Porém, o ato mais simbólico da vitória grega diz respeito à tomada <strong>de</strong><br />

Persépolis e à <strong>de</strong>struição do palácio imperial. São particularmente significativas<br />

as palavras <strong>de</strong> Demarato <strong>de</strong> Corinto (que havia sido já amigo <strong>de</strong> Filipe), ao<br />

contemplar Alexandre sentado no posto <strong>de</strong> Dario pela primeira vez: “<strong>de</strong>satou a<br />

chorar, como fazem os velhos, e a dizer que haviam sido privados <strong>de</strong> um enorme<br />

prazer os Helenos que tinham morrido antes <strong>de</strong> ver Alexandre sentado no trono<br />

<strong>de</strong> Dario”. 21 Esta opinião é expressa por alguém que nutria óbvias simpatias pela<br />

Macedónia e pela Liga <strong>de</strong> Corinto. No entanto, o próprio Plutarco revela, num<br />

ponto da Vida <strong>de</strong> Agesilau (15.4), que, em sua opinião e na <strong>de</strong> muitos Gregos<br />

contemporâneos dos eventos, havia mais razão para chorar os Gregos (e em<br />

particular os Espartanos) que haviam perecido em Leuctras, Queroneia, Corinto<br />

e na Arcádia, do que o facto <strong>de</strong> não terem visto Alexandre sentado no trono<br />

<strong>de</strong> Dario. Quer isto dizer, naturalmente, que nem todos os Gregos viam no<br />

macedónio o hegemon natural dos Helenos.<br />

20 Cf. Arriano, 3.16.<br />

21 Plutarco, Alex. 37.7.<br />

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