A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra
A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra
A GLOBALIZAÇÃO NO MUNDO ANTIGO - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
particular a supremacia da Macedónia que, <strong>de</strong> região marginal da Héla<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>-<br />
rada por muitos Gregos como antecâmara da própria barbárie, irá transformar-se<br />
no gran<strong>de</strong> centro <strong>de</strong> comando. A hegemonia macedónica <strong>de</strong>ve-se, em primeiro<br />
lugar, a Filipe II, que, numa série <strong>de</strong> hábeis intervenções nos assuntos internos<br />
das cida<strong>de</strong>s gregas, acaba por ser admitido no Conselho Anfictiónico (346) — o<br />
que, do ponto <strong>de</strong> vista diplomático, equivalia a reconhecer-lhe formalmente uma<br />
importante capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influência no mundo helénico — e a fundar a Liga<br />
<strong>de</strong> Corinto (338), na sequência da vitória <strong>de</strong> Queroneia (que correspon<strong>de</strong>u, na<br />
prática, à conquista da Grécia pela Macedónia).<br />
Filipe é assassinado pouco <strong>de</strong>pois (336), numa altura em que preparava a<br />
invasão da Pérsia, aparecendo como chefe natural (hegemon) à frente <strong>de</strong> uma<br />
coligação pan-helénica li<strong>de</strong>rada pela Macedónia. A morte violenta <strong>de</strong> Filipe não<br />
vai impedir a realização <strong>de</strong>sta campanha, que será levada a cabo pelo filho e da<br />
qual advirão consequências <strong>de</strong>terminantes para todo o mundo antigo (infra 6.3).<br />
O império <strong>de</strong> Alexandre Magno significará não apenas o fim da pólis (no que<br />
respeita à dinâmica <strong>de</strong>scrita nas páginas anteriores), como também a criação <strong>de</strong><br />
uma nova or<strong>de</strong>m, on<strong>de</strong> a tradicional oposição entre Gregos e bárbaros per<strong>de</strong>rá<br />
terreno face a um processo <strong>de</strong> fusão étnica e cultural, e on<strong>de</strong> o particularismo<br />
da pólis, que exigia o envolvimento direto <strong>de</strong> cada polites na condução coletiva<br />
dos assuntos do estado (ta politika), será substituído pela crescente supremacia<br />
dos interesses privados (ta idia), em consequência da diluição das responsabilida<strong>de</strong>s<br />
pessoais na realida<strong>de</strong> emergente dos reinos helenísticos. 14<br />
1.2. Os reinos helenísticos: do polites ao kosmopolites<br />
1.2.1. O legado macedónio<br />
Entre 336 (ano da morte do pai, Filipe II) e 323 (altura em que sucumbe à<br />
doença, por razões ainda hoje abertas a alguma especulação), Alexandre irá<br />
conquistar um império imenso, que ia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Europa até à Ásia profunda, englobando<br />
também o nor<strong>de</strong>ste africano e boa parte da bacia do Mediterrâneo.<br />
14 Para uma análise da evolução da agenda política <strong>de</strong> Alexandre e da forma como conduziu<br />
as suas campanhas, vi<strong>de</strong> infra 6.3 e 6.4.<br />
23