11.05.2013 Views

séc. v - Universidade Federal do Paraná

séc. v - Universidade Federal do Paraná

séc. v - Universidade Federal do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

medieval 27 , como se insere num debate historiográfico que a considera um <strong>do</strong>s elementos<br />

mais evidentes da barbárie e da decadência da civilização 28 . O constante, paulatino e<br />

crescente ingresso de grupos estrangeiros, política e territorialmente, na realidade romana,<br />

desencadeia e acompanha processos cabais para nossa análise. A partir <strong>do</strong> <strong>séc</strong>ulo IV, em<br />

especial, formam-se embriões de reinos próprios, o território passa a ser ocupa<strong>do</strong><br />

efetivamente por grupos diversos, a atividade política passa a transitar entre o cetro<br />

imperial e a coroa régia <strong>do</strong> germano. Acontece, de maneira acentuada e irreversível, o<br />

distanciamento e a diferenciação de matizes entre a pars occidentalis e a pars orientalis:<br />

nosso foco – o segmento ocidental – é marca<strong>do</strong>, em especial, portanto, pela fragmentação<br />

<strong>do</strong> poder e pelo surgimento de novos atores políticos, como veremos a seguir.<br />

1.2 Völkerwanderung e a presença germana<br />

Ainda que o contato entre greco-latinos e povos de procedências diversas remeta<br />

desde Heró<strong>do</strong>to até Marco Aurélio 29 , é com a derrota de Valente na batalha de<br />

Hadrianópolis, em 378, que o elemento estrangeiro passa a exercer papel central na lida<br />

política <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> 30 . Ainda sobre o man<strong>do</strong> de Trajano, grupos extra-limites ganham<br />

atenção especial, quan<strong>do</strong> Tácito os demarca sob sua pena em sua famosa obra, Germania<br />

31 . Notava-se, já durante a segunda centúria, como o estrangeiro – aqui categoriza<strong>do</strong> sob a<br />

generalizante designação de “germano” 32 – apresentava-se de forma cada vez mais<br />

preponderante na realidade considerada civilizada. Neste momento, porém, a presença<br />

27<br />

Muitos trabalhos, desde pelo menos a década de 1970, lidam especialmente com essa questão. Como<br />

leitura geral, destacamos DREW, Katherine Fischer (Edit.). The Barbarian Invasions: Catalyst of a New<br />

Order. Nova Iorque: Robert E. Krieger Publishing Co., 1977; WALLACE-HADRILL, J. M.. The Barbarian<br />

West: The early middle ages, AD 400-1000. Nova Iorque: Harper Torchbooks, 1962; CAMERON, Averil.<br />

The Mediterranean World in Late Antiquity. Londres; Nova Iorque: Routledge, 2001. Ainda que boa parte da<br />

historiografia seja européia e esteja preocupada em localizar a gênese identitária de seu continente, ainda se<br />

coloca de forma crítica e aponta as especificidades e as transformações ocorridas ao longo da Antiguidade<br />

Tardia.<br />

28<br />

Em especial a obra basilar MUSSET, Lucien. The Germanic Invasions: The making of Europe, 400-600<br />

A.D.. Nova Iorque: Barnes & Nobles Books, 1975. Ver também HAYES, Carlton Huntley. An introduction<br />

to the sources relating to the Germanic invasions. Nova Iorque: Columbia University Press, 1909.<br />

29<br />

Heró<strong>do</strong>to, em sua obra, relata o contato <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> grego com os “bárbaros” persas, crian<strong>do</strong> arquétipos de<br />

contato que perduram até o enfrentamento de Marco Aurélio com os partos, quan<strong>do</strong> a imagem <strong>do</strong> bárbaro<br />

germano passa a suplantar a <strong>do</strong> bárbaro cita (que será topos retórico, porém, com os hunos, como veremos no<br />

capítulo 2).<br />

30<br />

WOLFRAM, Herwig. Die Goten..., op. cit., pp. 126 – 128.<br />

31<br />

Tac. Germania. Para referência completa desta e das outras fontes que serão citadas nesta monografia, ver<br />

Referências Bibliográficas.<br />

32<br />

Para a definição de “germano”, além <strong>do</strong>s já cita<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre etnogênese, nossa referência principal<br />

vem <strong>do</strong>s trabalhos de Walter Pohl. Cf. POHL, Walter. Die Germanen. Munique: Oldenbourg, 2004.<br />

8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!