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séc. v - Universidade Federal do Paraná

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outros equipamentos de madeira), não se organizavam socialmente e, politicamente, não<br />

passavam de níveis tribais ou clânicos de coman<strong>do</strong> 94 .<br />

Depreende-se que os hunos, portanto, não possuíam qualquer tipo de organização<br />

social elaborada. Sua forma de governo era rudimentar e primitiva – tal imagem persiste<br />

mesmo que filtremos as superstições e formas retóricas presentes nas fontes 95 . Enquanto<br />

nômades asiáticos, cultura, religião, política, sociedade e economia pairavam ao re<strong>do</strong>r de<br />

tipologias de subsistência, aparentemente sem qualquer necessidade ou mesmo<br />

possibilidade de definição teórica 96 . Ora, se levarmos em conta o relato de Amiano<br />

Marcelino, menos de 100 anos nos separam <strong>do</strong> famoso governo de Átila. Destarte, num<br />

curto perío<strong>do</strong> de tempo, a historiografia nota um avanço <strong>do</strong> nível tribal para a quase<br />

confecção de um império. A saída <strong>do</strong> pastoreio nômade das estepes para o assentamento de<br />

uma poderosa sede de poder da Panônia dá-se tal qual um relâmpago bárbaro sobre as<br />

sombras da civilização.<br />

Pode-se argumentar, contu<strong>do</strong>, que o processo histórico relativo a tal debate não se<br />

deu de forma simples. Não nos parece justifica<strong>do</strong> que Átila – e tão somente sua figura –<br />

tenha estabeleci<strong>do</strong>, em seu rápi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de <strong>do</strong>mínio, alterações políticas, culturais e<br />

sociais tão drásticas, retiran<strong>do</strong> os hunos da barbárie indescritível para colocá-los como<br />

verdadeira ameaça de proporções imperais. Átila e Bleda herdam, de seu tio Rugilas, uma<br />

Confederação já organizada, minimamente assentada em territórios defini<strong>do</strong>s 97 . Rugilas,<br />

igualmente, parece apenas fazer parte de um processo de unificação e organização que<br />

remete, pelo menos, à Uldin 98 . Justifica-se, portanto, que os hunos, à época <strong>do</strong> contato<br />

com o mun<strong>do</strong> greco-romano (ainda no <strong>séc</strong>ulo IV), fossem possui<strong>do</strong>res de uma organização<br />

sócio-política mais definida <strong>do</strong> que propõe a maioria das fontes e parte da historiografia<br />

especializada.<br />

Argumentar em favor desta idéia, porém, mostra-se serviço árduo. Apesar <strong>do</strong><br />

caminho aberto pela crítica e relativização <strong>do</strong>cumental, o escopo para afirmação de tal<br />

perspectiva é ralo. O espaço <strong>do</strong> debate dá-se no campo da conjectura: se os hunos não<br />

surgem repentinamente, como agentes bárbaros <strong>do</strong> Juízo Final, nem são seres primitivos<br />

94 THOPMSON, E. A, op. cit. pp. 20 – 35.<br />

95 A historiografia especializada, em especial Thompson, defendem a idéia de um grupo bárbaro e feroz, sem<br />

aspectos de civilidade ou cultura.<br />

96 Idem.<br />

97 WOLFRAM, Herwig. The Roman Empire and its Germanic peoples. Berkeley e Los Angeles: University<br />

of California press, 1997, p. 127.<br />

98 Referência ao primeiro nome consistente de um líder huno que as fontes greco-latinas nos fornecem. Idem,<br />

p. 126. Ver Capítulo 1.<br />

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