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séc. v - Universidade Federal do Paraná

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elemento importante da tradição nômade 109 (a batalha, o triunfo, a vitória e a conquista)<br />

como um aspecto pragmático <strong>do</strong>s Hsiung-nu: sua existência depende da guerra e da vitória.<br />

Sob esta estruturação, os Hsiung-nu mantiveram sua influência e seu poder durante<br />

<strong>séc</strong>ulos (o último registro de um Shan Yü a ter contato com o impera<strong>do</strong>r chinês data da<br />

primeira metade da quinta centúria de nossa era – ainda que a importância e impacto deste<br />

grupo seja fortemente eclipsada ainda nos <strong>séc</strong>ulo II e III d.C.) 110 . Seu contato bélico com<br />

os territórios orientais forçou que as dinastias Qin e, posteriormente, Han iniciam-se as<br />

construções da Grande Muralha 111 . Nos interessa notar, deste ínterim, que por mais que<br />

fosse configurada por tribos nômades, a Confederação <strong>do</strong>s Hsiung-nu contava com<br />

arroja<strong>do</strong> sistema de estruturação social, capacidade bélica e políticas exteriores. Não seria<br />

equivoca<strong>do</strong> afirmar, portanto, que os hunos, de forma semelhante, possuíssem também, a<br />

despeito da historiografia moderna clamar o contrário, uma configuração social que fossem<br />

além <strong>do</strong>s aspectos considera<strong>do</strong>s tribais e primitivos.<br />

Não nos parece pertinente alongar ou tomar parti<strong>do</strong> no debate das origens húnicas.<br />

Deste panorama, porém, podemos apreender informações importantes para nosso<br />

propósito. Sem adentrar nas especificidades da teoria <strong>do</strong>s Hsiung-nu, aceita-se<br />

minimamente que os hunos tenham ti<strong>do</strong> uma história e uma organização anterior á sua<br />

aparição diante <strong>do</strong>s limites imperiais – a estepe seria um interregno entre <strong>do</strong>is momentos,<br />

um elemento inseri<strong>do</strong> dentro de um processo histórico. Destarte, negamos o primitivismo<br />

absoluto como proposto pelas fontes e corrobora<strong>do</strong> por Thompson. Nota-se, já entre os<br />

Hsiung-nu, uma estrutura minimamente organiza<strong>do</strong>, apesar <strong>do</strong> nomadismo. Durante o<br />

contato com o mun<strong>do</strong> greco-romano, portanto, os hunos estariam não na ausência, mas sim<br />

num determina<strong>do</strong> estágio <strong>do</strong> processo de estruturação política e social, cujo zênite seria<br />

atingi<strong>do</strong> com a ascensão de Átila e bem recorda<strong>do</strong> numa fonte que, por destacar-se das<br />

demais (para nosso propósito), não foi ainda citada por nós: o relato histórico de Prisco de<br />

Pânio.<br />

109<br />

FAIRSERVIS Jr., Walter, op. cit. pp. 20 – 25.<br />

110<br />

Hè Lián Dìng Zhifen (赫連定直獖), Shan Yü entre 428 e 431 d.C., é considera<strong>do</strong> o último líder da<br />

Confederação nômade <strong>do</strong>s Hsiung-nu nativo da Ásia Central. Após sua morte, o que havia sobra<strong>do</strong> da<br />

configuração <strong>do</strong>s Hsiung-nu é desmantela<strong>do</strong>. Nota-se, porém, que nesta altura pouco restava <strong>do</strong> caráter<br />

original da Confederação, haven<strong>do</strong> ramificações diversas que aban<strong>do</strong>naram o man<strong>do</strong> central e voltaram para<br />

o estilo de vida nas estepes (no que se inclui, já alguns <strong>séc</strong>ulos antes, provavelmente os hunos). Cf. MAU-<br />

TSAI, Liu, op. cit.<br />

111<br />

Idem, p. 27.<br />

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