MALBA TAHAN - O CALCULISTA BRASILEIRO - UniABC
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Definição: Um terno pitagórico (x, y, z) em que x e y são coprimos é chamado tp primitivo.<br />
Como entre todos os tp semelhantes apenas o menor é primitivo então dois tp primitivos<br />
não são semelhantes.<br />
Segunda questão: Quantos ternos pitagóricos primitivos existem e como determiná-los?<br />
Vamos supor que (x, y, z) seja um terno pitagórico primitivo. Assim, x e y são<br />
coprimos e, portanto não podem ambos ser pares. Talvez não seja também evidente que<br />
ambos não podem ser ímpares. Para demonstrar este fato vamos considerar inicialmente<br />
que o quadrado de um número ímpar deixa resto 1 quando dividido por 8. Isto porque,<br />
sendo um número ímpar da forma 2k + 1 , com k ∈ N , temos (2k +1) 2 = 4k 2 + 4k + 1 =<br />
4k(k + 1) +1 , e como k e k + 1 são sucessivos então um deles é par e o produto 4k(k + 1) é<br />
da forma 8q, de modo que (2k +1) 2 = 8q +1, com q∈ N. Assim, se tivéssemos x = 2k1 +1 e<br />
y = 2k2 +1 , ficaríamos com<br />
x 2 + y 2 = 8q1 + 1 + 8q2 + 1 = 8(q1 + q2) + 2 = z 2<br />
e z 2 seria um quadrado par não divisível por 4, o que é absurdo, pois todo quadrado par é<br />
divisível por 4. (Para termos certeza deste último fato lembramos que o quadrado de um<br />
número ímpar é ímpar e o quadrado do par 2k é 4k 2 ). Portanto podemos concluir que, se<br />
(x, y, z) for um tp primitivo, x ser par implica y ser ímpar e x ser ímpar implica y ser par.<br />
A partir daqui, ao fazermos referência ao tp primitivo (x, y, z) , consideraremos, sem<br />
perda de generalidade, que y é par. Desta assunção decorre que x e z são ímpares. Podemos<br />
afirmar que y par implica z ímpar porque y 2 será par, x 2 será ímpar e como z 2 = x 2 + y 2<br />
então z 2 será ímpar.<br />
De z 2 = x 2 + y 2 escreveremos y 2 = z 2 - x 2 = (z + x)(z – x). Como os números z +x e<br />
z - x são pares, pois são a soma e a diferença de números ímpares, podemos escrever z +x<br />
= 2a e z – x =2b , com a e b números naturais. Destas duas últimas identidades obtemos z<br />
= a + b e x = a - b, e afirmaremos ainda que a e b são coprimos. Isto porque, se a e b<br />
tivessem um divisor comum d >1 então, de z = a + b e x = a - b, concluiríamos que d<br />
também seria divisor comum de z e x e assim d ainda seria divisor comum de z + x e z - x.<br />
E de y 2 = (z + x)(z – x) poderíamos afirmar que d 2 é divisor de y 2 e portanto d é divisor de y,<br />
o que constitui um absurdo, pois contraria a hipótese de que x e y são coprimos.<br />
Ainda, como por hipótese y é par, faremos y = 2c, com c∈ N, e de<br />
y 2 = (z + x)(z – x), z +x = 2a e z – x = 2b, obtemos 4c 2 = 2a.2b, c 2 = a.b.<br />
Vamos considerar as decomposições de a e b em fatores primos:<br />
a= p1 α1 . p2 α2 .(...)pm αm e b = q1 β1 .q2 β2 (...)qn βn .<br />
Como vimos que a e b são coprimos então não existem fatores primos comuns nas<br />
decomposições, ou seja, não existem i e j tais que pi = qj, com 1≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n. Assim,<br />
ao efetuar o produto a.b não haverá nenhuma multiplicação de potências de mesma base, ou<br />
seja, não haverá nenhuma soma de expoentes, ou ainda, na decomposição em fatores<br />
primos de a.b nenhum fator terá expoente da forma αi + βj . De fato teremos exatamente<br />
a.b = p1 α1 . p2 α2 .(...)pm αm .q1 β1 .q2 β2 (...)qn βn .<br />
E de c 2 = a.b, c∈ N, temos que √(a.b) também é um número natural, o que só é possível se<br />
todos os expoentes forem pares na decomposição em fatores primos de a.b, ou seja,<br />
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