Valéria Mac Knight - programa de pós-graduação em ciência da ...
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conceitos. O hom<strong>em</strong> se torna um conceito, segundo Nietzsche, a existência se resume ao que<br />
po<strong>de</strong> ser aprendido racionalmente pois a intuição, individual e única, é evita<strong>da</strong> por escapar do<br />
esqu<strong>em</strong>a classificatório do exato e frio edifício dos conceitos. Ao dissolver a imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> um<br />
conceito, o hom<strong>em</strong> a<strong>de</strong>stra seu agir, enquanto racional, pois acredita po<strong>de</strong>r dominar as<br />
abstrações.<br />
Des<strong>de</strong> Parmêni<strong>de</strong>s nosso mundo se resume ao que é e ao que não é. Ser ou não ser.<br />
Muitas vezes, para comunicar seu pensamento por meio <strong>de</strong> palavras, Nietzsche cria uma<br />
imag<strong>em</strong> que nenhuma palavra <strong>em</strong> si mesma po<strong>de</strong> equivaler, mas que no entanto <strong>de</strong>calca o que<br />
ele <strong>de</strong>seja comunicar. Ao lançar mão <strong>de</strong> metáforas, Nietzsche se aproxima <strong>da</strong> poesia e<br />
mo<strong>de</strong>la seu pensamento, apresentando sua idéia <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> discorrer sobre um t<strong>em</strong>a dialética e<br />
metafisicamente, aproximando-se do universo poético on<strong>de</strong> é possível a <strong>de</strong>smobilização do<br />
ser ou não ser.<br />
A fixação <strong>de</strong> conceitos <strong>de</strong>limita a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> para que esta se resuma ao que foi<br />
estipulado. A dimensão humana se apequena <strong>em</strong> relação análoga a <strong>da</strong> mensuração <strong>de</strong> mundo<br />
pelo hom<strong>em</strong>, pois, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que ele cria visões <strong>de</strong> mundo e constrói ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s a<br />
partir <strong>de</strong> si, relaciona-se com o que percebe do mundo. A percepção está controla<strong>da</strong> pelo que<br />
é consi<strong>de</strong>rado ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro. Logo, se o hom<strong>em</strong> se fun<strong>da</strong> enquanto construtor, ele também se<br />
aprisiona pelas convenções que fabrica, e pelos conceitos antropocêntricos<br />
<strong>de</strong>ste modo, uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é trazi<strong>da</strong> à luz, mas é <strong>de</strong> valor limitado, quero dizer<br />
que ela é do princípio ao fim antropomórfica e que não contém um único ponto<br />
que seja ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro <strong>em</strong> si, real e universalmente válido, a não ser para o<br />
hom<strong>em</strong> 10 .<br />
A presunção do conhecimento turva o valor <strong>da</strong> existência. A invenção do<br />
conhecimento pelo ser humano reflete a metamorfose do mundo por meio <strong>de</strong> uma<br />
compreensão <strong>de</strong> mundo como coisa antropomórfica, pois toma o hom<strong>em</strong> como parâmetro <strong>de</strong><br />
to<strong>da</strong>s as coisas. Essa existência antropocêntrica é o berço <strong>da</strong> <strong>ciência</strong> que constrói uma<br />
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