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Valéria Mac Knight - programa de pós-graduação em ciência da ...

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1.4 A superação <strong>da</strong> metafísica pela arte: arte e vi<strong>da</strong>.<br />

Na luta contra a metafísica, o cristianismo e a <strong>ciência</strong> Nietzsche propõe uma contra-<br />

noção: a metafísica do artista. Esta concepção t<strong>em</strong> a arte como a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> propriamente<br />

metafísica do hom<strong>em</strong>, pois trata <strong>da</strong> essência do ser. Do ser, e não do saber. Ao analisar as<br />

relações entre arte e <strong>ciência</strong>, Nietzsche aponta Sócrates e Eurípe<strong>de</strong>s como responsáveis pelo<br />

assassinato <strong>da</strong> arte trágica, arte esta que representa o encontro com as questões fun<strong>da</strong>mentais<br />

<strong>da</strong> existência e uma alternativa contra a metafísica criadora <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ao opor o<br />

instinto estético ao saber metafísico, o filósofo-poeta gera uma idéia central <strong>em</strong> seu fazer<br />

filosófico: a valorização <strong>da</strong> arte e não <strong>da</strong> <strong>ciência</strong> pelo fato <strong>de</strong> a primeira ser a força capaz <strong>de</strong><br />

proporcionar a experiência apolínea e dionisíaca: a arte t<strong>em</strong> mais valor do que a <strong>ciência</strong>. 31<br />

Sabendo-se <strong>pós</strong>tumo <strong>em</strong> relação ao seu t<strong>em</strong>po, Nietzsche vê a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> como uma<br />

convenção imposta para tornar a vi<strong>da</strong> possível, que substitui a arte como uma ficção<br />

necessária por um cunho moralizante e que nos <strong>de</strong>svia do encantamento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> pelo<br />

aniquilamento <strong>da</strong>s ilusões. Nietzsche acredita ser o instinto <strong>de</strong> crença, e não o <strong>de</strong><br />

conhecimento, um valor fun<strong>da</strong>mental para o hom<strong>em</strong>. A revalorização <strong>da</strong> arte é o meio <strong>de</strong><br />

retorno à vi<strong>da</strong> ou <strong>de</strong> encontro com ela, uma forma <strong>de</strong> proporcionar, uma vez mais, nosso<br />

resgate pela vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> modo que esta volte a nos atravessar. Para este amigo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, é a arte – e<br />

não a moral – a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> propriamente metafísica do hom<strong>em</strong>.<br />

Desenvolvendo seu próprio filosofar, ele afirma que pelo instinto <strong>da</strong> <strong>ciência</strong> Sócrates<br />

não apenas viveu mas, também, morreu. Ao morrer, no entanto, o mistagogo <strong>da</strong> <strong>ciência</strong><br />

<strong>de</strong>ixou um legado à civilização oci<strong>de</strong>ntal: uma herança i<strong>de</strong>aria que é a busca pelo saber e a<br />

30 I<strong>de</strong>m. Ibi<strong>de</strong>m. p. 20<br />

31 NIETZSCHE, Friedrich. O Nascimento <strong>da</strong> Tragédia; ou Helenismo e Pessimismo. Traduzido por J.<br />

Guinsburg. São Paulo, Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1992. p. 44<br />

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