Jardim Botânico de Coimbra: contraponto entre a Arte e a ... - artez
Jardim Botânico de Coimbra: contraponto entre a Arte e a ... - artez
Jardim Botânico de Coimbra: contraponto entre a Arte e a ... - artez
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
professores e investigadores, criaram-se<br />
dois gran<strong>de</strong>s laboratórios para os cursos<br />
gerais e dois mais pequenos para os cursos<br />
especiais. Instalaram-se, por seu turno, condignamente,<br />
a biblioteca, o museu e os herbários.<br />
No interior do edifício, a CAPOCUC<br />
procurou recriar uma ambiência antiga,<br />
encomendando, nesse sentido, a reprodução<br />
<strong>de</strong> azulejos seiscentistas com flores e<br />
pássaros, semelhantes aos existentes no<br />
Museu Nacional <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Castro,<br />
que passaram a cobrir os corredores, vestíbulos,<br />
átrios e escadas do Instituto.<br />
Contudo, foi na zona adjacente ao complexo<br />
beneditino e ao aqueduto <strong>de</strong> S. Sebastião<br />
que a acção monumentalizadora do<br />
Estado Novo mais se fez sentir. Se no interior<br />
do <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> se refreou o gigantismo<br />
neoclássico patente nas novos imóveis<br />
erguidos, optando-se antes por um<br />
«português suave» <strong>de</strong> cunho tradicionalista;<br />
no exterior, afirmou-se, claramente, a<br />
busca <strong>de</strong> uma perspectiva grandiosa, exaltadora<br />
da individualida<strong>de</strong> do monumento<br />
e, por conseguinte, «expurgadora» <strong>de</strong> todas<br />
as «excrescências» animadas ou inanimadas<br />
que a pu<strong>de</strong>ssem diminuir.<br />
Em Setembro <strong>de</strong> 1958, o ministro das Obras<br />
Públicas, Eduardo <strong>de</strong> Arantes e Oliveira,<br />
<strong>de</strong>clarava a urgência em expropriar uma<br />
série <strong>de</strong> prédios adossados ao aqueduto <strong>de</strong><br />
S. Sebastião, <strong>de</strong> acordo com o projecto das<br />
zonas <strong>de</strong> acesso à cida<strong>de</strong> universitária <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong>, aprovado em Agosto <strong>de</strong>sse ano.<br />
A <strong>de</strong>molição do casario «incrustado» nos<br />
arcos iniciou-se em finais <strong>de</strong> 1959. O intuito<br />
<strong>de</strong> «<strong>de</strong>safrontar» o Colégio e o aqueduto,<br />
isolando-os e exibindo-os na sua «pureza»,<br />
ditou também o corte do arvoredo que<br />
«obstruía» a sua vista. Ironicamente, a<br />
assepsia instaurada coexistiu com a <strong>de</strong>molição,<br />
em 1958, do último arco do aqueduto,<br />
há décadas consi<strong>de</strong>rado monumento<br />
nacional, em prol da conciliação topográfica<br />
<strong>entre</strong> as Ruas Martim <strong>de</strong> Freitas e a<br />
que circunda os edifícios da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ciências.<br />
marked the 20 th . As a living witness to all<br />
that, it can best be appreciated, as always,<br />
with knowledge of the circumstances that<br />
contributed to making it what it is today.<br />
1 Fernando Taveira da Fonseca, “O <strong>Jardim</strong><br />
<strong>Botânico</strong> no contexto da Reforma Pombalina<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> (1772)”, paper presented<br />
at the conference O Século das Luzes:<br />
Portugal, Brasil e região do Rio Prata, (Berlin,<br />
19th to 24th May 2003).<br />
2 Estatutos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> (1772),<br />
vol. III, <strong>Coimbra</strong>, <strong>Coimbra</strong> University, 1972, p.<br />
266-267.<br />
3 Manuel Lopes <strong>de</strong> Almeida, Documentos da<br />
reforma pombalina, [Doc. XXXIV. 7th November<br />
1772. Letter from the Marquis of Pombal to<br />
D. Francisco <strong>de</strong> Lemos], vol. I, 1771-1782, <strong>Coimbra</strong>,<br />
<strong>Coimbra</strong> University, 1937, p. 52-53.<br />
4 Letter from Francisco <strong>de</strong> Lemos to the Marquis<br />
of Pombal, dated 3rd February 1773. Quoted by<br />
Teófilo Braga, Historia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
nas suas relações com a instrucção publica<br />
portugueza, vol. III, 1700-1800, Lisbon, Royal<br />
Aca<strong>de</strong>my of Sciences, 1898, p. 470.<br />
5 Manuel Lopes <strong>de</strong> Almeida, Documentos da<br />
reforma pombalina, [Doc. XLIV. 12th February<br />
1773. On the arrival of the machines and instruments<br />
for Physics and the <strong>de</strong>marcation of the<br />
Botanical Gar<strong>de</strong>n], vol. I, 1771-1782, p. 69.<br />
6 Letter from Francisco <strong>de</strong> Lemos to the Marquis<br />
of Pombal, dated 3rd February 1773. Quoted by<br />
Teófilo Braga, Historia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />
nas suas relações com a instrucção publica<br />
portugueza, vol. III, 1700-1800, p. 479-480.<br />
7 Teófilo Braga, Historia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong> nas suas relações com a instrucção<br />
publica portugueza, vol. III, 1700-1800, p. 477.<br />
8 Teófilo Braga, Historia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong> nas suas relações com a instrucção<br />
publica portugueza, vol. III, 1700-1800, p. 476.<br />
9 Manuel Lopes <strong>de</strong> Almeida, Documentos da<br />
reforma pombalina, [Doc. LXV. 5th October<br />
1773. Document about the Botanical Gar<strong>de</strong>n],<br />
vol. I, 1771-1782, p. 104.<br />
10 Manuel Lopes <strong>de</strong> Almeida, Documentos da<br />
reforma pombalina, [Doc. LXV. 5th October<br />
1773. Document on the Botanical Gar<strong>de</strong>n], vol.<br />
I, 1771-1782, p. 105.<br />
65