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CESARE BECCARIA E AS SOMBRAS DO ILUMINISMO: DIREITO ...

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os desenvolvimentos culturais iluministas tiveram papel importante, a ponto de podermos<br />

falar em um absolutismo esclarecido. De tal forma, nesse contexto temos a fusão prática<br />

do absolutismo, cujas teorias faziam da lei a expressão da vontade do monarca, com o<br />

Iluminismo, no seio do qual o direito começa a ser visto como um meio de se moldar a<br />

sociedade. Cria-se, então, o cenário propício para que o direito, ou, mais precisamente, a<br />

legislação, passe a ser encarado como instrumento do soberano para aperfeiçoar a<br />

sociedade e introduzir o progresso. O processo de formação do absolutismo foi, em toda a<br />

parte, um fator de modernização institucional. Assim onde o absolutismo ainda não tinha se<br />

desenvolvido e onde, portanto, os poderes nobiliárquicos conservadores ainda eram fortes,<br />

havia o pressuposto necessário para que os autores iluministas sentissem a necessidade de<br />

apoiá-lo. Na própria França a aliança entre a coroa e os autores iluministas foi desejada por<br />

esses últimos, na medida em que a permanência de poderes intermediários, sobretudo<br />

nobiliárquicos, deixava, ainda, aos seus olhos, algumas tarefas para o absolutismo realizar.<br />

O que parece ter determinado a grande diferença entre o absolutismo<br />

francês e os absolutismos tardios do século XVIII é que estes surgiram em meio ao<br />

desenvolvimento de uma economia capitalista, em nível continental, já bastante<br />

desenvolvida e cada vez mais dinâmica. Isso é importante, pois cada vez ficava mais clara a<br />

conexão entre o fortalecimento institucional de um Estado e o desenvolvimento de sua<br />

economia. Assim o fato de a França ter, já no princípio do século XVIII, uma economia<br />

bastante desenvolvida em relação aos outros Estados do continente (produto, entre outras<br />

coisas, da política de incentivo às manufaturas de Colbert, ministro de Luís XIV) a<br />

colocava em uma situação relativamente confortável no cenário da política internacional, na<br />

medida em que contribuía para a manutenção de sua condição de principal potência<br />

mundial, ao lado da Inglaterra. De tal forma, durante as crises políticas de meados do<br />

século XVIII, a coroa francesa sentiria uma necessidade menor de se posicionar em favor<br />

das reformas modernizadoras, juntando forças com seus partidários (o que significaria uma<br />

radicalização ideológica da postura política), e assim atacar com maior violência as<br />

estruturas nobiliárquicas de poder.<br />

A situação é inteiramente diversa quando falamos dos absolutismos<br />

tardios do século XVIII. A desconfortável situação de fraqueza institucional dentro do<br />

cenário político europeu e o conseqüente desejo de fortalecimento levavam os monarcas a<br />

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