Heterogeneidade e Divisao em Discursos de Suicidas
Heterogeneidade e Divisao em Discursos de Suicidas
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Voltar<strong>em</strong>os a comentar sobre os efeitos <strong>de</strong> sentido da palavra suicídio <strong>em</strong> momento<br />
oportuno, ao realizarmos as análises. Antes, cabe observar que, não obstante muitos<br />
especialistas aprov<strong>em</strong> a divulgação cautelosa dos casos <strong>de</strong> suicídio, estes são geralmente<br />
reportados apenas <strong>em</strong> quatro hipóteses:<br />
• Qu<strong>em</strong> praticou o ato é uma figura pública ou uma celebrida<strong>de</strong>.<br />
• O suicídio foi precedido por um assassinato, quando uma pessoa<br />
mata a família, por ex<strong>em</strong>plo, e <strong>de</strong>pois tira a própria vida.<br />
• Atos terroristas, quando homens-bomba morr<strong>em</strong> junto com as<br />
vítimas do atentado (nesse caso, raramente a mídia usa o termo<br />
“suicídio”).<br />
• O suicídio provoca um probl<strong>em</strong>a coletivo (engarrafamento, por<br />
ex<strong>em</strong>plo) (FONTENELLE, 2008, p. 226).<br />
Tanto se evita dar publicida<strong>de</strong> aos casos <strong>de</strong> suicídio que as estatísticas, <strong>em</strong> geral, nos<br />
causam gran<strong>de</strong> espanto. Ficamos surpresos ao saber que, no ano 2000, quase meta<strong>de</strong> das<br />
mortes violentas <strong>em</strong> todo o mundo foi por suicídio, contra quase um terço <strong>de</strong> homicídios e<br />
aproximadamente um quinto resultante <strong>de</strong> guerras, <strong>de</strong> acordo com o Relatório Mundial sobre<br />
Violência e Saú<strong>de</strong> da OMS (KRUG, 2002).<br />
A Organização consi<strong>de</strong>ra o suicídio um probl<strong>em</strong>a sério <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Estima-se<br />
que um milhão <strong>de</strong> pessoas cometa suicídio todos os dias, havendo uma morte a cada 40<br />
segundos e um índice global <strong>de</strong> 16 mortes voluntárias a cada 100.000 pessoas. Essas<br />
estatísticas sequer inclu<strong>em</strong> as tentativas <strong>de</strong> suicídio, que são até 20 vezes mais frequentes do<br />
que o suicídio consumado. 4<br />
Nos últimos 45 anos, os índices <strong>de</strong> suicídio aumentaram <strong>em</strong> 60%. Os maiores fatores<br />
<strong>de</strong> risco são a tentativa anterior e, <strong>em</strong> segundo lugar, as doenças mentais, especialmente a<br />
<strong>de</strong>pressão e o alcoolismo.<br />
Estima-se que cerca <strong>de</strong> 90% das pessoas que tiraram a própria vida<br />
apresentavam algum tipo <strong>de</strong> transtorno mental nos últimos seis meses <strong>de</strong><br />
vida. Em 2002, a OMS realizou um estudo <strong>em</strong> diferentes regiões do mundo.<br />
De quase <strong>de</strong>zesseis mil suicídios, <strong>em</strong> apenas 3% não foi possível fazer um<br />
diagnóstico psiquiátrico. De maneira geral, no topo da lista, b<strong>em</strong> distante do<br />
resto, v<strong>em</strong> a <strong>de</strong>pressão. Nenhuma outra doença psíquica é tão presente no ato<br />
suicida (FONTENELLE, 2008, p. 53).<br />
O gráfico da OMS a seguir mostra o crescimento dos índices <strong>de</strong> suicídio por gênero no<br />
Brasil entre 1980 e 2005. A média nacional no último ano foi <strong>de</strong> 4,6 suicídios para cada<br />
100.000 habitantes e, <strong>em</strong> todos os anos, o índice foi maior entre os homens. 5<br />
4 Dados <strong>de</strong>: http://www.who.int/mental_health/prevention/en/in<strong>de</strong>x.html.<br />
5 Disponível <strong>em</strong>: http://www.who.int/mental_health/media/braz.pdf.<br />
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