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Heterogeneidade e Divisao em Discursos de Suicidas

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que fazer. Finalmente, as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto nos bilhetes autênticos eram mais<br />

negativas, apresentando sentimentos mais intensos <strong>de</strong> raiva, vingança, exigência e culpa.<br />

Atualmente, a linguística forense, preocupada com a aplicação dos conhecimentos<br />

linguísticos na resolução <strong>de</strong> questões relevantes <strong>em</strong> litígios e processos judiciais, t<strong>em</strong> dado<br />

atenção particular aos bilhetes <strong>de</strong> suicídio. Ocupa-se, <strong>em</strong> especial, da distinção entre textos<br />

autênticos e falsos, por seu potencial probatório <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> suicídio forjado.<br />

Segundo o linguista forense John Olsson (2004), um bilhete <strong>de</strong> suicídio terá<br />

credibilida<strong>de</strong> quando apresentar proposições absolutas, diretas e <strong>de</strong>finidas, <strong>em</strong>bora o contexto<br />

situacional n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre fique claro para um leitor casual. Frequent<strong>em</strong>ente, este terá que inferir<br />

algumas informações, pois elas não estão todas explicitadas. Além disso, o conteúdo <strong>de</strong>ve ser<br />

relevante para a relação do autor com o <strong>de</strong>stinatário do texto, e aquele <strong>de</strong>ve referir-se ao seu<br />

ato não apenas como a melhor saída, mas como a única. Os bilhetes forjados, por sua vez,<br />

tend<strong>em</strong> a ser mais <strong>de</strong>scritivos, informacionais e evasivos, <strong>em</strong>pregando um maior número <strong>de</strong><br />

termos impessoais, neutros ou “fracos”. Muitas vezes, eles traz<strong>em</strong> violações à máxima da<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Grice, pois explicitam informações já conhecidas pelo <strong>de</strong>stinatário ou<br />

irrelevantes para ele, mas importantes para uma terceira pessoa, como a polícia ou o juiz.<br />

No Brasil, são poucos os trabalhos linguístico-discursivos sobre o suicídio. É<br />

interessante mencionar um trabalho recente na área do discurso, a dissertação <strong>de</strong> Mônica<br />

Vasconcellos Cruvinel (2008), <strong>em</strong> que foram analisados os discursos <strong>de</strong> suicídio nas páginas<br />

do Orkut. Ela conclui que tanto os jovens que se suicidaram quanto aqueles que falam do<br />

suicídio baseiam os seus argumentos na m<strong>em</strong>ória discursiva, especialmente nos discursos<br />

religioso, médico, filosófico, romântico, moral, jurídico e psicológico.<br />

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