Hamlet à luz de Bakhtin: a carnavalização da tragédia - CCHLA ...
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1 – DOS CONCEITOS ARISTÓTELICOS AOS ALICERCES DO PROCESSO DE<br />
CARNAVALIZAÇÃO<br />
Nesse primeiro capítulo vamos nos aprofun<strong>da</strong>r nos conceitos sobre a <strong>tragédia</strong> para<br />
Aristóteles. Investigar história <strong>da</strong> <strong>carnavalização</strong> <strong>da</strong> literatura que resultou nos gêneros<br />
sério-cômicos.<br />
1.1 A <strong>tragédia</strong> aristotélica<br />
Reconhecido como um dos principais pensadores do mundo oci<strong>de</strong>ntal, o filósofo<br />
grego Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) <strong>de</strong>ixou um legado inestimável através <strong>de</strong> seus<br />
pensamentos e <strong>de</strong> suas teses sobre as artes, teatro, formas <strong>de</strong> governo, entre outros. Um dos<br />
seus trabalhos mais influentes que chegou até os nossos dias é a Arte Poética, escrita por<br />
volta <strong>de</strong> 300 a.C que, mesmo incompleta, ain<strong>da</strong> guia o pensamento e o caminho <strong>da</strong>s artes.<br />
No mencionado livro, Aristóteles discutiu gêneros teatrais, como a epopéia, a <strong>tragédia</strong> e a<br />
comédia.<br />
Segundo Aristóteles, <strong>da</strong> imitação vêm os gêneros. E ca<strong>da</strong> gênero tinha o seu objeto<br />
que lhe era característico. Ele chama <strong>de</strong> Mimesis que é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como imitação, ou<br />
representação <strong>da</strong> natureza através <strong>da</strong>s artes. Os seres humanos, diz Aristóteles, são seres<br />
com tendência imanente para a cópia, “A tendência para imitação é instintiva no homem,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância” (ARISTÓTELES, 2011, p. 30). Eles criam, se baseiam e refletem sobre a<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. No caso <strong>da</strong> linguagem teatral, a Mimesis tem uma função importante, que é a <strong>de</strong><br />
fazer com que o público reconheça e acredite no que está sendo representado pelos atores.<br />
Esse reconhecimento, por sua vez, é chamado verossimilhança.<br />
Dentro <strong>da</strong> linguagem teatral, Aristóteles entendia que havia dois gêneros<br />
organicamente separados um do outro: a <strong>tragédia</strong> e a comédia. Esses dois gêneros não têm<br />
origens claras. Há vestígios do surgimento <strong>da</strong> <strong>tragédia</strong> nas <strong>da</strong>nças e cantos ao <strong>de</strong>us grego<br />
Dionísio e também na poesia e na religião grega. Por exemplo, atribui-se aos sátiros, seres<br />
mitológicos, meio-bo<strong>de</strong> e meio-humano, as representações que <strong>de</strong>ram origem a <strong>tragédia</strong>.<br />
Já a comédia, por sua vez, segundo Aristóteles, teria sido origina<strong>da</strong> na Sicília. No<br />
livro, a História do Teatro, Margot Berthold (2000), <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a origem <strong>da</strong> comédia se<br />
<strong>de</strong>u em dois momentos, o primeiro com Aristófanes (447 a.C – 385 a.C ), e no segundo<br />
com Menandro (342 a.C – 291 a.C ) durante o período helenístico.<br />
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