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Hamlet à luz de Bakhtin: a carnavalização da tragédia - CCHLA ...

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Conclusão<br />

O mundo <strong>da</strong> <strong>tragédia</strong> e o <strong>da</strong> comédia para Aristóteles parecem dois mundos<br />

completamente separados um do outro on<strong>de</strong> não há ligação nem proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre elas.<br />

Pelo que vimos nessa monografia, através <strong>da</strong>s teorias sobre a <strong>carnavalização</strong> <strong>da</strong> literatura<br />

postulados por <strong>Bakhtin</strong>, esse conceito <strong>de</strong> gênero sem troca <strong>de</strong> elementos mútuos não se<br />

sustenta.<br />

A <strong>tragédia</strong> Shakespeariana não é “pura” e o termo “pura” aqui está sendo<br />

emprega<strong>da</strong> pela visão <strong>de</strong> Aristóteles <strong>de</strong> separação precisa entre os gêneros. Em suas peças,<br />

Shakespeare conseguiu unir conceitos presentes em “A Poética” com elementos <strong>da</strong><br />

<strong>carnavalização</strong>. Essa união é feita por Shakespeare torna o texto e mais complexo e rico o<br />

que favorece investigações mais profun<strong>da</strong>s.<br />

Como foi visto, Shakespeare utiliza na construção <strong>da</strong> peça <strong>Hamlet</strong> elementos que<br />

estão presentes na cultura carnavalesca como o bobo <strong>da</strong> corte e os palhaços. O herói <strong>de</strong><br />

Shakespeare é um herói trágico. Porém, esse herói contém em sua construção elementos<br />

que não são típicos do mo<strong>de</strong>lo clássico mas que são <strong>de</strong> essência carnavalesca como se po<strong>de</strong><br />

perceber, entre outros indícios, através <strong>da</strong> presença do herói- i<strong>de</strong>ológico, dos solilóquios,<br />

<strong>da</strong> alternância entre o uso do verso e <strong>da</strong> prosa no discurso <strong>da</strong> personagem.<br />

A peça <strong>Hamlet</strong>, muito possivelmente não seria tão rica e complexa, se não houvesse<br />

os elementos <strong>da</strong> <strong>carnavalização</strong>. A “negligência” <strong>de</strong> Shakespeare <strong>de</strong> seguir as teorias do<br />

pensador grego fez com que antigos conceitos sobre a <strong>tragédia</strong> fossem resignificados <strong>à</strong> <strong>luz</strong><br />

do Renascimento. Porém, a peça também não seria a importância se os elementos que<br />

Aristóteles um dia teorizou também não estivessem presentes nela. Shakespeare foi acima<br />

<strong>de</strong> qualquer coisa um mestre na arte <strong>de</strong> unir elementos que pareciam tão longes um do<br />

outro.<br />

É certo que nem todos os elementos <strong>da</strong> <strong>carnavalização</strong> em <strong>Hamlet</strong> pu<strong>de</strong>ram ser<br />

explorados nessa monografia, em parte, por sua limitação física. No entanto, esperamos<br />

que essa monografia seja apenas uma semente que foi planta<strong>da</strong> na Graduação para<br />

crescer na Pós-graduação, on<strong>de</strong> será possível estu<strong>da</strong>r e analisar com mais profundi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

esses elementos e teorias.<br />

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