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Hamlet à luz de Bakhtin: a carnavalização da tragédia - CCHLA ...

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Doravante, terei ódio sangrento,<br />

Ou na<strong>da</strong> valerá meu pensamento.<br />

[Ato 4, Cena 4]<br />

Esse solilóquio nos mostra um <strong>Hamlet</strong> diferenciado dos outros atos. Isso só é<br />

possível <strong>de</strong> conhecer quando somos apresentados ao eu-interno do personagem que só os<br />

solilóquios nos propiciam esse conhecimento <strong>da</strong> alma, se no primeiro solilóquio ele<br />

questionava os atos, as suas atitu<strong>de</strong>s e sua própria morte, aqui ele mu<strong>da</strong>, a morte não<br />

parece ser o caminho mais fácil. Ele virou um homem maduro, e consciente dos seus atos,<br />

sabe que será responsável por eles.<br />

Harold Bloom no livro <strong>Hamlet</strong> Poema Ilimitado (2004) chama atenção para outra<br />

função do solilóquio, em especial esse acima citado: ele vai mostrar que <strong>Hamlet</strong> evolui e<br />

que é outra pessoa. Para justificar seu pensamento ele diz que o amadurecimento <strong>de</strong><br />

<strong>Hamlet</strong> faz com que os solilóquios <strong>de</strong>saparecem. Os solilóquios terão, então, o papel <strong>de</strong><br />

marcador temporal <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou seja, mostra o crescimento interno <strong>da</strong> <strong>Hamlet</strong><br />

através <strong>de</strong> sua busca como herói pautado por sua i<strong>de</strong>ologia interna.<br />

3.3 Elementos Carnavalescos: os Clowns e o Bobo<br />

Nessa sessão analisaremos os clowns e o bobo <strong>da</strong> corte que aparecem na peça<br />

<strong>Hamlet</strong>. A idéia é <strong>de</strong>monstrar o embate entre os elementos cômicos e a <strong>tragédia</strong>, e como<br />

um contribui para o melhor o entendimento do outro.<br />

O Ato 5 é o ato on<strong>de</strong> estão presentes os elementos cômicos conflitando com<br />

elementos trágicos. Em uma <strong>tragédia</strong>, pela visão <strong>de</strong> Aristóteles esses dois gêneros não<br />

po<strong>de</strong>riam aparecer juntos. Em <strong>Hamlet</strong> esses gêneros aparecem o quase em todo o tempo <strong>de</strong><br />

forma casa<strong>da</strong>, mas é nesse ato que se encontra o ponto mais alto <strong>de</strong>ssa combinação.<br />

A “mistura” começa no fim do Ato 4, que é conhecido por alguns críticos como<br />

“Ato <strong>de</strong> Ofélia”, pois apresenta a loucura <strong>da</strong> personagem. O ato termina com a rainha<br />

Gertru<strong>de</strong>s falando sobre a morte <strong>da</strong> personagem <strong>de</strong> forma tão inocente e lírica que chega a<br />

soar como um conto <strong>de</strong> fa<strong>da</strong>s.<br />

3.3.1. Os clowns<br />

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