Hamlet à luz de Bakhtin: a carnavalização da tragédia - CCHLA ...
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qual a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> se encontra. Esse embate com o submundo tem a função <strong>de</strong> chocar o<br />
homem sábio.<br />
A liber<strong>da</strong><strong>de</strong> criativa que a Sátira Menipéia propicia criar um mundo aliado ao<br />
fantástico e suas histórias a elevação <strong>de</strong>sse mundo, e dos homens que vivem nele, a posições<br />
altamente filosóficas. Os homens são apresentados em sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, assim como sua vi<strong>da</strong> em<br />
uma totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, através <strong>de</strong> confrontos filosóficos.<br />
O herói-i<strong>de</strong>ológico, que busca a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforta com o que <strong>Bakhtin</strong> (1997)<br />
chama <strong>de</strong> “mal universal”. Os confrontos ocorrem em lugares comuns, o que sustenta a<br />
idéia <strong>de</strong> uma negação as len<strong>da</strong>s, e mitos. A mistura <strong>de</strong>sses elementos é uma <strong>da</strong>s principais<br />
características <strong>de</strong>sse subgênero.<br />
<strong>Bakhtin</strong> (1997, p.116-117) cita o surgimento <strong>da</strong>s temáticas diferentes <strong>da</strong> estética<br />
padrão dos gêneros sérios, como a dupla personali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e a loucura como pano <strong>de</strong> fundo<br />
com o propósito <strong>da</strong> experimentação <strong>da</strong> moral psicológica. Essa temática psicológica mostra<br />
um homem <strong>de</strong>ntro do homem, ou seja, mostra a personagem por outro olhar. A Sátira<br />
Menipéia também faz o homem conflitar consigo mesmo, entrar em disputa com seu eu<br />
interior.<br />
exemplo:<br />
Os comportamentos fora do padrão também fazem parte <strong>de</strong>sse gênero, por<br />
Comportamento excêntrico, discursos e <strong>de</strong>clarações inoportunas, ou seja, as<br />
diversas violações <strong>da</strong> marcha universalmente aceita e comum dos<br />
acontecimentos, <strong>da</strong>s normas comportamentais estabeleci<strong>da</strong>s e <strong>da</strong> etiquetas,<br />
incluindo-se também as violações <strong>de</strong> discurso. (BAKHTIN, 1997, p. 117)<br />
Esses comportamentos “excêntricos”, segundo <strong>Bakhtin</strong>, aparecem justamente nesse<br />
subgênero, não existindo antes nas epopéias, e <strong>tragédia</strong>s, por não fazerem parte do contexto<br />
que eles estavam inseridos.<br />
O subgênero abre espaço para uma <strong>da</strong>s características centrais <strong>da</strong> <strong>carnavalização</strong>, a<br />
diminuição, ou seja, o não-distanciamento entre os homens. Por exemplo, segundo <strong>Bakhtin</strong><br />
(1996) , o escravo vira Imperador enquanto o Imperador vira escravo, no inferno.<br />
A Sátira Menipéia faz a utilização <strong>de</strong> uma técnica que a marca profun<strong>da</strong>mente: a<br />
polifonia a mistura <strong>da</strong> prosa e do verso, on<strong>de</strong> os versos são apresentados com uma noção<br />
<strong>de</strong> paródia. São ain<strong>da</strong> misturados gêneros intercalados “novelas, as cartas, discursos<br />
oratórios, simpósios, etc. e pela fusão do discurso <strong>da</strong> prosa e do verso” (BAKHTIN, 1997,<br />
p. 118). A mistura <strong>de</strong>sses gêneros e dos suportes proporcionou uma evolução e uma<br />
multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> literária.<br />
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