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UMA BIOGRAFIA PORTUGUESA EM LEVANTADO DO CHÃO ...

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síntese do pensamento hegeliano, cuja argumentação filosófica previa a implementação de<br />

uma sociedade moral e racional estabelecida pela marcha da razão na história. 92<br />

As filosofias da história mostram com transparência toda a tensão interna à cultura<br />

ocidental. Elas são ambíguas: greco-modernas, pois são uma elaboração racionalprofana<br />

sobre a história; neojudeo-cristãs, pois dirigem-se ao futuro, prosseguem a<br />

espera metafísica da Redenção. As filosofias da história expõem a fratura da<br />

identidade ocidental: "Fé na Razão"! (REIS, 2003, p. 30)<br />

A abordagem da História ganhou rumos diferentes no século XIX. Emancipando-se da<br />

filosofia da história e seu método metafísico-racional, o conhecimento histórico aspirava à<br />

objetividade científica, pois, o fato, singular e irrepetível, pode ser dado a conhecer,<br />

dispensando a abstração. O positivismo no método historiográfico foi levado a considerar, a<br />

exemplo de Langlois e Seignobos, em fins do século XIX, que a História só pode ser realizada<br />

em sua concretude e imparcialidade a partir das fontes:<br />

A história faz-se com documentos. Os documentos são os vestígios deixados pelos<br />

pensamentos e atos dos homens de outrora. Entre esses pensamentos e atos<br />

humanos, poucos deixam vestígios visíveis, e esses traços, quando produzidos,<br />

raramente duram, sendo suficiente um acidente para apagá-los. Ora, qualquer<br />

pensamento ou ato que não deixou vestígios, diretos ou indiretos, ou cujos vestígios<br />

visíveis desapareceram, estão perdidos para a história, pois é como se nunca tivesse<br />

existido. Na falta de documentos, a história de imensos períodos do passado humano<br />

permanece irreconhecível. Nada substitui os documentos: sem documentos não há<br />

história. (LANGLOIS; SEIGNOBOS, 1898, p. 29, grifo nosso) 93<br />

O historiador-cientista assume o conhecimento histórico não como uma reconstrução, mas<br />

como reconstituição verdadeira. A ciência histórica assume-se como autoconsciência de si e<br />

da humanidade em marcha. Conhecendo os segredos da história e do seu sentido final, o<br />

historiador, segundo a Razão, tem a possibilidade de ser juiz e crítico das personagens e<br />

feitos. De posse de um fim já conhecido a priori, organiza a trama, surgindo uma explicação<br />

teleológica onde tudo é desencadeado e posto em movimento pelo fim. O historiador se<br />

92 Cf. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12 ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 80-81.<br />

93 No original: Lhistoire se fait avec des documents. Les documents sont les traces quont laissées les<br />

pensées et les actes des hommes dautrefois. Parmi lês pensées et les actes des hommes, il en est très peu qui<br />

laissent des traces visibles, et ces traces, lorsquil sen produit, sont rarement durables: il suffit dun accident<br />

pour les effacer. Or, toute pensée et tout acte qui na pas laissé de traces, directes ou indirectes, ou dont les traces<br />

visibles ont disparu, est perdu pour lhistoire: cest comme sil navait jamais existé. Faute de documents,<br />

lhistoire dimmenses périodes du passé de lhumanité est à jamais inconnaissable. Car rien ne supplée aux<br />

documents: pas de documents, pas dhistoire . (LANGLOIS; SEIGNOBOS, 1898, p. 29, grifo nosso)<br />

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