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UMA BIOGRAFIA PORTUGUESA EM LEVANTADO DO CHÃO ...

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No século XIX, constatou Linda Hutcheon, Literatura e História, consideradas ramos da<br />

mesma árvore do saber, foram gradualmente se distanciando. Segundo ela, grande parte da<br />

teoria e arte pós-moderna fundamenta-se nessa possibilidade de contestação da separação<br />

entre o literário e o histórico. No seu entender, a metaficção historiográfica revela pelo<br />

menos dois aspectos fundantes: o seu caráter metadiscursivo e a sua relação com a<br />

historiografia.<br />

Prosseguindo no mesmo argumento, Júlia Marina da Graça Schmidt 176 salienta que a função<br />

da metaficção historiográfica é problematizar o conhecimento da História no seu limite<br />

entre o fato e a narração deste fato. Com o termo metaficção historiográfica, Linda<br />

Hutcheon refere-se aos romances que ao mesmo tempo, são intensamente auto-reflexivos e<br />

mesmo assim, de maneira paradoxal, também se apropriam de acontecimentos e personagens<br />

históricos. 177<br />

49<br />

Seguindo este raciocínio, Linda Hutcheon (1988/1993) define o conceito de<br />

metaficção historiográfica, o qual se refere a obras de ficção pós-modernas que<br />

partem de um fato histórico para a sua ficcionalização e re-interpretação. Esta destotalização<br />

da História dá-se por meio de uma revisão da versão oficial do<br />

acontecimento histórico e a apresentação de outras possibilidades, outras<br />

interpretações. (PINTO et alii, 2006)<br />

A metaficção historiográfica visa a estabelecer uma análise da ficção como busca de<br />

representação do real, recusando a visão a qual apenas a história tem a pretensão da verdade.<br />

A reconstrução imaginativa é tanto o núcleo do repensar histórico quanto o do literário, pois o<br />

referente real, que de algum modo existiu, só pode ser acessível de forma textualizada. 178<br />

Dizer que a história [...] forma o epicentro das manifestações da atividade ficcional<br />

contemporânea 179 não significa dizer o mesmo que a ficção pós-moderna descria a história.<br />

Ao problematizar a história, a metaficção historiográfica não pretende considerar-se um<br />

movimento anistórico nem desistoricizado, antes quer contestar os princípios de nossa<br />

176<br />

Cf. SCHMIDT, Júlia Marina da Graça. Manual de pintura e caligrafia, História do cerco de Lisboa e O<br />

Evangelho segundo Jesus Cristo Uma leitura trilológica. In: Romansk Fórum. Oslo: ILOS, n. 17, 2003/1, p.<br />

51-58. Disponível em: < http://www.duo.uio.no/roman/Art/Rf17-03-1/04.Schmidt.pdf >. Acesso em: 29 jun.<br />

2008.<br />

177<br />

HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1991, p.<br />

20.<br />

178<br />

HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1991, p.<br />

126-127.<br />

179<br />

MARTIN apud HUTCHEON, 1991, p. 128.

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