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UMA BIOGRAFIA PORTUGUESA EM LEVANTADO DO CHÃO ...

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Diante da violência proporcionada pelo Iluminismo, as ciências sociais elaboraram um<br />

programa anti-iluminista da história. O projeto moderno foi reexaminado pela pós-<br />

modernidade e a convicção de que a Razão governa o mundo foi posta em dúvida. O<br />

eurocentrismo, a noção de progresso e a utopia racionalista são criticadas e posturas<br />

filosóficas de revisão dos próprios conceitos são retomadas no século XX.<br />

Contra a ambição da razão fenomenológica, redutora do objeto à percepção do sujeito, a<br />

filosofia estruturalista propôs uma nova atitude do eu perante a realidade. Os estruturalistas<br />

pretenderam inverter a direção em que andava o saber sobre o homem, decidindo destronar o<br />

sujeito (o eu, a consciência ou o espírito) e suas celebradas capacidades de liberdade,<br />

autodeterminação, autotranscendência e criatividade em favor de estruturas profundas e<br />

inconscientes, onipresentes e determinantes. 131<br />

A partir do estruturalismo, 132 Michel Foucault revisitou a história da cultura e das ideias, em<br />

particular as dos séculos XVII-XVIII, analisando neles a repressão e o medo ao não-racional.<br />

Esse século da Razão, conclui Michel Foucault, simplesmente teme a ameaça ao racional e<br />

sua possível caricatura, defendendo-se da loucura a partir do enclausuramento dos loucos. É<br />

justamente onde a Razão parece obscura que os pós-estruturalistas incidirão suas pesquisas. 133<br />

Na verdade, a partir da segunda metade do século XX, diversos romancistas e dramaturgos,<br />

profissionais das ciências sociais e naturais, poetas, filósofos e eruditos manifestaram intensa<br />

hostilidade em relação ao pensamento histórico e sua metodologia. A rejeição do humanismo<br />

foucaultiano, por exemplo, de um ser humano consciente de sua história, instaura-se como<br />

crítica à noção de historicidade. Ao afirmar que o homem não é, ele próprio, histórico, 134<br />

Michel Foucault apoia-se numa inexistência do sentido para História, ou melhor, ele se<br />

constitui sujeito da História apenas quando apoiado na história dos seres, das coisas e das<br />

palavras, pois ele não passa de uma invenção recente. 135 A sucessão descontínua de<br />

131 REALE Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo:<br />

Paulus, v. 3, 1991, p. 942.<br />

132 Eu não vejo quem possa ser mais anti-estruturalista do que eu (FOUCAULT, 1999, p. 5) Embora não se<br />

declare estruturalista, Michel Foucault orienta-se pelas pesquisas que visam à destruição da plenitude consciente<br />

do sujeito.<br />

133 REALE Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: do romantismo até nossos dias. São Paulo:<br />

Paulus, v. 3, 1991, p. 949.<br />

134 FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins<br />

Fontes, 2000, p. 511.<br />

135 FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins<br />

Fontes, 2000, p. xxi.<br />

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