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i2r Greve Geral: 12 Milhões param ik Governo investe ... - cpvsp.org.br

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Quinzena N 0 232 - 30/06/96 23 Nacional<<strong>br</strong> />

sem perder o senso crítico. Prímeiro-<<strong>br</strong> />

amigo intelectual do chefe da nação,<<strong>br</strong> />

Gianotti tem repetido que o importante<<strong>br</strong> />

é a tensão entre esquerda e direita, fruto<<strong>br</strong> />

da aliança PSDB-PFL, não se inclinar<<strong>br</strong> />

para o conservadorismo. A amizade tal-<<strong>br</strong> />

vez o impeça de enxergar as verdadei-<<strong>br</strong> />

ras oscilações desse pêndulo que não se<<strong>br</strong> />

envergonha de salvar o Banco Econô-<<strong>br</strong> />

mico para satisfazer ACM nem de a<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />

vaga de ministro por exigência de Paulo<<strong>br</strong> />

Maluf. Gianotti exige medidas mais con-<<strong>br</strong> />

sistentes no plano social, mas não hesita<<strong>br</strong> />

em colocar sua inteligência a serviço da<<strong>br</strong> />

"coisa pública".<<strong>br</strong> />

O historiador Marco Aurélio Garcia,<<strong>br</strong> />

54 anos, professor do Departamento de<<strong>br</strong> />

História Contemporânea da Unicamp e<<strong>br</strong> />

secretário de Relações Internacionais do<<strong>br</strong> />

Partido dos Trabalhadores, olha a<<strong>br</strong> />

revoada adesista de muitos de seus pares<<strong>br</strong> />

com desencanto. O poder, salienta, "exer-<<strong>br</strong> />

ce forte atração so<strong>br</strong>e intelectuais em<<strong>br</strong> />

geral", pois cria a idéia, nem sempre rea-<<strong>br</strong> />

lista, da passagem da teoria à prática.<<strong>br</strong> />

Garcia lem<strong>br</strong>a que a tradição de adesão<<strong>br</strong> />

da intelectualidade <strong>br</strong>asileira perde-se no<<strong>br</strong> />

tempo. "No Brasil, praticamente não exis-<<strong>br</strong> />

te o fenômeno de uma camada intelectu-<<strong>br</strong> />

al excluída do poder. Mas o que mais me<<strong>br</strong> />

preocupa no momento é a inação. Boa<<strong>br</strong> />

parte da intelectualidade, mesmo entre os<<strong>br</strong> />

que não se comprometeram com FHC,<<strong>br</strong> />

está pouco critica. Impera o pensamento<<strong>br</strong> />

único", desabafa. De esquerda ou de di-<<strong>br</strong> />

reita, os intelectuais resistem a duvidar<<strong>br</strong> />

de si mesmos.<<strong>br</strong> />

Sujar as mão ou não,<<strong>br</strong> />

eis a questão<<strong>br</strong> />

Com a imprensa "apática ou submis-<<strong>br</strong> />

sa" - salvo exceções como o persistente<<strong>br</strong> />

Carlos Heitor Cony e o debochado José<<strong>br</strong> />

Simão - e as universidades anestesiadas.<<strong>br</strong> />

Marco Aurélio teme pelo futuro. Sem<<strong>br</strong> />

contestar a necessidade de participação<<strong>br</strong> />

dos intelectuais em algum tipo de insti-<<strong>br</strong> />

tuição, logo, de poder, reconhece a con-<<strong>br</strong> />

tradição entre "sujar as mãos" - deixar o<<strong>br</strong> />

discurso e mergulhar na experiência - e<<strong>br</strong> />

permanecer critico. "FHC, como presi-<<strong>br</strong> />

dente da República, não pode ter a mes-<<strong>br</strong> />

ma autonomia que possuia enquanto so-<<strong>br</strong> />

ciólogo",justifica. Poucos se arrependem<<strong>br</strong> />

de trocar a liberdade de pensar pelo pra-<<strong>br</strong> />

zer de comandar.<<strong>br</strong> />

Na dança dos governos, alguns casos<<strong>br</strong> />

provocaram muito polêmica. Entre eles,<<strong>br</strong> />

a presença do ensaísta e diplomado Sér-<<strong>br</strong> />

gio Paulo Rouanet no cargo de secretá-<<strong>br</strong> />

rio da Cultura de Fernando Collor, bem<<strong>br</strong> />

como a de Celso Lafer, especialista em<<strong>br</strong> />

Direito Internacional, no Mnistério das<<strong>br</strong> />

Relações Exteriores. O próprio FHC<<strong>br</strong> />

quase foi seduzido por Collor e só não<<strong>br</strong> />

capitulou porque Mário Covas puxou-<<strong>br</strong> />

lhe as orelhas. Mas a transição que pro-<<strong>br</strong> />

vocou maior falatório foi a do ex-diri-<<strong>br</strong> />

gente petista Francisco Weffort ao gru-<<strong>br</strong> />

po de colaboradores diretos de Fernando<<strong>br</strong> />

Henrique. Weffort, escaldado, não quer<<strong>br</strong> />

falar do assunto. Marco Aurélio Garcia,<<strong>br</strong> />

ao contrário, jogou-se com tudo na are-<<strong>br</strong> />

na e encontrou atenuantes para Rouanet,<<strong>br</strong> />

"um homem sofisticado, sem tradição<<strong>br</strong> />

política, que sucumbiu à atração exercida<<strong>br</strong> />

pelo poder so<strong>br</strong>e a vaidade das pessoas",<<strong>br</strong> />

não perdoou Weffort, que esteve na co-<<strong>br</strong> />

ordenação do programa de governo de<<strong>br</strong> />

Lula e escreveu, durante a campanha elei-<<strong>br</strong> />

toral de 1994, violento artigo contra a<<strong>br</strong> />

aliança PSDB-PFL.<<strong>br</strong> />

Weffort continuou,<<strong>br</strong> />

sem fazer nada<<strong>br</strong> />

"Weffort atacou a união de Fernando<<strong>br</strong> />

Henrique com Antônio Carlos Magalhães<<strong>br</strong> />

num texto intitulado: "A Segunda Re-<<strong>br</strong> />

volução Democrática", publicado no li-<<strong>br</strong> />

vro "Treze Razões Para Votar em Lula",<<strong>br</strong> />

editado pelo PT. No dia 4 de outu<strong>br</strong>o de<<strong>br</strong> />

1994, utilizou o mesmo título na Folha<<strong>br</strong> />

de São Paulo para anunciar sua adesão a<<strong>br</strong> />

FHC", recorda Garcia. Indignado com a<<strong>br</strong> />

"traição", afirma que o mais grave con-<<strong>br</strong> />

siste em Weffort continuar no Ministé-<<strong>br</strong> />

rio da Cultura depois de dezoito meses<<strong>br</strong> />

"sem fazer nada" ou satisfazendo-se em<<strong>br</strong> />

"atrair financiamentos privados para o<<strong>br</strong> />

setor". Marco Aurélio vê em Francisco<<strong>br</strong> />

Weffort o protótipo do estrago que o fas-<<strong>br</strong> />

cínio pelo poder pode fazer no imaginá-<<strong>br</strong> />

rio de um intelectual. Questão de ângu-<<strong>br</strong> />

lo: Weffort acha que está patrocinando<<strong>br</strong> />

uma revolução cultural.<<strong>br</strong> />

Na era da diversidade, a posição de<<strong>br</strong> />

Marco Aurélio Garcia encontra vários<<strong>br</strong> />

tipos de relativização (ou de agravantes).<<strong>br</strong> />

O cientista político José Álvaro Moisés,<<strong>br</strong> />

50 anos, professor da USP e secretário<<strong>br</strong> />

nacional de Apoio à Cultura no ministé-<<strong>br</strong> />

rio de Francisco Weffort, assegura ter<<strong>br</strong> />

uma visão positiva do interesse dos inte-<<strong>br</strong> />

lectuais pelo poder. Segundo ele, também<<strong>br</strong> />

petista em revoada, "o compromisso com<<strong>br</strong> />

a transformação da sociedade e com o<<strong>br</strong> />

combate às desigualdades inaceitáveis"<<strong>br</strong> />

implica sair da cômoda postura contem-<<strong>br</strong> />

plativa e correr os nscos da atuação. "O<<strong>br</strong> />

fascínio pelo poder explica-se pela pos-<<strong>br</strong> />

sibilidade de ultrapassar o domiruo limi-<<strong>br</strong> />

tado das teses acadêmicas e ir á prática",<<strong>br</strong> />

analisa.<<strong>br</strong> />

José Álvaro entende que criticar, in-<<strong>br</strong> />

terpretar e mudar se caizam, exigindo a<<strong>br</strong> />

"utilização das estruturas do poder para<<strong>br</strong> />

concretizar projetos legítimos". Também<<strong>br</strong> />

interessado nas paradigmáticas adesões<<strong>br</strong> />

de Rouanet e Weffort, Moisés relem<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

com satisfação o fato de ter dito a Bár-<<strong>br</strong> />

bara Freitag, esposa de Sérgio Paulo<<strong>br</strong> />

Rouanet, que se o diplomata considera-<<strong>br</strong> />

va possível fazer algo pela cultura acei-<<strong>br</strong> />

tando o convite de Collor, não devena<<strong>br</strong> />

vacilar. Direto, Moisés defende FHC dos<<strong>br</strong> />

que o repudiam por ter-se aliado aos con-<<strong>br</strong> />

servadores e apresenta três razões para,<<strong>br</strong> />

enquanto intelectual, permanecer no pos-<<strong>br</strong> />

to que ocupa: "O Ministério da Cultura<<strong>br</strong> />

criou condições para democratizar o aces-<<strong>br</strong> />

so da população aos bens culturais, des-<<strong>br</strong> />

centralizou recursos e mobilizou novos<<strong>br</strong> />

investidores e parceiros".<<strong>br</strong> />

Entusiasmado com o apoio de FHC<<strong>br</strong> />

aos programas da Cultura, José Álvaro<<strong>br</strong> />

Moisés destaca a distribuição, em 1995,<<strong>br</strong> />

de 72% dos recursos do Mnistério (de<<strong>br</strong> />

um total de 86 milhões de reais), para as<<strong>br</strong> />

regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.<<strong>br</strong> />

Os investimentos privados passaram de<<strong>br</strong> />

15 milhões de reais, em 1994, a 56 mi-<<strong>br</strong> />

lhões de reais, em 1996. Elementos que<<strong>br</strong> />

levam o intelectual a engajar-se na sus-<<strong>br</strong> />

tentação a FHC, a contestar os que o ro-<<strong>br</strong> />

tulam de neoliberal, a valorizar a estra-<<strong>br</strong> />

tégia econômica, a legitimar as medidas<<strong>br</strong> />

adotadas para "salvar" o sistema finan-<<strong>br</strong> />

ceiro da bancarrota e a mostrar-se favo-<<strong>br</strong> />

rável às reformas administrativa e da<<strong>br</strong> />

Previdência. "Estou vivendo a realidade<<strong>br</strong> />

do serviço público; a estabilidade defen-<<strong>br</strong> />

de o emprego, mas também o corporati-<<strong>br</strong> />

vismo", exemplifica. Depois disso, vári-<<strong>br</strong> />

os adversários políticos de Moisés certa-<<strong>br</strong> />

mente obterão para ele uma cadeira cati-<<strong>br</strong> />

va no panteão dos hereges. Sem dar bola,<<strong>br</strong> />

o professor entende que FHC pode e deve<<strong>br</strong> />

fazer mais na área social. Aos intelectu-<<strong>br</strong> />

ais, em contrapartida, cabena encontrar<<strong>br</strong> />

coragem para escapar das "criticas ocas".<<strong>br</strong> />

Alheio ao oposicionismo fervoroso de<<strong>br</strong> />

Marco Aurélio Garcia e ao adesismo<<strong>br</strong> />

apaixonado de José Álvaro Moisés, Le-<<strong>br</strong> />

ôncio Martins Rodrigues, 61 anos, pro-<<strong>br</strong> />

fessor titular de Ciência Política na Uni-<<strong>br</strong> />

camp, acha que o "poder fascina quem<<strong>br</strong> />

"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"

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