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i2r Greve Geral: 12 Milhões param ik Governo investe ... - cpvsp.org.br

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Quinzena N 0 232 - 30/06/96 30 Internacional<<strong>br</strong> />

Documento -Junho/1996<<strong>br</strong> />

El Senor Presidente<<strong>br</strong> />

Fim de século: cambalacho<<strong>br</strong> />

Quando a loucura toma conta do cotidiano, quando a loucura não é exceção mas<<strong>br</strong> />

regra, é necessário evocar Raul Seixas, o Maluco Beleza, quando canta:<<strong>br</strong> />

"Controlando a minha maluquei,<<strong>br</strong> />

misturada com a minha lucidez, vou fi-<<strong>br</strong> />

car, ficar com certeza maluco beleza ".<<strong>br</strong> />

Os processos de transição democrá-<<strong>br</strong> />

tica na América Latina contemporânea,<<strong>br</strong> />

têm nos presenteado com - no mínimo -<<strong>br</strong> />

cunosas reificações de canções que acre-<<strong>br</strong> />

ditou-se esquecidas em algum porão<<strong>br</strong> />

abandonado de nostalgia e saudade.<<strong>br</strong> />

O Tango Cambalacho, que retrata<<strong>br</strong> />

com a clareza da visão popular a inver-<<strong>br</strong> />

são de valores nos século XX, identifi-<<strong>br</strong> />

cado como um "século problemático e<<strong>br</strong> />

fe<strong>br</strong>il" em que "tanto vale um burro<<strong>br</strong> />

como um grande professor", "tanto vale<<strong>br</strong> />

ser direito como avesso", fornece cha-<<strong>br</strong> />

ves interpretativas que nenhum livro de<<strong>br</strong> />

sociologia poderá fornecer. Mesmo se o<<strong>br</strong> />

seu autor pedir para o esquecer.<<strong>br</strong> />

E difícil esquecer, e nem sempre pos-<<strong>br</strong> />

sível. Isso sabemos. Mas, quando esque-<<strong>br</strong> />

cer é ser cúmplice com o que não se quer<<strong>br</strong> />

NUNCA MAIS, é um dever lem<strong>br</strong>ar. O<<strong>br</strong> />

travestismo intelectual e político devia ser<<strong>br</strong> />

punido nas nossas frágeis democracias<<strong>br</strong> />

latino americanas. Por que suportar em<<strong>br</strong> />

silâicio, alguém que, despudoradamaite,<<strong>br</strong> />

diz na sua cara: enganei um bobo, na cas-<<strong>br</strong> />

ca do ovo.<<strong>br</strong> />

Quando um intelectual pede a um<<strong>br</strong> />

povo que os donos do poder querem<<strong>br</strong> />

desmemonado, que esqueça, deve saber<<strong>br</strong> />

que faz um pedido difícil de ser atendi-<<strong>br</strong> />

do. So<strong>br</strong>etudo por aqueles que, talvez por<<strong>br</strong> />

um erro de apreciação, alguma vez o<<strong>br</strong> />

misturaram com intelectuais da estirpe<<strong>br</strong> />

de um Octávio lanni, um Chico de Oli-<<strong>br</strong> />

veira, aqueles intelectuais que foram e<<strong>br</strong> />

são um exemplo de virtude que Max<<strong>br</strong> />

Weber tanto apreciava quanto praticou<<strong>br</strong> />

até o fim dos seus dias: a integridade.<<strong>br</strong> />

A capacidade de ser leal a si mesmo.<<strong>br</strong> />

As transições democráticas tem pre-<<strong>br</strong> />

senteado os eleitores com surpresas do<<strong>br</strong> />

tipo: votar um presidente "socializante"<<strong>br</strong> />

e desco<strong>br</strong>ir, na verdade que elegeu um<<strong>br</strong> />

presidente privatizante.<<strong>br</strong> />

Presidentes que pedem que se esque-<<strong>br</strong> />

Rolando Latartc*<<strong>br</strong> />

ça o passado que, astutamente, manipu-<<strong>br</strong> />

laram para serem eleitos. Para chegarem<<strong>br</strong> />

aos corredores do poder. "Me esqueça",<<strong>br</strong> />

cinicamente dizem aos imbecis que acre-<<strong>br</strong> />

ditaram nas suas maitiras. Imbecis que<<strong>br</strong> />

taidem a não acordar, nem com os tapas<<strong>br</strong> />

descarados do camaleônico enganador<<strong>br</strong> />

que invade todos os dias as telas da TV.<<strong>br</strong> />

Obviamente, estamos nos referindo<<strong>br</strong> />

a Carlos Saúl Menem, presidente da Ar-<<strong>br</strong> />

gentina.. Um peronista que prometeu<<strong>br</strong> />

uma "revolução produtiva" que iria ge-<<strong>br</strong> />

rar empregos a mil por hora, e inicia<<strong>br</strong> />

seu segundo mandato presidencial com<<strong>br</strong> />

a taxa de desemprego superior a 20%<<strong>br</strong> />

da população economicamente ativa,<<strong>br</strong> />

um pais (Argentina) entregue aos capi-<<strong>br</strong> />

tais privados que abocanharam o capi-<<strong>br</strong> />

tal social (as estatais do petróleo, avi-<<strong>br</strong> />

ões, telefones) constando com o san-<<strong>br</strong> />

gue- mesmo - suor e lágrimas de gera-<<strong>br</strong> />

ções inteiras.<<strong>br</strong> />

Carlos Saúl Menem, um provincia-<<strong>br</strong> />

no de uma das mais po<strong>br</strong>es províncias<<strong>br</strong> />

argentina, La Rioja. Um perseguido pela<<strong>br</strong> />

ditadura de Videla & Cia (1976-83), uma<<strong>br</strong> />

ditadura que arrancou a vida de 30.000<<strong>br</strong> />

argentinos em nome da civilização oci-<<strong>br</strong> />

dental e cristã, supostamente represen-<<strong>br</strong> />

tadas pela fúria homicida com que os<<strong>br</strong> />

militares - com as bênçãos da Igreja -<<strong>br</strong> />

desencadearam contra a população civil<<strong>br</strong> />

desarmada, supostamente para defender<<strong>br</strong> />

essa população da subversão e do terror.<<strong>br</strong> />

Terror e subversão que ninguém exe-<<strong>br</strong> />

cutou melhor do que os mariscais do<<strong>br</strong> />

medo, os anjos do Inferno que assola-<<strong>br</strong> />

ram a Argentina há apenas 20 anos atrás,<<strong>br</strong> />

assaltando a vida pública e privada com<<strong>br</strong> />

ousadia nunca antes vista.<<strong>br</strong> />

Carlos Saúl Menem, um peronista<<strong>br</strong> />

preso por essa ditadura, anistia todos os<<strong>br</strong> />

militares culpados do genocídio e outros<<strong>br</strong> />

delitos contra os direitos humanos, que<<strong>br</strong> />

foram condenados por tribunais civis<<strong>br</strong> />

durante o governo de Alfonsin.<<strong>br</strong> />

O presidente perdoa todos os milita-<<strong>br</strong> />

res que mataram, seqüestraram, tortura-<<strong>br</strong> />

ram, enriqueceram ilicitamente, duran-<<strong>br</strong> />

te o regime de facto de Videla &<<strong>br</strong> />

Algozes. Oferece dinheiro aos parentes<<strong>br</strong> />

de desaparecidos.<<strong>br</strong> />

Qualquer semelhança e/ou coincidên-<<strong>br</strong> />

cia são resultado do mero acaso.<<strong>br</strong> />

Se em qualquer outra parte da Amé-<<strong>br</strong> />

rica Latina, um oportunista e vendido<<strong>br</strong> />

qualquer, presidente de qualquer coisa,<<strong>br</strong> />

sorrir asquerosamente na sua cara para<<strong>br</strong> />

lhe dizer: "você está comendo melhor<<strong>br</strong> />

com seu salário de 1 <strong>12</strong> dólares", não se<<strong>br</strong> />

assuste demasiado. Pode ser um reflexo<<strong>br</strong> />

do seu próprio rosto na tela da TV Sor-<<strong>br</strong> />

ria, o Porco está triste por ter roubado<<strong>br</strong> />

seu dinheiro.<<strong>br</strong> />

E se em algum outro país da Améri-<<strong>br</strong> />

ca Latina, povoado de analfabetos e dou-<<strong>br</strong> />

tores, um doutor aparecer na tela da sua<<strong>br</strong> />

TV, ou no seu ouvido, ou no seu bolso,<<strong>br</strong> />

pedindo para você esquecê-lo, talvez<<strong>br</strong> />

você, como eu, se sinta tentado a cantar:<<strong>br</strong> />

"Tu és aquele difícil de esquecer." - )<<strong>br</strong> />

* Sociólogo. Professor do Departamento de<<strong>br</strong> />

Ciências Sociais da Universidade Federal<<strong>br</strong> />

da Paraíba. Mem<strong>br</strong>o do Setor de Estudos e<<strong>br</strong> />

Assessoria a Movimentos Populares-<<strong>br</strong> />

SEAMPO e da Associação Internacional de<<strong>br</strong> />

Sociologia (ISA/AIS). Autor do livro Max<<strong>br</strong> />

Weber: Ciência e valores, publicado em<<strong>br</strong> />

1996pela Editora Cortei na coleção "Ques-<<strong>br</strong> />

tões da Nossa Época".<<strong>br</strong> />

A VENDA NO CPV<<strong>br</strong> />

SÉRGIO S SILVA<<strong>br</strong> />

o movimento do capital no campo<<strong>br</strong> />

£7'- '^H.-flk^* T* 'i<<strong>br</strong> />

S» ■. ' . ' ' i.idjiilllfw* A ' a*.<<strong>br</strong> />

i?$ <strong>12</strong>,00<<strong>br</strong> />

'A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"

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