Judite Wenzel.pdf - Unijuí
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RESUMO<br />
O presente trabalho insere-se nas discussões, no âmbito educacional, quanto à<br />
problemática da formação inicial docente, especificamente, da formação inicial de<br />
professores de Química. A discussão traz o aprender a fazer pesquisa como uma<br />
possibilidade para a superação do modelo de formação docente calcado na racionalidade<br />
técnica. Parte-se do pressuposto de que para a melhoria da formação inicial docente é<br />
necessário uma (re)construção histórica e cultural das concepções com base nas quais são<br />
organizados os currículos e as práticas formativas, criando novos espaços interativos<br />
pautados na inovação quanto a modelos de formação que ampliem a visão do ser professor<br />
e do ensinar química. Nessa perspectiva, o referencial teórico tem como base, além do<br />
apoio teórico da literatura que trata da pesquisa educacional do professor em formação, a<br />
perspectiva histórico-cultural, cujo precursor é o psicólogo russo L. S. Vigotski, cujo princípio<br />
central consiste na visão de que o desenvolvimento do individuo é resultado de um processo<br />
mediado histórica e culturalmente, nas interações sociais, enfatizando o papel da linguagem<br />
e da aprendizagem no desenvolvimento humano. Conta-se com apoio teórico de autores<br />
que defendem o educar pela pesquisa na formação do professor, como Demo, Lüdke,<br />
André, Maldaner, Galiazzi, Moraes, Ramos, Schnetzler, entre outros. São analisados<br />
espaços curriculares que, ao longo da formação docente inicial, propiciam o aprender a<br />
fazer pesquisa. A hipótese de investigação acredita na importância da inserção destes<br />
espaços, e vê a participação do licenciando em cada etapa do fazer pesquisa como<br />
participante na sua constituição como um professor que se torne pesquisador de sua<br />
prática. Para isso foram realizadas análises documentais do Projeto do Curso de Química<br />
Licenciatura, das Ementas Curriculares, dos Planos de Ensino dos Componentes<br />
Curriculares acompanhados. Foram aplicados questionários e realizadas entrevistas semiestruturadas,<br />
gravadas em áudio e posteriormente degravadas, com licenciandos que<br />
vivenciaram na sua formação inicial processos do aprender a fazer pesquisa. Também<br />
foram analisados alguns relatórios finais de pesquisa elaborados pelos mesmos, com o<br />
objetivo de qualificar a pesquisa por eles vivenciada. Os relatórios analisados constituem-se<br />
no primeiro ensaio de pesquisa, na primeira prática do fazer pesquisa vivenciada pelos<br />
licenciandos, em sua formação. Com o objetivo de verificar a prática do aprender a fazer<br />
pesquisa em sala de aula foram acompanhadas aulas, com registros em caderno de campo,<br />
para posterior análise. Inicialmente discute-se com o referencial teórico as limitações do<br />
modelo de formação baseado na racionalidade técnica, que acredita ser o professor um<br />
transmissor de verdades prontas, desconsiderando a complexidade da prática escolar,<br />
partindo dessa problemática defende-se a inserção de espaços do fazer pesquisa como<br />
propiciadores de um outro caminho de formação. Discute-se diferentes concepções de<br />
professor pesquisador, bem como, de entendimentos sobre o que é pesquisa e sobre os<br />
diferentes níveis de pesquisa, numa visão que supera entendimentos simplistas de tais<br />
práticas. Os resultados denotam uma multiplicidade de fatores envolvidos na prática do<br />
ensinar e aprender a fazer pesquisa no âmbito da formação inicial, evidenciando a<br />
importância da significação da linguagem específica, de instrumentos culturais, como a<br />
linguagem (pela fala ou pela escrita) e a leitura, necessários de ser significados no fazer<br />
pesquisa. Essa significação ocorre mediante necessárias mediações do professor<br />
orientador, que já é um pesquisador. São apontados e discutidos, também, limites e<br />
potencialidades da prática no contexto acompanhado.<br />
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