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contribuições da epistemologia histórica de bachelard no estudo da ...

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Confabular acerca dos pressupostos epistemológicos e/ou sócio-econômicos que <strong>no</strong>rtearam os<br />

<strong>estudo</strong>s <strong>de</strong> Newton – influenciando, para alguns historiadores, a elaboração <strong>de</strong> sua obra “Principia<br />

Mathematica Philosophiae Naturalis” (1687) – alavanca inúmeras pesquisas, que na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50 acabaram<br />

por “reconstruir um <strong>no</strong>vo Newton”. Logo, “uma apreciação justa do caso Newton exige sem dúvi<strong>da</strong> que revisemos a<br />

idéia que fazemos <strong>de</strong> ciência. Esta, com efeito, é uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> muito mais rica e muito mais ambígua do que po<strong>de</strong>ríamos<br />

crer a partir do que <strong>no</strong>s é contado” (Thuillier, 1994).<br />

Galileu Galilei também é um personagem polêmico na história <strong>da</strong> física, uma vez que se<br />

<strong>de</strong><strong>no</strong>tam inúmeras interpretações a sua forma <strong>de</strong> investigação. Em seu artigo “Galileu: um cientista e várias<br />

versões”, Zylbersztajn (1998) explora quatro <strong>de</strong>ssas imagens: “o empirista”, “o her<strong>de</strong>iro <strong>da</strong> física medieval”, “o<br />

platonista” e “o manipulador <strong>de</strong> idéias”. Pierre Thuillier (1994) também acrescenta a esse assunto um<br />

conjunto <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos que potencializam as controvérsias entre diferentes teses filosóficas.<br />

A perspectiva empirista associa<strong>da</strong> a Galileu tem sua raiz na tradição empírico-indutivista, “A<br />

imagem empirista <strong>de</strong> Galileu é reforça<strong>da</strong> <strong>no</strong>s textos didáticos estabelecendo-se uma contraposição entre Aristóteles,<br />

retratado como um filósofo especulativo pouco preocupado em observar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e Galileu, apresentado como o protótipo<br />

do cientista que fun<strong>da</strong>menta suas teorias em <strong>da</strong>dos empíricos” (Zylbersztajn, 1988).<br />

Stillman Drake (Drake, 1981) explora a idéia <strong>de</strong> um Galileu empirista, <strong>de</strong>scartando outras<br />

imagens que colocam em segundo pla<strong>no</strong> as medi<strong>da</strong>s nas formulações galileanas:<br />

"(...) a fonte <strong>da</strong>s <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Galileu sobre o movimento foi a medi<strong>da</strong> cui<strong>da</strong>dosa. Tirou as<br />

indicações <strong>da</strong> astro<strong>no</strong>mia, não <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s abstratas e <strong>de</strong> físicos medievais, ou <strong>de</strong> princípios do<br />

aristotelismo <strong>de</strong> Pádua, ou dos <strong>de</strong>bates renascentistas sobre a origem e a natureza <strong>da</strong> certeza<br />

matemática, nem <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> física, mas na relação entre as duas. Os seus problemas <strong>no</strong> <strong>estudo</strong> do<br />

movimento, <strong>de</strong> 1602 a 1608, eram semânticos e matemáticos; as filosofias anteriores não<br />

lançavam qualquer luz nas suas soluções.”<br />

Em contraparti<strong>da</strong>, simbolizar Galileu como o her<strong>de</strong>iro <strong>da</strong> física medieval fragiliza a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong><br />

uma ciência que evolui por <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s, por estar alicerça<strong>da</strong> na idéia <strong>de</strong> precursor, obscurecendo a<br />

natureza <strong>da</strong> construção do conhecimento científico. Ao se conceber a ciência como uma justaposição<br />

<strong>de</strong> conhecimentos, afasta-se do cenário em que as idéias nascem e se <strong>de</strong>senvolvem. Como afirma<br />

Zylbersztajn “constitui <strong>de</strong>certo um exagero afirmar-se, como o fez Duhem, que as idéias que Galileu formulou com<br />

relação ao princípio <strong>da</strong> inércia tenham sido antecipa<strong>da</strong>s pelos teóricos parisienses do “impetus”.”<br />

Galileu também é visto sob uma perspectiva platonista, por colocar a física matemática em um<br />

lugar privilegiado em seus <strong>estudo</strong>s. Alexandre Koyré (Koyré, 1986) enfatiza o pouco valor <strong>da</strong> experiência<br />

frente às convicções teóricas <strong>no</strong> trabalho científico <strong>de</strong> Galileu.<br />

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