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contribuições da epistemologia histórica de bachelard no estudo da ...

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Como sublinha Lopes (1993, p. 325):<br />

“Não é possível se adquirir <strong>no</strong>va cultura por incorporação <strong>da</strong> mesma aos traços remanescentes. Os<br />

hábitos intelectuais incrustados <strong>no</strong> conhecimento não questionado invariavelmente bloqueiam o<br />

processo <strong>de</strong> construção do <strong>no</strong>vo conhecimento, caracterizando-se portanto, segundo Bachelard, como<br />

´obstáculos epistemológicos`.”<br />

Para Bachelard, assim como a ciência, o aprendizado também <strong>de</strong>ve ser iniciado por uma ´catarse<br />

intelectual e afetiva`. Muitas vezes, o educando ao se <strong>de</strong>parar com uma <strong>no</strong>va ´racionali<strong>da</strong><strong>de</strong>` (termo usado<br />

por Bachelard), que é a dos livros ou manuais didáticos, cuja linguagem é única do meio científico, não<br />

vê razão para apreensão <strong>de</strong>ste saber. Em parte, isto se <strong>de</strong>ve porque sua cultura está impregna<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

conhecimentos do senso comum, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significância, por isso <strong>de</strong> difícil <strong>de</strong>sprendimento.<br />

A ruptura, ´mu<strong>da</strong>nça conceitual`, é necessária. Sem ela o ato <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r não se efetiva. Embora os<br />

objetivos <strong>de</strong>sta pesquisa não estejam dirigidos às concepções alternativas (Zylbersztajn, 1983; Carvalho,<br />

1992), elas têm sido alvo <strong>de</strong> inúmeras investigações e análises, inclusive à luz <strong>de</strong> conceitos <strong>da</strong> filosofia<br />

<strong>de</strong> Bachelard (Mortimer,2000). Análogo aos obstáculos epistemológicos <strong>de</strong>ntro do patamar científico,<br />

que sufocam e retar<strong>da</strong>m a evolução <strong>da</strong> pesquisa científica, as concepções alternativas balizam o<br />

aprendizado.<br />

3.3 - Rupturas e <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s na evolução do pensamento científico<br />

No que tange a construção e <strong>de</strong>senvolvimento do pensar científico, Bachelard <strong>de</strong>staca o caráter<br />

<strong>de</strong>scontinuísta <strong>da</strong> razão, sendo o precursor <strong>de</strong>ssa idéia ao refletir a evolução <strong>da</strong> ciência em termos <strong>de</strong><br />

rupturas, em oposição a <strong>no</strong>ção cumulativa do conhecimento. A tese que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um crescimento<br />

gradual dos conhecimentos, que <strong>de</strong> forma enca<strong>de</strong>a<strong>da</strong> liga teorias, conceitos e idéias não é característica<br />

presente na ciência.<br />

Desta forma, para Bachelard (1999, p.20):<br />

“(...) as crises <strong>de</strong> crescimento do pensamento implicam uma reorganização total do sistema <strong>de</strong><br />

saber. A cabeça bem feita precisa então ser refeita. Ela mu<strong>da</strong> <strong>de</strong> espécie. Opõe-se a espécie<br />

anterior por uma função <strong>de</strong>cisiva. Pelas revoluções espirituais que a invenção científica exige, o<br />

homem torna-se uma espécie mutante, ou melhor dizendo, uma espécie que tem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mu<strong>da</strong>r, que sofre se não mu<strong>da</strong>r. (...) Se consi<strong>de</strong>rarmos, por exemplo, a modificação psiquica que se<br />

verifica com a compreensão <strong>de</strong> doutrinas como a <strong>da</strong> Relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou como a <strong>da</strong> Mecânica<br />

Ondulatória, talvez não achemos tais expressões exagera<strong>da</strong>s...”<br />

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