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contribuições da epistemologia histórica de bachelard no estudo da ...

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<strong>de</strong>senvolvido por Oersted, foi dificultado por uma série <strong>de</strong> idéias pré-concebi<strong>da</strong>s existentes: as<br />

próprias proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> simetria do fenôme<strong>no</strong> eram extremamente revolucionárias, <strong>no</strong> contexto <strong>da</strong><br />

época,...” Pois “na época era natural estabelecer-se uma analogia entre pólos <strong>no</strong>rte e sul <strong>de</strong> um<br />

imã e cargas elétricas positivas e negativas...” (Martins, 1987)<br />

Essas conjecturas sobre o trabalho <strong>de</strong> Oersted se <strong>de</strong>vem porque “além dos motivos científicos <strong>da</strong><br />

época, Oersted tinha motivos filosóficos para acreditar na uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s forças naturais. Essa concepção metafísica levou<br />

Oersted à idéia <strong>de</strong> uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> íntima entre eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, calor, magnetismo e luz, muito antes <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>scoberta<br />

experimental <strong>no</strong>va...” (Martins, 1987)<br />

Conclui-se então que não parece correto consi<strong>de</strong>rar este momento histórico como uma<br />

casuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois Oersted estava inserido em discussões sobre a possível ligação entre Eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

Magnetismo, subsidia<strong>da</strong>s por um princípio filosófico. “Durante as férias <strong>de</strong> verão, com a aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> alguns<br />

amigos, Oersted fez um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variações <strong>da</strong> experiência, utilizando baterias voltaicas mais potentes. Em julho<br />

<strong>de</strong> 1820 sentiu-se suficientemente seguro para divulgar sua <strong>de</strong>scoberta” (Martins, 1987). Portanto, a <strong>de</strong>scoberta não<br />

ultrapassou o universo <strong>de</strong> expectativas, como ressalta Bassalo, ao contrário, a experiência só veio<br />

corroborar uma construção <strong>de</strong> idéias previamente elabora<strong>da</strong>s.<br />

Discussões como essa em uma disciplina <strong>de</strong> evolução dos conceitos <strong>da</strong> física, envolvendo<br />

pontos polêmicos que usualmente passam <strong>de</strong>spercebidos quando estu<strong>da</strong>dos, estimulam o futuro<br />

professor e o futuro pesquisador a questionar-se sobre a pertinência <strong>da</strong>s informações recebi<strong>da</strong>s, e a li<strong>da</strong>r<br />

com diferentes interpretações <strong>de</strong> um fenôme<strong>no</strong>.<br />

A análise <strong>de</strong> distintos posicionamentos em relação ao que po<strong>de</strong> ou não ser consi<strong>de</strong>rado uma<br />

teoria científica, mostra a esterili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> discussões não fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s filosoficamente.<br />

Assim, segundo A. Koyré (1982), “a física <strong>de</strong> Aristóteles não é um amontoado <strong>de</strong> incoerências mas, pelo<br />

contrário, é uma teoria científica, altamente elabora<strong>da</strong> e perfeitamente coerente, que não só possui uma base filosófica muito<br />

profun<strong>da</strong> como está <strong>de</strong> acordo muito mais do que a <strong>de</strong> Galileu com o senso comum e a experiência cotidiana.”<br />

Para Pierre Lucie (1978), “a física aristotélica não é ciência. Embora partindo <strong>de</strong> uma doutrina que po<strong>de</strong> ou<br />

não parecer razoável (este não é o ponto), ela é incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir objetivamente, rigorosamente, conseqüências verificáveis<br />

pela experiência. É ain<strong>da</strong> me<strong>no</strong>s capaz <strong>de</strong> prever fenôme<strong>no</strong>s ain<strong>da</strong> não observados, sendo, conseqüentemente, estéril”.<br />

Talvez, o conceito <strong>de</strong> história recorrente <strong>de</strong> Bachelard (1999; 1975) possa ser aplicado a essa<br />

situação, <strong>de</strong>stacando, ao mesmo tempo, a importância <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar um conhecimento antigo <strong>de</strong>ntro<br />

do quadro teórico vigente à época, sem per<strong>de</strong>r a crítica ao mesmo, com base na ciência contemporânea,<br />

que <strong>de</strong>man<strong>da</strong> a sua superação.<br />

A história e a filosofia <strong>da</strong> ciência evi<strong>de</strong>nciam que a imagem <strong>de</strong> uma ciência encerra<strong>da</strong> em uma<br />

racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> estrita, alheia a filosofia, emoções, poesia, religião, quimeras, é produto <strong>de</strong> uma fábula mal<br />

conta<strong>da</strong>.<br />

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