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contribuições da epistemologia histórica de bachelard no estudo da ...

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CAPÍTULO 3 – A FILOSOFIA HISTÓRICA DE GASTON BACHELARD<br />

3.1 - Aspectos gerais <strong>da</strong> <strong>epistemologia</strong> <strong>bachelard</strong>iana<br />

Gaston Bachelard (1884-1962) foi um dos primeiros filósofos contemporâneo a tecer críticas<br />

acerca <strong>da</strong> imagem tradicional <strong>da</strong> ciência, a visão empírico-indutivista. Seus livros transcen<strong>de</strong>m o<br />

domínio <strong>da</strong> <strong>epistemologia</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo algumas obras também <strong>no</strong> campo <strong>da</strong> poética, por isso<br />

atribui-se a seus trabalhos duas faces: a diurna e a <strong>no</strong>turna, respectivamente. Somam-se às<br />

preocupações com a formação do espírito científico e aos <strong>de</strong>vaneios poéticos relacionados a aspectos<br />

contemplativos e oníricos <strong>da</strong> natureza, a educação, que em seus escritos também é valoriza<strong>da</strong>, embora<br />

não <strong>de</strong>stine nenhuma obra específica as questões <strong>da</strong> dimensão escolar.<br />

Inicialmente trabalhou na administração dos Correios e Telégrafos (pesagem <strong>de</strong> cartas) após<br />

tornar-se bacharel. Sua formação é ampla. Em 1912 licenciou-se em matemática, mais tar<strong>de</strong> ingressou<br />

<strong>no</strong> magistério secundário, trabalhando então como professor <strong>de</strong> ciências e filosofia. Em 1927 passou a<br />

trabalhar como professor <strong>de</strong> história e filosofia <strong>da</strong> ciência na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Dijon e <strong>de</strong>pois na<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Sorbonne.<br />

No âmbito <strong>da</strong> filosofia, as discussões quanto a um reducionismo, a um caráter unitário<br />

proferido a ciência, que <strong>de</strong>va ser adotado por to<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s científicas, e nesta perspectiva mol<strong>da</strong>r<br />

linearmente o conhecimento científico, estruturou o pensamento <strong>de</strong> muitos filósofos <strong>da</strong> ciência, como<br />

Bacon (1979), conforme <strong>de</strong>staca Chalmers (2000).<br />

Esta ânsia <strong>de</strong> fazer uma ciência <strong>da</strong> própria ciência (Oliveira, 2000; Bulcão 1981), basea<strong>da</strong> na<br />

coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> uma natureza coberta por um véu, aguar<strong>da</strong>ndo o cientista para <strong>de</strong>svelar seus<br />

mistérios, é fortemente critica<strong>da</strong> por Gaston Bachelard.<br />

Para Bachelard, ´o conhecimento do real é luz que sempre projeta algumas sombras`, o conhecimento<br />

empírico é causa <strong>de</strong> muitos erros, e a constante retificação <strong>de</strong>stes erros é indispensável à formação do<br />

espírito científico. Os erros 9 são necessários e inevitáveis, pois refletem os períodos <strong>de</strong> estagnação,<br />

inércia e até regressão com que se <strong>de</strong>para o espírito científico. De<strong>no</strong>minam-se obstáculos<br />

epistemológicos as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s encontra<strong>da</strong>s neste percurso, que <strong>de</strong>vem ser constantemente<br />

psicanalisa<strong>da</strong>s pelo cientista.<br />

Nesta perspectiva, Bachelard assinala que ao se olhar para um objeto <strong>de</strong> <strong>estudo</strong>, fenôme<strong>no</strong>,<br />

interpreta-se a imagem com to<strong>da</strong> carga <strong>de</strong> cultura, expectativas, vonta<strong>de</strong>s, e facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que a opinião<br />

9 Bachelard (1999, p. 243) distingue dois tipos <strong>de</strong> erros, aqueles que não passam <strong>de</strong> “distrações do espírito fatigado (...), afirmações<br />

gratuitas feitas sem qualquer esforço <strong>de</strong> pensamento e os erros comuns e <strong>no</strong>rmais. Salienta <strong>de</strong>sta forma que “(...) o erro positivo, o erro <strong>no</strong>rmal,<br />

o erro útil” <strong>de</strong>ve pren<strong>de</strong>r a atenção tanto dos professores quanto dos cientistas conduzindo o pensamento à ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas sucessivas retificações.<br />

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