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contribuições da epistemologia histórica de bachelard no estudo da ...

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3.4 - Recorrência <strong>histórica</strong><br />

A idéia <strong>de</strong> recorrência <strong>histórica</strong> caracteriza-se por um direcionamento teórico veiculado ao<br />

<strong>estudo</strong> <strong>da</strong> história <strong>da</strong> ciência, já que se parte do presente para investigar o passado. Nesta perspectiva,<br />

a história atual ilumina a evolução dos conceitos, idéias e teorias <strong>da</strong> ciência. A análise e o julgamento<br />

crítico <strong>de</strong> um episódio histórico evi<strong>de</strong>nciam o papel não neutro do historiador ao interpretar a natureza<br />

e construção do conhecimento científico. Assim, o historiador que almeja se <strong>de</strong>spir dos conhecimentos<br />

arraigados ao seu pensamento, para então mergulhar neutra e objetivamente em outro tempo histórico,<br />

caminha na direção <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al enga<strong>no</strong>so. Bachelard não <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra o contexto histórico <strong>no</strong> qual<br />

<strong>de</strong>terminado episódio histórico se insere, contudo acentua o papel dos conhecimentos contemporâneos<br />

<strong>no</strong> <strong>estudo</strong> <strong>da</strong> evolução do pensamento científico.<br />

3.5 - O erro <strong>no</strong> pensamento <strong>bachelard</strong>ia<strong>no</strong><br />

Bachelard concebe o erro, tanto <strong>no</strong> contexto <strong>da</strong> produção do conhecimento científico quanto<br />

na própria ação <strong>de</strong> conhecer <strong>no</strong> espaço escolar, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva positiva. Conforme assinala<br />

Bachelard, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>no</strong>tar ao conceito <strong>de</strong> erro significados sinônimos <strong>de</strong> fracasso, retrocesso,<br />

entrave, mas atribuir a ele uma co<strong>no</strong>tação mais flexível, ou seja, admití-lo como elemento integrante <strong>da</strong><br />

evolução e <strong>de</strong>senvolvimento do espírito científico. Como acentua Lopes (1996, p.252-253):<br />

“Bachelard <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que precisamos errar em ciência, pois o conhecimento científico só se constrói<br />

pela retificação <strong>de</strong>sses erros. Como seu objetivo não é vali<strong>da</strong>r as ciências já prontas, tal qual<br />

preten<strong>de</strong>m os partidários <strong>da</strong>s correntes epistemológicas lógicas, o erro <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser interpretado<br />

como um equívoco, uma a<strong>no</strong>malia a ser extirpa<strong>da</strong>. Ou seja, com Bachelard, o erro passa a<br />

assumir uma função positiva na gênese do saber e a própria questão <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> se modifica. Não<br />

po<strong>de</strong>mos mais <strong>no</strong>s referir à ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, instância que se alcança em <strong>de</strong>finitivo, mas apenas às<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s, múltiplas, <strong>histórica</strong>s, pertencentes à esfera <strong>da</strong> veraci<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar<br />

credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e confiança. As ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s só adquirem sentido ao fim <strong>de</strong> uma polêmica, após a<br />

retificação dos erros primeiros.”<br />

Tratar o erro <strong>de</strong>ssa maneira indica que sua suplantação é possível, mas não <strong>de</strong>finitiva, já que o<br />

erro está presente em todos os estágios do avançar científico, exigindo, por conseguinte, um espírito<br />

atento e em constante vigilância intelectual. Na prática científica, o conhecimento se estrutura por<br />

constantes reformas, “conhecemos sempre contra um conhecimento anterior, retificando o que se julgava sabido e<br />

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