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contribuições da epistemologia histórica de bachelard no estudo da ...

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a) Ao perceber que a chave para a compreensão <strong>da</strong> que<strong>da</strong> livre estava em não abordá-la do<br />

ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> dinâmica, Galileu opõe-se à praxe secular dos filósofos <strong>de</strong> iniciar qualquer discussão<br />

sobre o movimento dos corpos in<strong>da</strong>gando sobre suas causas.<br />

“Não me parece ser este o momento oportu<strong>no</strong> para empreen<strong>de</strong>r a investigação <strong>da</strong> causa <strong>da</strong><br />

aceleração do movimento natural, a respeito <strong>da</strong> qual vários filósofos apresentaram diferentes<br />

opiniões... Estas fantasias, e muitas outras, conviriam ser examina<strong>da</strong>s e resolvi<strong>da</strong>s com pouco<br />

proveito. Por ora é suficiente ... estu<strong>da</strong>r e <strong>de</strong>monstrar algumas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um movimento<br />

acelerado (qualquer que seja a sua aceleração) <strong>de</strong> tal modo que a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

aumenta, após ter saído do repouso, com aquela simplíssima proporção com a qual cresce a<br />

continuação do tempo, que é o mesmo que dizer que em tempos iguais se fazem acréscimos iguais<br />

<strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>” (Galileu,1935).<br />

b) Para Kepler “se o Sol se acha <strong>no</strong> centro do mundo, é preciso que os movimentos dos planetas não sejam<br />

or<strong>de</strong>nados em relação a ele <strong>de</strong> uma maneira geométrica ou ótica, como em Copérnico, mas também <strong>de</strong> uma maneira física e<br />

dinâmica” (Koyré,1982). Ao buscar a causa do movimento planetário, examinando que tipo <strong>de</strong> força<br />

proveniente do Sol vincula os planetas à órbitas elípticas, ele subverte a praxe usual do astrô<strong>no</strong>mo,<br />

rompendo com o divórcio entre a física e astro<strong>no</strong>mia.<br />

c) O princípio <strong>da</strong> constância <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> luz, na relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> einsteiniana, contraria a<br />

adição galileana <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s (e, amplamente, o senso comum).<br />

d) O átomo <strong>de</strong> Bohr é <strong>de</strong>senvolvido em um ‘ocea<strong>no</strong> <strong>de</strong> a<strong>no</strong>malias’, como enfatiza Imre<br />

Lakatos (Lakatos,1989). O postulado <strong>da</strong> não emissão <strong>de</strong> radiação por uma carga em movimento<br />

acelerado, <strong>no</strong>s estados estacionários, é claramente incompatível com o eletromagnetismo clássico.<br />

e) A hipótese <strong>de</strong> Louis <strong>de</strong> Broglie é revolucionária, <strong>de</strong>sarrazoa<strong>da</strong>, em princípio, pois até então<br />

nunca se havia atribuído ao elétron, em particular, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ondulatórias semelhantes às exibi<strong>da</strong>s<br />

pela luz <strong>no</strong>s fenôme<strong>no</strong>s <strong>de</strong> interferência e difração.<br />

A questão <strong>da</strong> aci<strong>de</strong>ntali<strong>da</strong><strong>de</strong> em uma <strong>de</strong>scoberta científica po<strong>de</strong> estimular discussões que<br />

ressaltem a importância <strong>da</strong>s concepções teóricas e dos interesses <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> um cientista frente a<br />

um fato inesperado. No caso <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta dos raios X, vários cientistas, antes <strong>de</strong> Roentgen, já haviam<br />

constatado a presença <strong>de</strong> fluorescência em materiais nas imediações <strong>de</strong> um tubo <strong>de</strong> raios catódicos, sem<br />

lhe <strong>da</strong>r importância, como J.J. Thomson, por exemplo: “Detectei fluorescência em peças <strong>de</strong> tubo <strong>de</strong> vidro alemão<br />

coloca<strong>da</strong>s a vários pés do tubo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga, ain<strong>da</strong> que neste caso a luz tivesse que passar através <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s do tubo <strong>de</strong><br />

vidro vazio e através <strong>de</strong> uma espessura consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> ar, antes <strong>de</strong> incidir sobre o corpo fosforescente...”<br />

(An<strong>de</strong>rson,1968, p.70). Para Roentgen, ao contrário, o fenôme<strong>no</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>va investigação. A partir <strong>de</strong><br />

uma série <strong>de</strong> experimentos, <strong>de</strong>lineou, com sucesso, as principais proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos ‘<strong>no</strong>vos raios’.<br />

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