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contribuições da epistemologia histórica de bachelard no estudo da ...

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• a teoria copernicana não é nem mais simples e nem mais precisa do que a sua rival.<br />

• não havia um estado <strong>de</strong> crise, e muito me<strong>no</strong>s ‘um escân<strong>da</strong>lo na astro<strong>no</strong>mia’, antes <strong>da</strong><br />

proclamação <strong>de</strong> Copérnico. Como uma crise prece<strong>de</strong>, necessariamente, uma revolução, a tese<br />

kuhniana parece insustentável.<br />

De qualquer forma, Kuhn enfatiza a ausência <strong>de</strong> um critério explícito para julgar os dois<br />

sistemas, preten<strong>de</strong>ndo que a escolha seja uma ‘questão <strong>de</strong> gosto’, ‘difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir e <strong>de</strong>bater’, mas<br />

nunca negligenciável. Assim, a elite científica, dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> um “ouvido equipado para discernir a harmonia<br />

geométrica, podia <strong>de</strong>tectar uma <strong>no</strong>va niti<strong>de</strong>z e coerência na astro<strong>no</strong>mia heliocêntrica <strong>de</strong> Copérnico, e se essa niti<strong>de</strong>z e<br />

coerência não tivessem sido reconheci<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>ria não ter ocorrido qualquer revolução”. (Kuhn, 1987)<br />

• para Feyerabend, a escolha <strong>da</strong> teoria copernicana sobre a ptolomaica não é racionalmente<br />

explicável (antes <strong>de</strong> 1838), pois a) estão envolvidos distintos sistemas <strong>de</strong> crenças; b) não há<br />

qualquer <strong>no</strong>vo suporte factual; c) ambas fornecem previsões <strong>de</strong> confiança; d) suposições<br />

metodológicas não po<strong>de</strong>m atestar a correção <strong>de</strong> uma teoria. Sendo assim, ‘a aceitação <strong>da</strong> teoria<br />

copernicana torna-se uma questão <strong>de</strong> crença metafísica’.<br />

Conforme Lakatos, é importante não se <strong>de</strong>ixar ‘esmagar’ pelo ‘relativismo cultural genérico’ <strong>de</strong><br />

Feyerabend ou pelo ‘elitismo genérico’ <strong>de</strong> Kuhn. Um bom contra-exemplo é a adoção <strong>da</strong> velha teoria<br />

ondulatória <strong>da</strong> luz por Fresnel, em 1830, certamente uma ‘questão <strong>de</strong> gosto’, já que a superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

teoria corpuscular <strong>da</strong> luz <strong>de</strong> Newton podia ser julga<strong>da</strong> com base em critérios objetivos explícitos.<br />

• a revolução copernicana é racional à luz <strong>da</strong> metodologia dos programas <strong>de</strong> investigação<br />

científica.<br />

A questão <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> x irracionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> ciência, trazi<strong>da</strong> à sala <strong>de</strong> aula em função<br />

<strong>da</strong> análise individual <strong>da</strong>s concepções <strong>de</strong> diferentes cientistas sobre o seu trabalho e a mu<strong>da</strong>nça<br />

paradigmática, favorece o <strong>de</strong>bate que apura o espírito crítico e fortalece a convicção <strong>de</strong> idéias.<br />

Como ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>staca Lakatos (Lakatos, 1998), referindo-se a Feyerabend, aludindo aos cientistas<br />

que contrariam ‘as regras vigentes’, “se fosse irracional trabalhar com base em uma teoria cuja superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> não<br />

estivesse ain<strong>da</strong> estabeleci<strong>da</strong>, então quase to<strong>da</strong> a história <strong>da</strong> ciência seria <strong>de</strong> fato racionalmente inexplicável”.<br />

Um critério como padrão para avaliar a hegemonia <strong>de</strong> uma teoria é paliativo e subjetivo, pois<br />

<strong>de</strong>fini-lo implica na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> variáveis para além <strong>de</strong> uma postura estritamente racional e universal<br />

a ser compartilha<strong>da</strong> por elementos <strong>de</strong> uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois valores cognitivos são <strong>de</strong> natureza<br />

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