universidade federal da bahia thaiane dos santos machado - Facom ...
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“O amor romântico” está ligado a Eros 21 , Deus do amor, cultuado pela mitologia grega e quem<br />
difundiu o amor de forma honrosa, como uma entrega em nome <strong>da</strong> virtude e não <strong>da</strong> humilhação. Na<br />
atuali<strong>da</strong>de, o “amor romântico” não tomou conotações diferentes <strong>da</strong>s advin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong><br />
como uma espécie de uma “doença”. Para MALINOWSKI (1929, apud GIDDENS, 1993, p. 47), o<br />
“amor romântico é uma paixão (...), atormenta a mente e o corpo em maior ou menor extensão;<br />
conduz muitos a um impasse, um escân<strong>da</strong>lo ou uma tragédia; mais raramente, ilumina a vi<strong>da</strong> e faz<br />
com que o coração se expan<strong>da</strong> e transborde de alegria”. Para muitos <strong>dos</strong> autores, o “amor romântico”<br />
está relacionado a uma renúncia, fazendo com que o indivíduo deixe de lado suas ativi<strong>da</strong>des<br />
cotidianas, para viver somente o sofrimento <strong>da</strong>quele amor. Ele é sempre marcado por uma urgência.<br />
Para o “amor romântico” a sua destinação está totalmente voltado para o “ver<strong>da</strong>deiro amor”,<br />
para busca <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de, de um sentimento único e indissociável <strong>da</strong> pessoa ama<strong>da</strong>. Ao mesmo tempo<br />
tornase um paradoxo, pois para que chegue este “final feliz” os “enamora<strong>dos</strong>” passarão por<br />
inúmeros momentos de incertezas e tristezas ou, quando não, preferirão a morte a ter que viver sem<br />
aquele amor. Porém, a morte, ou o suicídio, que pode se deixar levar pela falta deste amor, não é<br />
vista como uma atitude covarde, ao contrário torna o amado um “herói”, pois foi uma morte<br />
justifica<strong>da</strong> pelo amor.<br />
É um amor sem medi<strong>da</strong>s, sem vergonhas, sem pudores. O amor/Eros tem relação com as<br />
paixões <strong>da</strong> alma, na ver<strong>da</strong>de a união de duas almas, por isso que este amor se alimenta <strong>da</strong> alma, não<br />
do corpo. Para DESCARTES (1964, apud BORGES, 2004), o ser humano é a união de uma<br />
substância pensante e uma extensa, envolvendo, portanto, tanto o corpo, quanto a alma. Para ele, “o<br />
principal efeito <strong>da</strong>s paixões nos seres humanos, é preparar o corpo para aquilo que elas incitam a<br />
alma a querer. No medo, elas preparam o corpo para fugir [...], no amor, elas o preparam para se<br />
aproximar do seu objeto amoroso” (p. 29).<br />
A relação com a alma é infindável, pois outro efeito do amor é a “languidez” 22 e, como<br />
reafirma Descartes, o amor ocupa a alma a empregar to<strong>dos</strong> os espíritos cerebrais para que ela<br />
mantenha a imagem do ser amado, não havendo controle racional e aniquilação do sentimento<br />
amoroso não depende de nossa vontade. Assim como Descartes, Sócrates alimenta o amor ser uma<br />
questão <strong>da</strong> alma, mais do que isso, é um “delírio <strong>da</strong> alma, pois a alma é imortal e o amor é a<br />
21<br />
“Segundo Pausânia, não existe apenas um Eros, mais dois: um Eros vulgar e outro celeste. Eros vulgar é aquele que<br />
incita o amor do corpo e não do espírito. Tal amor é guiado pela concupiscência, não tendo nenhuma preocupação com a<br />
virtude do ser amado, ou com a sua educação para a virtude. Ele ama o que é fugaz, não sendo digno do apreço. Ao<br />
contrário, o Eros celeste não se dirige ao prazer do corpo, mas do espírito, ama a virtude e a inteligência do outro, não<br />
apenas seu corpo. As relações basea<strong>da</strong>s no Eros celeste são mais duradouras, pois os amantes visam a companhia do<br />
outro, já que amam o seu espírito e não buscam algo meramente fugaz como o prazer do corpo” (BORGES, 2004, p. 12)<br />
22<br />
Segundo o Minidicionário Aurélio (1993), Aurélio Buarque de Holan<strong>da</strong>,, Languidez: (ê^) sf. Estado de lânguido;<br />
langor ; ao posso que Lânguido: adj. 1. Sem forças; fraco, debilitado, langoroso. 2. Mórbido, doentio. 3. Voluptuoso,<br />
sensual, langoroso.<br />
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