universidade federal da bahia thaiane dos santos machado - Facom ...
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Para tentar sair <strong>da</strong> “triviali<strong>da</strong>de” que as narrativas de telenovela estão inseri<strong>da</strong>s, as personagens<br />
tendem a ser compostas de modo que suas estórias de amor, mesmo que ofereçam a sensação de<br />
serem iguais, sejam destaca<strong>da</strong>s, diferencia<strong>da</strong>s em meio as outras. A boa construção desta estratégia<br />
muitas vezes implica na escolha de uma dinâmica comum entre o público, para serem confundi<strong>dos</strong><br />
com os personagens <strong>da</strong> ficção. Muitos deles comentam que o “termômetro” sobre a sua atuação está<br />
na receptivi<strong>da</strong>de do público.<br />
A distinção entre o “real” e a “ficção” pode estar nesta personificação. O princípio de<br />
“verossimilhança”, termo aristotélico, é um <strong>dos</strong> componentes básicos dessa relação entre mundo<br />
ficcional e experiência cotidiana. PAVIS (1973, apud PALLOTTINI, 1989) argumenta que “a<br />
verossimilhança caracteriza uma ação que é logicamente possível devido ao encaminhamento <strong>dos</strong><br />
motivos, e por isso necessário como lógica interna <strong>da</strong> fábula”.(p. 21). Tratase, então, de buscar um<br />
ponto médio entre a “teatrali<strong>da</strong>de” e a “reali<strong>da</strong>de”, entre a ilusão cria<strong>da</strong> pelo ficcional e a reali<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, em outras palavras, tem que parecer ver<strong>da</strong>deiro. Assim, ele completa que:<br />
Não há, evidentemente, o verossímil absoluto. [...] O autor<br />
trabalha nos limites do possível atraente, impossível capaz de<br />
convencer, de todo modo, algo que seja muito interessante e fora<br />
do comum [...]. O verossímil consiste num código ideológico e<br />
retórico comum ao emissor e ao receptor, numa espécie de<br />
entendimento prévio entre quem faz e quem recebe a obra de arte<br />
teatral” (p. 2021)<br />
Assim, um fato irreal pode tornarse verossímil, mas inversamente os <strong>da</strong><strong>dos</strong> mais autênticos<br />
parecem irreais e mesmo incompreensíveis. Esta coerência que deve existir na narrativa está na<br />
lógica <strong>da</strong> personagem, que representam a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> adesão afetiva e intelectual ao enredo<br />
ficcional. “As personagens vivem o enredo, são os seus valores e atitudes que trazem ‘veraci<strong>da</strong>de’ às<br />
narrativas. Não espanta, então, que a personagem seja o que há de mais vivo nas telenovelas”<br />
(ANDRADE, 2003, p. 70).<br />
PALLOTTINI (1998) define personagem como “um ser de ficção, humano ou antropomorfo,<br />
criado por um autor e filtrado por ele [...], é a imagem de um ser, ou de vários seres, que passa pelo<br />
crivo do criador” (p. 141). Entretanto, falar de personagens é falar de representação, o que nos faz<br />
retomar a Poética, de Aristóteles. Segundo ARISTÓTELES (apud GOMES, 1996), há de considerar<br />
na representação “sua caracterização enquanto qualificação moralpsicológica enquanto<br />
personali<strong>da</strong>de psicológicaracional bem como a organização de enredo ou trama” (p. 120). Neste<br />
sentido a construção de uma personagem está na caracterização do gênero que será representado, a<br />
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