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universidade federal da bahia thaiane dos santos machado - Facom ...

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pode ser convi<strong>da</strong><strong>da</strong> a se identificar com a união de um casal de amantes só para, no momento<br />

seguinte, a identificação ser quebra<strong>da</strong> no instante em que a atenção é foca<strong>da</strong> nos sofrimentos <strong>da</strong><br />

rival” (ANDRADE, 2003, p. 67). Há, portanto, uma relação entre telespectador e a estas estórias de<br />

amor que são apresenta<strong>da</strong>s nas telenovelas onde as cenas românticas, os “pares amorosos” ou<br />

qualquer outro elemento do código amoroso, geram um tipo de sentimento e/ou emoção nos<br />

telespectadores.<br />

Mesmo sabendo de tudo que está por vir, pelas próprias regras do gênero, eles acompanham os<br />

enlaces, peripécias e desenlaces amorosos <strong>dos</strong> “pares” apaixona<strong>dos</strong>. ANDRADE (2003) acentua que<br />

as audiências reconhecem estes recursos dentro <strong>da</strong> narrativa e sentem prazer em acompanhá­los nos<br />

meses em que as personagens se encontram e desencontram­se. As telenovelas tendem, desta forma,<br />

a responder às deman<strong>da</strong>s emocionais de seu público, estabelecendo momentos no interior <strong>da</strong><br />

narrativa nos quais estas necessi<strong>da</strong>des emocionais são preenchi<strong>da</strong>s. Segundo a autora, “o gênero<br />

capacita as audiências a imaginar um mundo ideal onde as tensões nas relações entre homens e<br />

mulheres se resolvem, ao final, harmoniosamente” (p.86).<br />

Os códigos amorosos no interior <strong>da</strong>s narrativas funcionariam como uma forma de “catarse”,<br />

como salienta ARISTÓTELES (apud OROZ, 1992), para as emoções reclusas <strong>dos</strong> telespectadores. A<br />

“catarse” seria, então, um momento de perplexi<strong>da</strong>de que possibilita ao telespectador a sua projeção<br />

para aquela situação (amorosa) ou identificação. Reali<strong>da</strong>des do mundo real como ausências (de<br />

qualquer ordem), escassez de experiências, sentimentos de impotência, são contrasta<strong>da</strong>s nas<br />

telenovelas com fantasias, espontanei<strong>da</strong>des, honesti<strong>da</strong>de nas relações que falam de um mundo<br />

diferente, um mundo narrativo. ANDRADE (2003) coloca que a telenovela oferece, então, cinco<br />

possibili<strong>da</strong>des idealizadoras: energia, abundância, intensi<strong>da</strong>de, transparência e senso de comuni<strong>da</strong>de.<br />

E estas possibili<strong>da</strong>des idealizadoras sustentam a espera do happy end, como uma promessa de um<br />

estado idealizado, pois apesar de ser uma obra ficcional os sentimentos que ela apresentam são reais,<br />

existentes no mundo em que o público está inserido, estando neste ponto o prazer que a narrativa<br />

proporciona.<br />

O amor seria um elemento para a geração de um efeito no público, um efeito ligado a emoção,<br />

que por sua vez tem a ver com sensações 25 . Os sentimentos estão relaciona<strong>dos</strong> com esta<strong>dos</strong> afetivos<br />

(medo, raiva, temor, gratidão, amor, etc) sendo uma espécie de resposta ou reação aos “esta<strong>dos</strong><br />

emotivos” 26 . Enquanto sensação se assemelha, segundo COSTA J. (1998), às noções de<br />

25<br />

Mais a frente será apontado algumas diferenciações sobre estes três conceitos: emoção, sensação e sentimento (ver<br />

Parte II).<br />

26<br />

COSTA J. (1998) descreve este “estado emotivo” algo que corresponde a sensação, ou seja, to<strong>dos</strong> os esta<strong>dos</strong> afetivos,<br />

corporais e psíquicos que são, em imediato, sofri<strong>dos</strong> pelos organismos humanos.<br />

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