universidade federal da bahia thaiane dos santos machado - Facom ...
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“’experiência’, ‘experiências perceptivas’, ‘impressões sensoriais’, ‘<strong>da</strong><strong>dos</strong> sensíveis’, etc.” (p.207).<br />
Ao acompanhar os caminhos <strong>dos</strong> “pares amorosos”, por exemplo, diversas são as emoções que são<br />
proporciona<strong>da</strong>s como compaixão, num momento que a heroína sofre por ter que se separar de seu<br />
ver<strong>da</strong>deiro amor, raiva, quando há renúncia deste amor devido a um segredo que não pode ser<br />
desven<strong>da</strong>do, satisfação, quando eles se reencontram depois de tanto sofrimento, etc. A telenovela<br />
provoca aos seus telespectadores emoções que, talvez não seja possível encontrar na vi<strong>da</strong> cotidiana,<br />
como afirma ANDRADE (2003) “seu prazer compensatório não está relacionado a uma telenovela<br />
qualquer, mas ao próprio gênero que funciona como extensão e complemento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> ordinária e de<br />
suas ativi<strong>da</strong>des rotineiras” (p. 75).<br />
Esta emoção tem um ponto de parti<strong>da</strong>, que está no momento em que a trama está sendo escrita<br />
e produzi<strong>da</strong>. O autor e diretor tornamse os responsáveis por criar e, de certa forma, transmitir, esta<br />
emoção, junto com muitos outros elementos. O tema amoroso, apesar de ser uma temática comum,<br />
como já foi citado anteriormente, possui mo<strong>dos</strong> distintos de ser narrado e isso tem a ver,<br />
principalmente, com os realizadoresautores que participam <strong>da</strong> elaboração <strong>da</strong> obra. O amor tratado<br />
por Manoel Carlos, por exemplo, distinguese <strong>dos</strong> mo<strong>dos</strong> como Benedito Ruy Barbosa trata em suas<br />
tramas. Por isso, o amor, no interior <strong>da</strong>s narrativas ficcionais, tornase um elemento para confirmar<br />
hipóteses existentes sobre autoria nas telenovelas.<br />
O amor e o autor <strong>da</strong>s telenovelas brasileiras<br />
A telenovela passou por um tempo pelo desprestígio <strong>da</strong> crítica por ser considera<strong>da</strong> (e de fato é)<br />
um produto massivo, produto <strong>da</strong> indústria cultural. Nos anos 50 a 60 elas eram produzi<strong>da</strong>s com os<br />
mesmos recursos do teleteatro o que implicava uma forma de produção precária e improvisa<strong>da</strong>.<br />
Quando a telenovela passou a ser o gênero mais consumido do meio televisivo, nos finais <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
de 60, a concorrência que se instalou entre as emissoras do período e impulsionaram a necessi<strong>da</strong>de<br />
de profissionalizar os realizadores, que naquela época vinham do rádio ou do teatro.<br />
Neste período em que o quadro <strong>da</strong> produção de telenovela ain<strong>da</strong> estava em formação, a TV<br />
Globo, por exemplo, introduziu na suas empresas profissionais ca<strong>da</strong> vez mais qualifica<strong>dos</strong> dentre<br />
eles, produtores, cenógrafos, figurinistas, técnicos de edição, operadores de vídeos, etc. e os<br />
escritores considera<strong>dos</strong> “bons” eram aqueles que escreviam numa perspectiva “realista” e<br />
“romântica” predominante nas telenovelas <strong>da</strong> época. Além disso, as experiências acumula<strong>da</strong>s na área<br />
teatral aumentavam as chances <strong>dos</strong> realizadores serem consagra<strong>dos</strong> dentro do universo de criação de<br />
telenovelas. Já que não era mais necessário “importar” escritores, como foi o caso de Glória<br />
Maga<strong>da</strong>n, para escrever as estórias “genuinamente brasileiras”, “a televisão tornouse um importante<br />
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