universidade federal da bahia thaiane dos santos machado - Facom ...
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tocar nos “sentimentos” <strong>dos</strong> apreciadores. Embora outros recursos sejam utiliza<strong>dos</strong> com este mesmo<br />
intuito, a música tornouse a mais freqüente e melhor utiliza<strong>da</strong> para gerar efeitos emocionais, não é a<br />
toa que, segundo FILHO (2001), muitas telenovelas são marca<strong>da</strong>s e lembra<strong>da</strong>s muito mais pela<br />
música do que pela história que elas contam.<br />
Os protagonistas (no programa de efeitos emocionais românticos): eles dizem “eu te amo”<br />
Muitos atores/atrizes anseiam protagonizar uma telenovela, pois muitas vantagens estão<br />
inseri<strong>da</strong>s nesta oportuni<strong>da</strong>de, como reconhecimento e respeito perante o público e a crítica, prestígio<br />
no interior <strong>da</strong> classe artística e, economicamente, maiores oportuni<strong>da</strong>des de participarem de<br />
comerciais, de serem garotos/garotas propagan<strong>da</strong>s. Porém, to<strong>da</strong>s estas vantagens podem “cair por<br />
terra” se o ator/atriz não souber segurar a trama no seu papel de destaque. Os protagonistas são<br />
personagens que alimentam a trama, a narrativa, que criam expectativas e que são responsáveis, em<br />
alguns casos, pelo fracasso ou sucesso <strong>da</strong> telenovela. Para PALLOTTINI (1998), “o capítulo deve<br />
trazer sempre ao público a visão <strong>dos</strong> protagonistas, e que a ação dramática deve se <strong>da</strong>r, sobretudo,<br />
por meio deles” (p. 89).<br />
No caso específico <strong>da</strong> nossa análise, os protagonistas são o “par amoroso” central, os grandes<br />
responsáveis pela geração <strong>da</strong> emoção denomina<strong>da</strong> de amor. Alguns autores, quando estão escrevendo<br />
a sinopse de uma telenovela, muitas vezes já possuem em mente os “pares amorosos” que irão<br />
protagonizar suas estórias 39 . Por conta disso, eles esperam que as personagens sejam cui<strong>da</strong><strong>dos</strong>amente<br />
construí<strong>da</strong>s para que os telespectadores fiquem na torci<strong>da</strong> durante os seis ou oito meses que durarem<br />
a narrativa até chegarem ao seu final feliz. Uma boa ”química” entre o casal romântico leva o<br />
público quase a “catarse” quando eles exprimem suas emoções e chegam bem próximo ao princípio<br />
de “verossimilhança”. “Dois artistas em cena provocam muita emoção, gerando grande força pelo<br />
mero fato de aparecerem juntos dizemos que há entre eles uma ‘química’ certa” (FILHO, 2001, p.<br />
291).<br />
É quase uma regra que o “mocinho” e a “mocinha” sejam definitivamente convincentes. Isso<br />
tem a ver não só com os mo<strong>dos</strong> como eles se apresentam na narrativa, ou com as emoções que eles<br />
exprimem na ficção, mas também na forma de compor a relação entre eles e o diálogo. As juras de<br />
39<br />
Daniel Filho (2001) expõe um exemplo sobre esta dinâmica <strong>da</strong> escolhas <strong>dos</strong> protagonistas: “Em ‘Laços de Família’,<br />
Manoel Carlos foi categórico ao dizer que, sem Vera Fischer e Tony Ramos, não escreveria a novela. Primeiro motivo:<br />
tinha que ser uma mulher perto <strong>dos</strong> 50 anos, atraente, forte, sensual, para que o romance inicial com um jovem se<br />
mantivesse crível, pois ele estaria diante de uma mulher irrecusável. Segundo motivo: quando ela procurasse um antigo<br />
amor (José Mayer), o sentimento manteria o ‘fogo’de 20 anos atrás. Terceiro motivo: o perfil de homem honesto,<br />
sensível e compreensível de Tony Ramos tornaria possível o perdão de um amor maduro pela traição que ela sofreria”.<br />
(p. 160161).<br />
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