Género e Envelhecimento. Estudo de Diagnóstico
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ESTUDO DE DIAGNÓSTICO<br />
VII. Recursos materiais<br />
Um dos cinco objetivos da Estratégia Europa 2020 é o <strong>de</strong> tirar <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> pobreza<br />
pelo menos 20 milhões <strong>de</strong> pessoas. Esta situação, relevante em termos europeus,<br />
é muitíssimo relevante em termos nacionais. Apesar da tendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>créscimo<br />
que se tem verificado nos últimos anos, quase um/a em cada cinco portugueses/as<br />
é i<strong>de</strong>ntificado/a, em cada ano, numa situação <strong>de</strong> pobreza. Adotando uma metodologia<br />
dinâmica po<strong>de</strong>, aliás, chegar-se à conclusão <strong>de</strong> que mais <strong>de</strong> 40% da população<br />
revela uma evi<strong>de</strong>nte vulnerabilida<strong>de</strong> face à pobreza (Bruto da Costa et al, 2008).<br />
A população idosa tem sido, ao longo das últimas décadas, apontada como um<br />
grupo particularmente vulnerável a situações <strong>de</strong> pobreza (cf., por exemplo, Bruto da<br />
Costa et al, 2008; INE, 2010). Esta particular vulnerabilida<strong>de</strong> das pessoas idosas à<br />
pobreza – e as suas consequências ao nível da exclusão social – explica-se em<br />
gran<strong>de</strong> parte pelos baixos níveis <strong>de</strong> rendimentos das pensões 12 , calculadas com<br />
base nos rendimentos do trabalho, trabalho esse que, para muitas pessoas idosas<br />
– sobretudo aquelas cuja carreira contributiva se <strong>de</strong>senvolveu maioritariamente no<br />
período pré-25 <strong>de</strong> abril – se caracterizou sobretudo por baixos níveis <strong>de</strong> salários,<br />
pelo <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s pouco qualificadas e pela ausência dos chamados<br />
“<strong>de</strong>scontos” para a Segurança Social.<br />
Neste contexto, importa realçar que são sobretudo as mulheres que apresentam<br />
maior vulnerabilida<strong>de</strong> a situações <strong>de</strong> empobrecimento resultantes <strong>de</strong> carreiras contributivas<br />
curtas ou mesmo da total ausência <strong>de</strong> carreiras contributivas, pese<br />
embora a existência, em muitos casos, <strong>de</strong> longos percursos laborais.<br />
O Gráfico 22, na página seguinte, mostra como a população idosa revela, <strong>de</strong> facto,<br />
uma vulnerabilida<strong>de</strong> acrescida a situações <strong>de</strong> pobreza. Mostra ainda, claramente,<br />
que essa vulnerabilida<strong>de</strong> acrescida <strong>de</strong>riva, quase exclusivamente, da maior incidência<br />
<strong>de</strong> pobreza entre as mulheres idosas. De facto, se, no caso dos homens, se<br />
regista um acréscimo <strong>de</strong> apenas duas décimas na incidência <strong>de</strong> pobreza, no caso<br />
das mulheres regista-se um acréscimo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 6 pontos percentuais, após os<br />
65 anos.<br />
12 Realce-se, no entanto que, <strong>de</strong> 1999 para 2009, os montantes gastos em pensões, em Portugal, passaram<br />
<strong>de</strong> 9,7% para 14,1% do Produto Interno Bruto.<br />
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