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O CÓDIGO FLORESTAL E A CIÊNCIA Contribuições Para o Diálogo

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1.2. IMPACTO AMBIENTAL DECORRENTE DO USO DA TERRA:<br />

PERDAS DE SOLO E DE ÁGUA POR EROSÃO HÍDRICA<br />

O uso da terra com fins agrícola, pecuário e florestal pode promover a retirada da cobertura vegetal natural<br />

e a exposição do solo aos efeitos das fortes chuvas tropicais que ocorrem em praticamente todo o<br />

território nacional. O impacto ambiental do uso agrícola das terras tem por consequência perdas de solo<br />

e de água. Entende-se que esse impacto não é exclusivo da presença ou não de RLs e APPs em maior ou<br />

menor proporção no imóvel agrícola.<br />

Entende-se, sim, que tais áreas a serem protegidas fazem parte de uma estratégia produtiva que potencializa<br />

a conservação da água, do solo e da agrobiodiversidade em qualquer imóvel rural. Tal afirmação fundamenta-se<br />

no fato de que, em terras sob cobertura florestal, o sistema radicular, serrapilheira e vegetação<br />

adensada das matas conseguem, juntos, reter em média 70% do volume das precipitações, regularizando<br />

a vazão dos rios, contribuindo para a melhoria na qualidade da água.<br />

Assim, o impacto ambiental negativo do uso agrícola das terras causa fortes perdas de solo e de água, sendo<br />

o principal fator de degradação das terras em ambientes tropicais e subtropicais úmidos (HERNANI<br />

et al., 2002). A erosão hídrica, processo natural que acontece em escala de tempo geológica, tende a ser<br />

acelerada pela atividade antrópica, a ponto de tornar seus efeitos visíveis pela formação de ravinas e voçorocas<br />

e pelo assoreamento e eutrofização de riachos, rios e lagos.<br />

Por ser um processo contínuo, a degradação das terras é ignorada quando ocorre em magnitudes menores,<br />

até que eventos catastróficos aconteçam, a exemplo das inundações e escorregamentos sob precipitações<br />

de alta intensidade ou, por longos períodos de estiagem – o que se dá frequentemente – e que resultaram<br />

em 2001 em uma das maiores crises energéticas registradas no país, causando elevados prejuízos à<br />

sociedade brasileira.<br />

Diversos estudos mostram que alterações na vegetação, como sua substituição por culturas agrícolas ou<br />

pastagens, acarretam mudanças no fluxo de água. Analisando 94 experimentos realizados em microbacias<br />

hidrográficas em todo o mundo, Bosch e Hewlett (1982) mostraram que a remoção da cobertura<br />

florestal aumenta as descargas anuais dos rios. O mesmo efeito foi relatado para a região tropical (BRUI-<br />

JNZEEL, 2004).<br />

Em estudo realizado no estado do Pará, Prado et al. (2006) mostraram que o escoamento superficial em<br />

áreas florestadas corresponde a menos de 3% da precipitação, enquanto que em áreas de pastagem o<br />

percentual pode chegar a 17%. O maior escoamento superficial resulta em respostas hidrológicas mais<br />

38 O <strong>CÓDIGO</strong> <strong>FLORESTAL</strong> E A <strong>CIÊNCIA</strong><br />

<strong>Contribuições</strong> <strong>Para</strong> o <strong>Diálogo</strong>

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