O CÓDIGO FLORESTAL E A CIÊNCIA Contribuições Para o Diálogo
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ápidas e menor infiltração de água no solo, aumentando as taxas de pico de vazão com potencial para<br />
gerar grandes descargas e até inundações no período das chuvas e redução das descargas nos períodos de<br />
estiagens. Além disso, o aumento no escoamento superficial tem maior potencial erosivo, carreando partículas<br />
de solo, matéria orgânica, fertilizantes, pesticidas e sementes para os cursos d’água e reservatórios.<br />
Esse processo é potencializado em vertentes íngremes.<br />
A importância da manutenção da APP ripária para minimizar a perda de solo por erosão superficial e o<br />
consequente assoreamento de riachos, ribeirões e rios foi demonstrada experimentalmente por Joly e colaboradores<br />
(2000), trabalhando na bacia do rio Jacaré-Pepira, no município de Brotas (SP). O grupo de<br />
pesquisadores determinou em campo, a partir do uso de parcelas de erosão, que a perda anual de solo em<br />
uma pastagem é da ordem de 0,24 t ha -1 , enquanto que no mesmo tipo de solo, com a mesma declividade<br />
e distância do rio, a perda anual de solo no interior da mata ciliar foi da ordem de 0,0009 t ha -1 ( JOLY et<br />
al., 2000).<br />
Portanto, a manutenção de áreas florestadas em meio às propriedades rurais tem efeitos positivos na infiltração<br />
de água e na proteção do solo, auxiliando a regularização do regime hidrológico, a qualidade da<br />
água e reduzindo o escoamento superficial e o carreamento de partículas de solo para os corpos d’água.<br />
Por isso, é necessário adotar uma estratégia de produção agrícola conservacionista, onde práticas de manejo<br />
do solo como Sistema de Plantio Direto e integração lavoura-pecuária-silvicultura proporcionem<br />
maior produtividade e lucratividade aos produtores rurais. Quando aliadas à disposição na paisagem<br />
de cobertura florestal nativa, essas práticas favorecem a redução de perdas de solos em áreas frágeis e a<br />
mitigação desses impactos sobre os recursos hídricos superficiais, gerando ainda serviços ambientais e<br />
ecossistêmicos à sociedade.<br />
No contexto da produção agropecuária, a degradação das terras está relacionada às ações que contribuem<br />
para o decréscimo da sustentabilidade da produção agrícola, pela diminuição da qualidade do solo e de<br />
seus atributos físicos, químicos e biológicos (FREITAS et al., 2007).<br />
Esse conceito é aplicável para qualquer área em que os princípios básicos de conservação do solo e recursos<br />
naturais não foram obedecidos durante o estabelecimento da atividade agrícola após desmatamento<br />
ou outro uso (CASTRO FILHO et al., 2001). A degradação da terra diz respeito também à perda de<br />
qualidade e da disponibilidade da água, especialmente para consumo humano, além da perda definitiva<br />
de biodiversidade devido aos processos utilizados no manejo inicial ou a antropização do solo, bem como<br />
a falta de planejamento, uso de áreas frágeis e de preservação permanente (HERNANI et al., 2002).<br />
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC<br />
Academia Brasileira de Ciências – ABC<br />
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