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O CÓDIGO FLORESTAL E A CIÊNCIA Contribuições Para o Diálogo

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Além desses serviços, ainda podem ser mencionados aqueles prestados pela vegetação nativa que margeia<br />

os rios e protege as encostas, funcionando também como corredores de fluxo gênico e importantes filtros<br />

na retenção de particulados que eventualmente entrariam nos corpos hídricos.<br />

Assim como qualquer outro insumo agrícola, os ecossistemas e seus serviços constituem bem de capital<br />

para uma nação, estado ou propriedade. Já estão sendo definidos na literatura internacional com o nome<br />

de Capital Natural (ARONSON et al. 2007, NEßHöVER et al. 2009, ARONSON et al. 2010). Os<br />

custos associados ao manejo inadequado desses bens estão implícitos nos indicadores econômicos oficiais<br />

(perdas de nutrientes e de polinizadores, acarretando baixa produtividade, por exemplo). Os benefícios<br />

podem ser explicitados por métodos específicos de valoração, indicando os ganhos potencialmente obtidos<br />

da proteção dos mesmos.<br />

A escassez da provisão dos serviços ecossistêmicos tem sido percebida de forma crescente pelos atores<br />

econômicos, resultando na formação de mercados específicos por tais serviços (carbono, água). No entanto,<br />

devido à falta de preços explícitos para grande parte desses serviços, é necessário que a sociedade<br />

defina a importância de sua manutenção para a sobrevivência humana, colocando limites à expansão das<br />

atividades econômicas.<br />

O entendimento da importância da manutenção de áreas naturais como APPs e RLs na propriedade<br />

rural é fundamental, já que existe a concepção errônea de que as áreas com vegetação nativa representam<br />

áreas não produtivas, de custo adicional, sem nenhum retorno ao produtor. Essas áreas, a rigor, são fundamentais<br />

para manter a produtividade em sistemas agropecuários, tendo em vista sua influência direta<br />

na produção e conservação da água, da biodiversidade, do solo, na manutenção de abrigo para agentes<br />

polinizadores, para dispersores e para inimigos naturais de pragas das próprias culturas da propriedade.<br />

Portanto, a manutenção de remanescentes de vegetação nativa nas propriedades e na paisagem<br />

transcende uma discussão puramente ambientalista e ecológica, vislumbrando-se, além do seu potencial<br />

econômico, a sustentabilidade da atividade agropecuária.<br />

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC<br />

Academia Brasileira de Ciências – ABC<br />

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