O CÓDIGO FLORESTAL E A CIÊNCIA Contribuições Para o Diálogo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ase em dados topográficos e hidrológicos (Nobre et al, 2011a) – e o grupo do CCST – INPE atuante<br />
na modelagem de terrenos, que escreveu o programa computacional para representar o novo conceito<br />
(Rennó et al, 2008). Esse modelo consiste numa normalização topográfica que utiliza a rede de drenagem<br />
como referência relativa.<br />
Na aplicação aqui descrita, a análise começa com o reconhecimento de que cada encosta numa bacia hidrográfica<br />
está submetida à força gravitacional cujo efeito é acelerar o movimento da água de percolação<br />
ou daquela no escoamento superficial. Assim, os gradientes topográficos são ingredientes fundamentais<br />
a definir a dinâmica da água na superfície. Os rios são os pontos do relevo posicionados na cota mais<br />
baixa relativa às encostas, donde provêm os fluxos episódicos no escoamento superficial ou os fluxos<br />
saturados contínuos do meio poroso. Os terrenos no entorno ao curso d’água tendem a possuir lençol<br />
freático superficial. Esse lençol vai ficando mais profundo na medida em que aumenta o desnível relativo<br />
da superfície à drenagem mais próxima. Assim, o modelo HAND indiretamente descreve os terrenos de<br />
acordo com a profundidade do lençol freático.<br />
Aplicação do modelo HAND ao mapeamento de aptidões de uso do solo<br />
Uma das tarefas mais laboriosas para um bom planejamento das atividades agrícolas e florestais é o mapeamento<br />
das características topográficas, físicas e químicas dos solos. <strong>Para</strong> uma maior parte dos agricultores<br />
tais mapas são inaccessíveis por seu custo ou por falta de assistência técnica que lhes permita aplicar o<br />
conhecimento espacializado de forma frutífera para a produção. Tal dificuldade torna raro o emprego de<br />
mapas diagnósticos de terrenos, o que tem representado grandes perdas tanto para as atividades produtivas<br />
não otimizadas, quanto para áreas frágeis utilizadas de forma insustentável. O Modelo HAND oferece,<br />
de forma direta e quantitativa, dados topográficos (declividade, posição no relevo, etc.) e hidrológicos<br />
(profundidade do lençol freático, distância para o curso d’água, etc.), que são fatores determinantes para<br />
alocação potencial de usos do solo. Indiretamente, o modelo HAND pode também oferecer informações<br />
sobre tipos de solos e susceptibilidades ambientais e de uso, fatores importantes para a alocação específica<br />
de atividades agrícolas e de áreas de proteção.<br />
Um exemplo de aplicação do modelo HAND no mapeamento de aptidões de uso pode ser visto na<br />
Figura 5, para a região de Brodowsky próxima a Ribeirão Preto em SP. A imagem de satélite indica uma<br />
típica região agrícola com interflúvios planos recortados por drenagem encaixada. O mapa HAND da<br />
mesma área (base em dados de radar TOPODATA, resolução vertical de 1 m e horizontal de 30 m)<br />
indica com relativamente alta resolução os terrenos e seus potenciais e fragilidades. As áreas mais planas<br />
com solos bem drenados (demonstradas em preto) se prestam a produção mais intensiva, mecanizada, de<br />
alto rendimento. As áreas no fundo dos vales junto aos cursos d’água (demonstradas em azul) possuem<br />
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC<br />
Academia Brasileira de Ciências – ABC<br />
95