Caderno Pedagógico - Tela Brasil
Caderno Pedagógico - Tela Brasil
Caderno Pedagógico - Tela Brasil
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Quando se lê uma história, quando se ouve uma música, ou mesmo<br />
quando se entra em contato com qualquer outra forma de manifestação<br />
artística, cria-se no público um sentimento... Ou ao menos é essa a intenção<br />
do artista: criar um sentimento a respeito de algo. Podemos pensar os<br />
sentimentos humanos em um plano bidimensional, semelhante a uma rosa<br />
dos ventos, instrumento de orientação utilizado na navegação. Assim como<br />
um bom navegador sabe lidar com a rosa dos ventos, um bom diretor sabe<br />
lidar com os sentimentos humanos ao contar uma história.<br />
“Se uma ideia tem alguma pretensão de virar audiovisual –<br />
seja uma ficção, um documentário, um CD ROM, um trabalho<br />
para a internet –, ela não pode se bastar no tema. Na medida<br />
em que eu tenho uma ideia, já começo a pensar em como olhar<br />
para esse tema. É quase no mesmo instante. Não penso numa<br />
história isolada. De imediato, começo a pensar em que olhar eu<br />
posso depositar sobre esse tema, no que pode ser novo dentro<br />
da abordagem desse tema.<br />
Uma favela, por exemplo: moro numa favela e quero fazer<br />
um documentário lá. Mas de imediato já me preocupa o como<br />
fazer, como esse olhar pode ser singular, diferente de outros<br />
filmes que já foram feitos sobre o mesmo assunto. Vou distribuir<br />
câmeras para as pessoas que moram lá e elas vão filmar<br />
seu próprio cotidiano Vou trabalhar só com comércio e vou<br />
filmar todos os dias da semana, das 10h às 12h, o movimento<br />
ali Enfim, essa ideia de como filmar, de como abordar o tema,<br />
para mim é tão importante quanto a história ou o tema, no<br />
caso do documentário. Uma história sempre pode ser contada<br />
de várias formas. E, para mim, não existe um deslocamento<br />
entre conteúdo e forma. Acho que essas coisas têm que estar<br />
completamente amarradas.” (Kiko Goifman)<br />
12