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Caderno Pedagógico - Tela Brasil

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A junção das partes<br />

“É uma responsabilidade muito grande determinar o que as<br />

pessoas não vão ver. O trabalho do montador é complexo e<br />

longo. Diferente do trabalho de filmagem, que é uma explosão<br />

que acontece naquele momento, o trabalho de montagem é<br />

feito dia após dia. Você mexe no material num dia, depois aprimora<br />

um pouco, no terceiro dia você pensa em outra coisa. É o<br />

momento de definir o que vai ser visto e o que vai ser jogado<br />

fora.” (Paulo Sacramento)<br />

De uma maneira bem simples, podemos dizer que montar é colocar um<br />

plano depois do outro, na ordem imaginada pelo roteiro. Mas, na verdade,<br />

montar é bem mais complexo do que isso. Na montagem, encontramos<br />

um ritmo para as imagens e para os sons que, juntos, criam a atmosfera<br />

do filme. Se, numa cena que deve ser de romance, você colocar uma<br />

música que nada tem de romântica, a atmosfera será modificada – ela<br />

não trará romantismo, mas algo novo. E é preciso estar aberto para perceber<br />

o novo e o diferente.<br />

Também podemos alterar a sequência de eventos do filme (colocar no<br />

começo o que estava no final e vice-versa) e cortar partes que parecem<br />

desnecessárias. Montar um filme é fazer escolhas, descobrir o que realmente<br />

interessa. A tarefa mais difícil para o montador é a de cortar peças<br />

que pareciam fundamentais para a história. Tirar pedaços que eram<br />

considerados essenciais, ao descobrir que não são tão essenciais assim,<br />

porque o filme tomou um rumo diferente por vários motivos.<br />

O trabalho do montador diz respeito à menor unidade do filme, o plano,<br />

e também à maior unidade do filme, a história em si. Na parte “pequena”<br />

(o plano), o montador precisa encontrar um jeito de ligar um plano a outro<br />

mantendo a continuidade de tempo e espaço. Tudo aquilo que o diretor<br />

pensou para conseguir essa continuidade (e tudo aquilo que o continuísta<br />

anotou durante o set) vai ser importante para que o montador tenha poucos<br />

problemas em juntar essas partes separadas e criar um todo coeso,<br />

uniforme. Se o diretor não se preocupou em fazer planos que se articulassem<br />

uns com os outros, ou se o continuísta não percebeu coisas no<br />

set que agora dificultam a montagem, costuma-se dizer que o filme “não<br />

monta”. Claro que isso é apenas uma expressão: ele pode ser montado,<br />

mas não vai ter a continuidade de tempo e espaço imaginada pelo roteiro.<br />

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