Caderno Pedagógico - Tela Brasil

O trabalho do montador começa, normalmente, quando terminam as
gravações (mas vale lembrar que, hoje, com a tecnologia do vídeo
digital, que registra o material em cartões de memória, está ficando
cada vez mais comum o editor trabalhar durante as filmagens). É o
montador que vai juntar os planos gravados para montar as cenas.
Depois, vai organizar essas cenas, dando forma à narrativa. É como
se o editor costurasse pedaços de uma colcha de retalhos ou montasse
um quebra-cabeça.
É durante a montagem que, de fato, se descobre qual filme pode
ser feito. Todas as ideias, os planos, tudo o que foi imaginado pelo
roteirista e depois elaborado e decupado pelo diretor, pela equipe e
pelos atores, começa a se transformar em realidade na tela. E, nesse
momento, as surpresas podem acontecer (e sempre acontecem):
aquilo que era para parecer engraçado pode não ter ficado tão
engraçado quanto você queria. O que era para parecer assustador
não ficou tão assustador assim. Numa cena, uma parte da equipe
aparece no canto, e você fica durante um tempo se perguntando
como ninguém percebeu isso durante a gravação...
Enfim, chegou a hora de montar e descobrir o filme que existe no
material que foi gravado. Algumas coisas que pareciam essenciais
talvez “caiam”, sejam dispensadas. Outras coisas, que você nem
tinha notado, acabam se revelando boas surpresas.
Por exemplo: numa das cenas, depois do “corta”, você percebeu
uma imagem muito boa, um acidente feliz. Algo que não estava
programado para a gravação, mas que ficou tão bom que merece ser
incorporado ao filme. Na ilha de edição, onde se faz a montagem,
descobrimos se o imprevisto foi generoso conosco. Geralmente –
ninguém sabe explicar por que, mas é assim que acontece –, o imprevisto
nos reserva boas coisas: aponta outros caminhos, exige mudanças,
desafia o montador a encontrar novas soluções.
E pode apostar: quanto maior a sintonia da equipe e do elenco,
maior a probabilidade de os bons imprevistos acontecerem. Quando
todos estão atentos e concentrados para contar a história, os momentos
mágicos serão registrados na hora em que acontecerem.
Se a câmera não estiver focada, por exemplo, no ator que chegou à
emoção de que o filme precisa e começou a chorar, a história vai ficar
sem aquela expressão.
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