Caderno Pedagógico - Tela Brasil

Você vai eliminando os problemas até o momento em que o filme
termina. De certa maneira, o filme termina quando você
conseguir eliminar o máximo de problemas que podia - quando
chega ao resultado que deve parecer para quem assiste como
o único resultado possível para o filme, como o único filme. O
espectador tem que assistir àquele filme com uma naturalidade
tão grande que vai ter certeza de que ele foi pensado assim,
sem imaginar o quanto tudo se modificou no trabalho de montagem.”
(Paulo Sacramento)
Muitas vezes, enquanto assiste ao material gravado, o montador já
vai selecionando o que o interessa – de preferência com aquelas
marcações que vieram do set de gravação, do boletim de câmera e
do boletim de continuidade, apontando o time code de cada cena.
Normalmente, o lugar de trabalho de um editor é um computador
equipado com um programa que edita som e imagem. Em vídeo
digital, o processo é simples: o material selecionado pelo montador
pode ser importado diretamente para o computador. Nesse caso,
para ganhar tempo, o montador pode importar apenas aquilo que o
interessa, descartando logo de cara o que com certeza não vai entrar
no resultado final.
É natural que o montador tenha suas dúvidas. O ator repetiu duas
vezes a mesma cena. Qual delas está melhor Aqui, o ator foi muito
bem, mas a câmera tremeu um pouco. Na outra, o ator não foi tão
bem assim, mas a câmera não tremeu. É normal que o montador
coloque esses dois trechos dentro do computador e faça testes: use
primeiro um take, depois o outro. O que é melhor A força de interpretação
do ator, mesmo que a câmera tenha tremido Ou o editor vai
priorizar a melhor imagem, mesmo acompanhada por uma interpretação
não tão boa assim Da mesma forma como acontece com o diretor,
o trabalho do editor é decidir, entre muitas possibilidades, quais
são as melhores para o desenvolvimento e o ritmo da história – para
chegar à ideia do filme e à emoção de que ele precisa.
O corte é o deslocamento instantâneo de um campo de visão para
outro, que acarreta num “pulo” para frente ou para trás, tanto no
tempo quanto no espaço. Cortar é mais que um método de tornar
contínua a descontinuidade, conveniente ao modelo de produção
cinematográfico. O corte é uma influência positiva na criação de um
filme, porque fragmenta o tempo e o espaço para estruturá-los de
forma que reproduzam a atmosfera orientada pelo roteiro.
53