Caderno Pedagógico - Tela Brasil

“O montador é essa figura misteriosa, que chega muitas vezes
depois de tudo ter acontecido, de todas as emoções, depois de
o vulcão ter explodido, para dar um sentido para tudo aquilo. O
filme é uma junção de possibilidades, e o montador é aquele que
determina quais possibilidades viram realidades, o que vai para
a tela. Depois de toda aquela experiência que a equipe viveu, o
montador é quem vai determinar a experiência que o espectador
vai viver. O montador também é o último roteirista do filme.
É o cara que acaba determinando, fazendo os cortes,
as alterações finais, definindo o que está sendo escondido e o
que está sendo revelado, e em que progressão isso acontece.”
(Paulo Sacramento)
Antes de mais nada, o trabalho do montador é assistir a todo o
material que chamamos de bruto. TODO! No primeiro tratamento, o
montador elimina tudo o que, com certeza, não vai entrar no filme.
De cabo a rabo. Coisas que não interessam, que não fazem parte do
contexto, cenas erradas, takes ruins – até esses podem ser importantes
para o montador, porque ali ele pode encontrar algum plano
bom, ou até um instante que vai ajudá-lo na hora de montar a história.
O primeiro passo na montagem é, portanto, assistir atentamente a
tudo o que foi gravado e tomar notas, decidindo o que entra e o que
não entra no resultado final.
“O montador é o espectador privilegiado. É aquele espectador
que pode determinar o que quer ver, em que velocidade, em
que profundidade. Ele é o alter ego do espectador. A gente lida
com o que deveria chegar nas mãos dessa pessoa. E a gente
também é um pouco diplomata, que tem que lidar com o diretor,
com as ansiedades, com as dificuldades. Normalmente, o
diretor está trabalhando há muito tempo no filme, tem uma
expectativa muito grande, uma entrega de forças ali que é
descomunal. E você tem que ser o melhor amigo dele. Tem
que ser o cara que dá o amparo, traz soluções, não fica só
mostrando problemas, embora o olhar do montador seja muito
o olhar da procura dos problemas.
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