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<strong>Manual</strong> <strong>Valores</strong> <strong>do</strong> <strong>Esporte</strong> <strong>Sesi</strong><br />

Há então uma transvalorização – expressão de uso em filosofia – em que<br />

surge uma nova fonte de referência para ideais e julgamentos socioculturais,<br />

que, no caso da inclusão, tem passa<strong>do</strong> de preconceitos e desvalorização<br />

de certos grupos sociais para seus opostos. A própria dinâmica<br />

sociocultural e suas demandas vão produzin<strong>do</strong> uma dupla hermenêutica<br />

na relação esporte e cultura, dan<strong>do</strong> novas sínteses, novas significações,<br />

na medida em que o esporte é, ao mesmo tempo, produtor e reprodutor<br />

de senti<strong>do</strong>s.<br />

Na área <strong>do</strong> esporte, o exemplo histórico a citar é o <strong>do</strong> barão Pierre de<br />

Coubertin que, segun<strong>do</strong> DaCosta (2006), para consolidar o esporte vin<strong>do</strong><br />

da Inglaterra <strong>do</strong> século XIX, dan<strong>do</strong>-lhe uma amplitude universal (“to<strong>do</strong>s<br />

os esportes, todas as nações”), transvalorizou o atleticismo da Grécia<br />

Antiga atribuin<strong>do</strong>-lhe novos valores e significa<strong>do</strong>s. Daí a sobreposição da<br />

palavra “valor” nos textos deste restaura<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos da era<br />

moderna, com as expressões “princípios” e “ideais”.<br />

Significativamente, Coubertin é o inventor da expressão “<strong>Esporte</strong> para<br />

To<strong>do</strong>s” como também se dedicou ao esporte <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r após deixar<br />

o Comitê Olímpico Internacional, também funda<strong>do</strong> por ele, em mea<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s anos de 1920. As valorizações positivas, assim sen<strong>do</strong>, foram as <strong>do</strong><br />

indivíduo não-atleta e <strong>do</strong> proletaria<strong>do</strong> constituí<strong>do</strong> pela classe trabalha<strong>do</strong>ra<br />

européia. Contu<strong>do</strong>, a visão coubertiniana é mais de valores <strong>do</strong> esporte <strong>do</strong><br />

que no esporte, uma vez que o Barão em sua jornada de vida manteve<br />

seus preconceitos contra a mulher no esporte (MIRAGAYA, 2006), que<br />

será relatada no capítulo que se segue, como também não alcançou com<br />

seu ideário os deficientes físicos. Consideran<strong>do</strong> as relações esporte, sociedade<br />

e cultura, tal posicionamento reflete não somente o lugar social<br />

ocupa<strong>do</strong> pelo barão, mas o próprio contexto temporal e <strong>do</strong> direito civil<br />

ocidental, que não contemplavam na sua mais ampla dimensão a diversidade<br />

e a pluralidade como princípios incorpora<strong>do</strong>res da inclusão social,<br />

frutos de um longo perío<strong>do</strong> de conscientização, lutas, reivindicações, discussões<br />

e novas configurações.<br />

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