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Cinema série ípsilon II Sexta-feira, dia 9 de Abril, o DVD “A Esquiva”, de Abdellatif Kechiche Todas as sextas, por €1,95. 20 anos “Ruínas”: o país revisitado pela noção de perda Estreiam Terra sem vida Portugal revisitado pela noção de perda, substituindo à monumentalidade da História a anonimidade do fragmento irrisório. Mário Jorge Torres Ruínas + Canção de Amor e Saúde Ruínas De Manuel Mozos MMMMn Lisboa: Medeia King: Sala 3: 5ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 17h, 22h 6ª 22h; Porto: Medeia Cine Estúdio do Teatro Campo Alegre: Cine-Estúdio: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 18h30, 22h; “Com estes fragmentos escorei as minhas ruínas” T.S. Eliot, “The Waste Land” Manuel Mozos ocupa no panorama do actual cinema português um lugar singular: por um lado, o de construtor de arrojadas ficções que inscrevem um olhar renovador na geografia de uma Lisboa proletária, marginal e povoada por oníricos sinais, entre a (im)perfeita completude dessa obra-prima impura e dialéctica que dá pelo nome de um herói desgarrado, “Xavier” (1992, mas estendendo-se As estrelas do público Jorge Mourinha Luís M. Oliveira Mário J. Torres Vasco Câmara Alice no País das Maravilhas mmnnn mmmmn mmmmn mmnnn Amar é Complicado nnnnn nnnnn mnnnn mnnnn Cinerama mnnnn mnnnn mnnnn nnnnn Fora de Controlo mmmnn nnnnn mmnnn nnnnn Lembra-te de Mim nnnnn nnnnn mnnnn nnnnn Parnassus - O Homem que Queria Enganar o Diabo mmmnn nnnnn nnnnn mnnnn Ruínas mmmmn mmmmn mmmmn mmmnn Solomon Kane nnnnn nnnnn A nnnnn Shutter Island mmmmn nnnnn mmmnn mnnnn Um Sonho Possível nnnnn nnnnn mmnnn nnnnn ao longo de anos de difícil produção, para estrear demasiado tarde, de modo a poder entender-se a sua radical importância), o curioso fracasso de uma obra confusa e algo megalómana como “Quando Troveja” (1999) e o recente descentramento de “Quatro Copas” (2008), a traçar uma visão suburbana, quase irreconhecível, do seu mundo de fantasmas vivos, ao encontro do quotidiano moderno; por outro, o de rigoroso documentarista, oscilando entre o brilho incontroverso da “biografia cultural” (“José Cardoso Pires – Diário de Bordo”, 1998) e o fascínio pela colagem arquivística, mas infinitamente criativa, de pequenas preciosidades históricas: o magnífico “Cinema Português?” (1997) ou o inventivo “Censura: Alguns Cortes” (1999), um dos mais transversos e importantes olhares sobre as intrínsecas contradições do Estado Novo. Este intróito revela-se fundamental para falar de “Ruínas”, na medida em que este filme-ensaio funciona na curta obra de Mozos como súmula de todo o seu universo conceptual. Se não vejamos: o filme assume-se como “biografia” subterrânea de um país condenado pelo abandono da memória, transformada em lixo cultural; faz da “collage” modernista o seu método caótico de investigação sobre um passado contraditório e algo desconexo; inscreve nos intervalos de um documentário aleatório e prospectivo o desejo de ficções miniaturais, tendentes a recompor um retrato de meio-corpo de personagens ausentes e perdidas na voragem do tempo: os habitantes anónimos daquele sanatório gigantesco que agride a paisagem da Serra da Estrela, feito esqueleto de uma doença passada, mas perpetuado pela permanência dos seus sinais físicos na paisagem; os actores fantasmáticos daquele Parque Mayer desertificado no centro de uma Lisboa transformada em lixo urbano e transtornada por um progresso sem sentidos; os turistas “mortos” da ribatejana Estalagem Gado Bravo, de que saltaram letras da insígnia identificativa, numa tétrica “natureza morta” povoada por dejectos e por restos quase fossilizados de caveiras de animais; os frescos modernistas de um restaurante em Monsanto, com panorama sobre a capital do Império perdido, como se ainda convidassem a lautos banquetes de tempos que já lá vão e não voltarão nunca mais; as viagens impossíveis de chegada à estação de Barca de Alva, desactivada e inoperante, no coração do Douro Internacional, com carruagens enferrujadas e marcas de uma impotência atávica em operar uma arqueologia da memória; os vestígios desfeitos de uma mina abandonada que sinaliza o impasse de uma produção obsoleta de riquezas miríficas. Há riscos neste retrato de um país “arruinado” e inútil (ou inutilizado?) visto a partir da incúria de um património menor? Há e muitos, mas Mozos tem consciência do jogo da (in)glória que desenha, evitando a demagogia fácil das imagens de decadência, como se procurasse ver Portugal pelo lado das inevitáveis “derrotas”. O que se torna fascinante é o modo como toma partido, deixando em aberto a perspectiva crítica de cada espectador, embora conduzindo sempre o seu olhar com implacável direccionalidade. Se existe possível rima interna, subjacente a este projecto, ela faz-se com Manoel de Oliveira, como se se tratasse de um contraponto documental a “Non, ou a Vã Glória de Mandar”: o país revisitado pela noção de perda, substituindo à monumentalidade da História a anonimidade do fragmento irrisório, tornado significativo pela acumulação geográfica de gestos sem saída. Ao Portugal dos Pequenitos que um arquitecto do antigamente construíra para glorificar uma ridícula noção do património imaginário, apõe Mozos um Portugal dos “Grandes”, devastado e espectral, monstruoso porque verdadeiro. Haverá quem conteste que esta negatividade passa por alguma pretensão poética, uma poética pobre, contraditada (mas também acentuada) pelo certeiro recurso à textualidade de Ruy Belo, por exemplo, um poeta da “habitação” e do território. Uma coisa não podemos negar: estamos perante uma corajosa frontalidade, perante a nossa incapacidade de lidar com a pequena História de nós, com o terror de termos de escorar a nossa realidade entre ruínas. E regressamos, para concluir, a T. S. Eliot, citado, como na epígrafe, da tradução portuguesa de Maria Amélia Neto: “Penso que estamos na viela dos ratos/Onde os mortos perderam os seus ossos”. Continuam Um Sonho Possível The Blind Side De John Lee Hancock, com Sandra Bullock, Tim McGraw, Quinton Aaron. M/12 MMNNN Lisboa: Atlântida-Cine: Sala 1: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 15h30, 21h30 Sábado Domingo 15h30, 18h15, 21h30; Castello Lopes - Loures Shopping: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 15h50, 18h40, 21h20, 00h10; CinemaCity Alegro Alfragide: Sala 8: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h50, 16h25, “Um Sonho Possível”: o apelo aos valores éticos da Nação americana 42 • Sexta-feira 2 Abril 2010 • Ípsilon
aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente Festival Pedro Costa é, a par do húngaro Miklos Jancso, um dos cineastas em destaque na 11ª edição do Jeonju International Film Festival (29 de Abril a 7 de Maio), na Coreia do Sul. A obra do português vai ser alvo de uma retrospectiva que passará pela publicação – em inglês e coreano – de dissertações e críticas por parte de realizadores e críticos reconhecidos internacionalmente. Na programação também constam a exibição de excertos inutilizados de filmes como “No Quarto de Vanda” e “Juventude em Marcha” e sessões de perguntas e respostas com o realizador. 18h55, 21h35, 00h05; CinemaCity Beloura Shopping: Cinemax: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h50, 16h25, 18h55, 21h45, 00h15; CinemaCity Campo Pequeno Praça de Touros: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 16h20, 18h55, 21h40, 00h15; Medeia Saldanha Residence: Sala 6: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; UCI Cinemas - El Corte Inglés: Sala 12: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 14h10, 16h45, 19h15, 21h45, 00h15 Domingo 11h30, 14h10, 16h45, 19h15, 21h45, 00h15; UCI Dolce Vita Tejo: Sala 9: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 16h30, 19h15, 21h45, 00h25; ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 16h10, 19h, 21h50, 00h30; ZON Lusomundo CascaiShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20; ZON Lusomundo Colombo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h05, 15h50, 18h40, 21h25, 00h15; ZON Lusomundo Oeiras Parque: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h05, 15h55, 18h40, 21h30, 00h15; Castello Lopes - Rio Sul Shopping: Sala 3: 5ª 2ª 3ª 4ª 15h20, 18h10, 21h20, 24h 6ª Sábado Domingo 12h40, 15h20, 18h10, 21h20, 24h; ZON Lusomundo Almada Fórum: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h40, 18h20, 21h20, 00h10; ZON Lusomundo Fórum Montijo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h15, 16h10, 18h45, 21h25, 00h10; Porto: Arrábida 20: Sala 16: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 16h40, 19h20, 22h, 00h40; ZON Lusomundo Dolce Vita Porto: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h,19h, 21h50, 00h35; ZON Lusomundo NorteShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h30, 15h40, 18h40, 21h20, 00h15; ZON Lusomundo Parque Nascente: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 15h50, 18h30, 21h10, 23h50; ZON Lusomundo Glicínias: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 17h30, 21h10, 00h10; De cada vez que a América muda de rumo ideológico e sobe ao poder uma administração mais liberal, aflora na produção ficcional dominante a sombra idealista de Frank Capra, representante da recuperação rooseveltiana da Grande Depressão, na década de 30. Aconteceu, assim, nos tempos de Clinton e repete-se agora neste “Um Sonho Possível”, veículo por medida para uma estrelinha (a possível, nos tempos que vão correndo), Sandra Bullock, com os resultados conhecidos em termos dos Óscares. O “sonho americano” aparece mitigado por alguma parcimónia, mas a “mensagem” resulta clara e inequívoca: é possível a um rapazinho negro, sem abrigo e filho de uma família disfuncional, aspirar ao triunfo como grande nome do futebol americano. Filme sem grandes complexidades, simpático e despretensioso, “Um Sonho Possível” joga com lágrimas e sorrisos (quanto bastem), tendo em vista um objectivo único e bem explicitado, o de fazer renascer as esperanças em tempo de crise. Nada de novo, nada de muito excitante, mas o suficiente para apelar aos valores éticos da nação americana, a fim de apaziguar consciências e de realizar o “milagre por uns dias”. M.J.T. Parnassus - O Homem que Queria Enganar o Diabo The Imaginarium of Dr. Parnassus De Terry Gilliam, com Johnny Depp, Heath Ledger, Jude Law, Colin Farrell, Christopher Plummer, Tom Waits. M/12 MNNNN Lisboa: Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 1: 5ª 16h10, 18h50, 21h40, 00h10 6ª Sábado 13h20, 16h10, 18h50, 21h40, 00h10 Domingo 13h20, 16h10, 18h50, 21h40 2ª 3ª 4ª 16h10, 18h50, 21h40; CinemaCity Classic Alvalade: Sala 3: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 16h20, 18h40, 21h30 6ª Sábado 14h, 16h20, 18h40, 21h30, 24h; Medeia King: Sala 3: 5ª 6ª Sábado 2ª 19h30, 00h30 Domingo 3ª 4ª 19h30; Medeia Monumental: Sala 1: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 16h45, 19h15, 21h45, 00h15; UCI Cinemas - El Corte Inglés: Sala 5: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 14h05, 16h45, 19h25, 22h, 00h30 Domingo 11h30, 14h05, 16h45, 19h25, 22h, 00h30; ZON Lusomundo Alvaláxia: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª CICLO JAZZ GALP TER 06 ABR 22:00 SALA SUGGIA € 30 TO BILLY WITH LOVE A Celebration of «Lady Day» Dee Dee Bridgewater é uma exploradora que se move tão à vontade no repertório americano como na canção francesa, no teatro musical e nas origens africanas do jazz. O seu novo álbum volta-se para as canções imortalizadas por Billie Holiday e assinala os 50 anos desde o desaparecimento prematuro da cantora lendária. www.casadamusica.com | www.casadamusica.tv | T 220 120 220 MEDIA PARTNERS MECENAS CICLO JAZZ MECENAS CASA DA MÚSICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA SEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL COMPLETO NA CASA DA MÚSICA E GANHE UM CONVITE DUPLO PARA ESTE CONCERTO. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES. Ípsilon • Sexta-feira 2 Abril 2010 • 43
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