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Lusitano de Zurique

Edição de Julho/Agosto

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24 <strong>Lusitano</strong> <strong>de</strong> <strong>Zurique</strong> Memória<br />

Julho/Agosto 2015<br />

A Lei da Descolonização<br />

Completam-se por estes<br />

dias 41 anos. Em Julho <strong>de</strong> 1974,<br />

já com Vasco Gonçalves como<br />

primeiro-ministro, António <strong>de</strong><br />

Spínola, então chefe <strong>de</strong> Estado,<br />

viu-se forçado a assinar a Lei nº<br />

7/741, cujo teor recusara na discussão<br />

na Pontinha, na sequência<br />

do 25 <strong>de</strong> Abril, levando à alteração<br />

do Programa do MFA,<br />

mca<strong>de</strong>mar@gmail.com<br />

tornando-o ambíguo no que à <strong>de</strong>scolonização<br />

respeita. A verda<strong>de</strong>,<br />

Texto :<br />

Carlos A<strong>de</strong>mar porém, é que, com a excepção da<br />

Fotos:<br />

Guiné, após o 25 <strong>de</strong> Abril, a guerra<br />

não só não acalmou, como recru<strong>de</strong>sceu<br />

em Moçambique e em An-<br />

Alfredo Cunha (*)<br />

gola. O número <strong>de</strong> baixas do lado<br />

português foi consi<strong>de</strong>ravelmente mais elevado do que<br />

o verificado nos primeiros meses do ano2. Samora Machel,<br />

o lí<strong>de</strong>r da Frelimo, não podia ser mais explícito,<br />

quando num discurso proferido a 8 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1974<br />

1 César Oliveira, Portugal, dos quatro cantos do Mundo à Europa – A<br />

<strong>de</strong>scolonização (1974-1976), ensaios e documentos. Lisboa: Edições Cosmos,<br />

1996, p. 85.<br />

2 Maria José Tíscar Santiago, O 25 <strong>de</strong> Abril e o Conselho <strong>de</strong> Estado…,<br />

p. 62.<br />

afirmou: «Devemos intensificar e ampliar as zonas da<br />

luta armada para a libertação nacional. (…) Os acontecimentos<br />

que acabam <strong>de</strong> ocorrer em Portugal estão<br />

intimamente ligados ao <strong>de</strong>senvolvimento da nossa<br />

luta armada»3. A 28 <strong>de</strong> Junho, o dirigente máximo do<br />

MPLA, Agostinho Neto, afirmou recusar o referendo<br />

que a Metrópole queria impor, <strong>de</strong>ntro da estratégia <strong>de</strong>fendida<br />

em Portugal e o Futuro <strong>de</strong> Spínola. O lí<strong>de</strong>r da<br />

UNITA, Jonas Savimbi, foi mais longe, porquanto, não<br />

só recusou o referendo nos mol<strong>de</strong>s propostos, como<br />

requereu eleições locais mal fossem conseguidas as<br />

condições <strong>de</strong> paz necessárias para as realizar, visando<br />

a constituição da Assembleia Legislativa4.<br />

A pressão continuava a chegar <strong>de</strong> África, mas<br />

não apenas a partir dos movimentos <strong>de</strong> libertação.<br />

Também as tropas portuguesas, das diversas frentes,<br />

iam dando conta da necessida<strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> se iniciarem<br />

as conversações tendo em vista o estabelecimento<br />

da paz. O impasse que se verificava na Metrópole<br />

face à <strong>de</strong>scolonização, levou a tensões que geraram<br />

ultimatos, como o que <strong>de</strong> seguida se expõe: «Ou vocês<br />

3 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

4 Henrique Barrilaro Ruas, (dir. e coor.), A Revolução das Flores - Governo<br />

<strong>de</strong> Palma Carlos…, p. 192.

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