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Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das ...

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Carvão vegetalO setor si<strong>de</strong>rúrgico brasileiro é altamente competitivo,participan<strong>do</strong> com expressivos valores nas exportaçõesbrasileiras <strong>de</strong> aço. Uma significativa parte<strong>do</strong> custo <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> ferro gusa vem da matériaprimautilizada, que é elemento indispensável aoprocesso <strong>de</strong> redução <strong>do</strong> minério <strong>de</strong> ferro: o carvãovegetal.Atualmente, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Instituto Aço Brasilreferentes ao ano <strong>de</strong> 2009, o parque produtor <strong>de</strong>aço brasileiro, um <strong>do</strong>s mais mo<strong>de</strong>rnos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, éconstituí<strong>do</strong> por 27 usinas, sen<strong>do</strong> que 12 integra<strong>das</strong>(a partir <strong>do</strong> minério <strong>de</strong> ferro) e 15 semi-integra<strong>das</strong> (apartir <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ferro gusa com a sucata), administra<strong>das</strong>por oito grupos empresariais. Em 2009, aprodução total <strong>de</strong> aço bruto, segun<strong>do</strong> o mesmo instituto,foi <strong>de</strong> 26,5 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>das</strong>, o que colocao Brasil como o 15º exporta<strong>do</strong>r mundial <strong>de</strong> aço. Destaca-seque os principais consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> aço sãoos setores da construção civil, automotivo, bens <strong>de</strong>capital, máquinas e equipamentos (incluin<strong>do</strong> agrícolas),utilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>mésticas e comerciais.O setor <strong>de</strong> si<strong>de</strong>rurgia, mais especificamente asindústrias <strong>de</strong> ferro gusa, utiliza o carvão vegetalcomo parte <strong>de</strong> sua matriz <strong>de</strong> termo-redução. Ospólos guseiros experimentaram, nos últimos 10anos, um aumento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 50% no consumo <strong>do</strong>carvão vegetal, sen<strong>do</strong> que <strong>de</strong>ste acréscimo apenasmeta<strong>de</strong> é produzi<strong>do</strong> com base em florestas planta<strong>das</strong>.O maior aumento tem si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> no pólo<strong>de</strong> Carajás, localiza<strong>do</strong> nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Maranhão ePará e, recentemente, no Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (Abraf,2008). Destaca-se ainda os fornos localiza<strong>do</strong>s na regiãopróxima a Belo Horizonte, no município <strong>de</strong> SeteLagoas, que <strong>de</strong>mandam uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>matéria-prima <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>s vizinhos, como a Bahia.Diante da oferta <strong>de</strong> carvão vegetal, as indústrias<strong>de</strong> ferro gusa ainda não têm investi<strong>do</strong> em florestasplanta<strong>das</strong> o suficiente <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r às suas necessida<strong>de</strong>s,alegan<strong>do</strong> o custo eleva<strong>do</strong> se com<strong>para</strong><strong>do</strong> aodaquele <strong>de</strong> origem nativa, seja ele legal (oriun<strong>do</strong> <strong>de</strong>supressão autorizada) ou ilegal. No merca<strong>do</strong>, a ofertada matéria prima oriunda <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento acabaprejudican<strong>do</strong> a atração <strong>do</strong> setor <strong>para</strong> a plantação <strong>de</strong>florestas.O Código Florestal <strong>de</strong>termina, em seus art. 20 e21, que as empresas que usam matéria-prima florestal,como as que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> carvão vegetal, <strong>de</strong>vemmanter florestas próprias <strong>para</strong> suprimento <strong>de</strong>suas <strong>de</strong>man<strong>das</strong>. Embora essa reposição florestal sejaprevista em lei, ela não tem si<strong>do</strong> cumprida por váriossegmentos econômicos. Dessa forma, as ações<strong>de</strong> fiscalização visan<strong>do</strong> coibir o <strong>de</strong>smatamento ilegalsão necessárias. E, nesse senti<strong>do</strong>, em 2008, o Ibamamultou 60 si<strong>de</strong>rúrgicas produtoras <strong>de</strong> ferro gusa nosEsta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e EspíritoSanto, pelo consumo <strong>de</strong> 800.000 m³ <strong>de</strong> carvãovegetal <strong>de</strong> origem irregular, soman<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> R$400 milhões em multas. Em 2009, como parte <strong>do</strong>s esforçostambém <strong>do</strong> Ibama <strong>de</strong>ntro da primeira versão<strong>do</strong> PPCerra<strong>do</strong>, foi realizada a Operação Corcel Negro,que interceptou o uso <strong>de</strong> carvão vegetal <strong>de</strong> origemirregular pelas empresas <strong>de</strong> ferro gusa no País.Para que haja maior expansão <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> carvãoprovenientes <strong>de</strong> plantio, é importante que osinstrumentos <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle sejam acompanha<strong>do</strong>s<strong>de</strong> estímulos creditícios e outros.Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s pelo Centro <strong>de</strong> CooperaçãoInternacional <strong>de</strong> Pesquisa Agronômica <strong>para</strong>o Desenvolvimento (Cirad, 2007), houve um crescimentono consumo <strong>de</strong> carvão vegetal a partir <strong>de</strong>2003 e, em 2006, o Brasil consumiu 35.125.000 mdc 2, <strong>do</strong>s quais 49% são provenientes <strong>de</strong> vegetação nativa.Para Martins (2007), existe um déficit <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraplantada no Brasil, o que gera pressão nas áreas comvegetação nativa. Estima-se que a indústria si<strong>de</strong>rúrgicamineira apresente um déficit <strong>de</strong> carvão vegetaloriun<strong>do</strong> da floresta plantada <strong>de</strong> 41,5% <strong>do</strong> total consumi<strong>do</strong>.Boa parte é suprida por material proveniente<strong>de</strong> Goiás, Tocantins e Bahia.2 mdc = metro <strong>de</strong> carvão, é consi<strong>de</strong>rada uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida não formal, mas muito utilizada <strong>para</strong> representar volume <strong>de</strong> carvão.1mdc equivale a aproximadamente 2m³ <strong>de</strong> lenha/ma<strong>de</strong>ira. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da espécie e <strong>do</strong> rendimento gravimétrico na fabricação <strong>do</strong> carvão,essa equivalência se altera.54

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