No final <strong>do</strong> Pleistoceno - época <strong>de</strong> extinção damegafauna - ocorreram mudanças na vegetação,como o aumento da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materialcombustível. Alia<strong>do</strong> à maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse, osprimitivos caça<strong>do</strong>res faziam uso <strong>do</strong> fogo, possivelmenteocasionan<strong>do</strong> a frequência <strong>de</strong> incêndios. O perío<strong>do</strong><strong>do</strong> médio Holoceno foi seco e quente, caracteriza<strong>do</strong>pela redução <strong>de</strong> áreas florestais e ocorrência<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s incêndios com baixa frequência. Já nofinal <strong>do</strong> Holoceno, com a chegada <strong>de</strong> índios horticultorese caça<strong>do</strong>res, o fogo foi utiliza<strong>do</strong> na caça e naprática da agricultura itinerante.Com a presença humana, o regime <strong>de</strong> fogo mu<strong>do</strong>u,aumentan<strong>do</strong> sua frequência, ocorren<strong>do</strong> a cada5 a 10 anos com concentração <strong>das</strong> queima<strong>das</strong> noinício e no meio da estação seca. Finalmente, coma chegada <strong>do</strong>s coloniza<strong>do</strong>res ao Brasil Central, háaproximadamente 400 anos, o fogo <strong>para</strong> renovação<strong>das</strong> pastagens passa a ser o uso pre<strong>do</strong>minante <strong>para</strong>pre<strong>para</strong>ção da terra, acarretan<strong>do</strong> o aumento na frequência<strong>de</strong> queima<strong>das</strong> no Cerra<strong>do</strong>.Nos dias atuais, a ocorrência <strong>de</strong> incêndios no biomaCerra<strong>do</strong> ocasiona diferentes danos <strong>para</strong>:- a vegetação e a fauna (biodiversida<strong>de</strong>);- a paisagem;- o solo, a água e o ar (ciclagem <strong>de</strong> nutrientes);- as instalações agrícolas e os cultivos;- a saú<strong>de</strong> humana.A dimensão e a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s impactos causa<strong>do</strong>spelo fogo no Cerra<strong>do</strong> são modula<strong>das</strong> por diferentesfatores que po<strong>de</strong>m ser agrupa<strong>do</strong>s em quatroclasses:- fatores climáticos (incontroláveis): ocorrência<strong>de</strong> raios, <strong>de</strong> gea<strong>das</strong>, <strong>de</strong> veranicos, <strong>de</strong> baixa umida<strong>de</strong>,<strong>de</strong> seca prolongada, <strong>de</strong> ventos mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s/fortes;- fatores vegetacionais (parcialmente manejáveis):presença <strong>de</strong> camada contínua <strong>de</strong> capim (combustívelfino), acúmulo <strong>de</strong> combustíveis (histórico <strong>de</strong>queima), competição entre os estratos herbáceo earbóreo, heterogeneida<strong>de</strong> espacial da vegetação,ocorrência <strong>de</strong> espécies e comunida<strong>de</strong>s resistentes esensíveis ao fogo, presença <strong>de</strong> espécies invasoras;- fatores edáficos (parcialmente manejáveis):reduzida matéria orgânica (isolante térmico) concentração<strong>de</strong> biomassa subterrânea, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>abrigos (p. ex. tocas <strong>de</strong> tatus termiteiros) presença<strong>de</strong> espécies fossoriais, hipógeas, topografia plana ouaci<strong>de</strong>ntada;- fatores culturais (parcialmente manejáveis):uso <strong>do</strong> fogo como instrumento <strong>de</strong> manejo, percepção<strong>do</strong>s impactos ambientais <strong>do</strong> fogo, percepção <strong>do</strong>papel ecológico <strong>do</strong> fogo, cuida<strong>do</strong>s na prevenção <strong>do</strong>fogo, técnicas <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> fogo.O fogo é bastante dissemina<strong>do</strong> como instrumento<strong>de</strong> manejo agropecuário no meio rural <strong>para</strong>renovação <strong>de</strong> pastagens, abertura <strong>de</strong> novas áreas emesmo o controle <strong>de</strong> pragas. Como prática no meiorural, o uso <strong>do</strong> fogo é permiti<strong>do</strong> em perío<strong>do</strong> específico,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que autoriza<strong>do</strong> pelo órgão ambiental competente,realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma controlada e seguin<strong>do</strong>um plano pré-elabora<strong>do</strong> e em observância às normas(Decreto nº 2.661/1998). Mais comum, entretanto,é o uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>do</strong> fogo, quer como resulta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>scui<strong>do</strong> no seu manuseio, quer como ato intencional,afetan<strong>do</strong> áreas produtivas e <strong>de</strong> conservação.57
Os incêndios florestais po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> origem naturalou antrópica. Esses últimos, que representam amaioria <strong>do</strong>s eventos, ocorrem mais frequentementedurante a estação seca, sobretu<strong>do</strong> no final <strong>de</strong>ssa. Jáos <strong>de</strong> origem natural, que acontecem há milhões <strong>de</strong>anos no Cerra<strong>do</strong> no início da estação chuvosa, sãofrequentes, afetam extensões menores e fazem parte<strong>do</strong>s processos ecológicos.De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> INPE, o ano <strong>de</strong> 2010 estásen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> mais seco <strong>do</strong> que o ano <strong>de</strong> 2009.Os focos <strong>de</strong> queima em áreas protegi<strong>das</strong> aumentaram275% em relação ao mesmo perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano anterior.O Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Prevfogo 1 <strong>do</strong>Ibama registrou que a área queimada por incêndiosflorestais nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação fe<strong>de</strong>rais foi<strong>de</strong> 10.823 ha em 2009, o que representa uma redução<strong>de</strong>, aproximadamente, 90% em relação à áreamédia queimada no perío<strong>do</strong> 2005-2008.Contu<strong>do</strong>, <strong>para</strong> o ano <strong>de</strong> 2010 ainda não foramgera<strong>das</strong> as estimativas <strong>de</strong> área queimada nas unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> conservação fe<strong>de</strong>rais. Os incêndios queocorreram em agosto <strong>de</strong> 2010 e queimaram aproximadamente90% <strong>do</strong> Parque Nacional da Emas (GO),e cerca <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> Parque Nacional da Serra da Canastra(MG), somente <strong>para</strong> citar alguns, indicam queeste foi um ano crítico <strong>para</strong> as áreas <strong>de</strong> conservaçãono Cerra<strong>do</strong>.Em agosto <strong>de</strong> 2009, foram <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s 7.412 focos<strong>de</strong> queima, sen<strong>do</strong> que <strong>para</strong> o mesmo perío<strong>do</strong>em 2010 foram <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s 28.608 focos <strong>de</strong> queima(Figura 14). Contu<strong>do</strong>, o aumento <strong>de</strong> focos <strong>de</strong> queimaem agosto <strong>de</strong> 2010, com<strong>para</strong>tivamente ao mesmomês <strong>do</strong> ano anterior, <strong>de</strong>ve ser analisa<strong>do</strong> com cautela,visto que as condições climatológicas, principalmentepluviométricas, nesses <strong>do</strong>is anos foram significativamentedistintas.Figura 14. Com<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s focos <strong>de</strong> queima acumula<strong>do</strong>s nos meses <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2009 e <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong>2010.1 PREVFOGO: Sistema Nacional <strong>de</strong> <strong>Prevenção</strong> e Combate aos Incêndios Florestais.58
- Page 2 and 3:
Plano de Ação paraPrevenção e C
- Page 4:
Foto: Rui Faquini
- Page 7 and 8: 6Foto: Rui Faquini
- Page 9 and 10: Durante a 15ª Conferência das Par
- Page 11 and 12: COMPONENTES1. Controle e Monitorame
- Page 13 and 14: Principais ações- Disponibilizaç
- Page 15 and 16: Políticas de ocupação e o desenv
- Page 17 and 18: No seu primeiro momento de execuç
- Page 19 and 20: 18Figura 1 - Distribuição do biom
- Page 21 and 22: 2.1 ASPECTOS BIÓTICOSno sul de Lá
- Page 23 and 24: Segundo o Sistema Brasileiro de Cla
- Page 25 and 26: 2.2 ASPECTOS FÍSICOSO Cerrado apre
- Page 27 and 28: Foto: Palê Zuppani26
- Page 29 and 30: 2.3 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOSE CULT
- Page 31 and 32: Foto: Rui FaquiniA modernização a
- Page 33 and 34: 3. DIAGNÓSTICO DOPROBLEMANo Brasil
- Page 35 and 36: características de ocorrências de
- Page 37 and 38: O “Projeto de Monitoramento do De
- Page 39 and 40: A partir da análise do desmatament
- Page 41 and 42: Os dados do monitoramento revelaram
- Page 43 and 44: As Áreas de Proteção Ambiental (
- Page 45 and 46: 44Foto: Zig Koch
- Page 47 and 48: Foto: Rui FaquiniApesar da extensa
- Page 49 and 50: SojaFoto: Rui FaquiniSegundo o Cens
- Page 51 and 52: Dependendo da demanda, há expansã
- Page 53 and 54: PecuáriaDesde os anos 1970, o Bras
- Page 55 and 56: Carvão vegetalO setor siderúrgico
- Page 57: 3.2 MONITORAMENTO E DINÂMICADAS QU
- Page 61 and 62: Os dados do INPE revelam ainda que
- Page 63 and 64: Foto: Fernando Pinheiro62
- Page 65 and 66: Em consonância com a evolução da
- Page 67 and 68: Para cada município beneficiado no
- Page 69 and 70: 3.3 MUDANÇA DO CLIMA EDESMATAMENTO
- Page 71 and 72: A Tabela 11 mostra que, para o per
- Page 73 and 74: É relevante registrar também que
- Page 75 and 76: 4. Gestão Territorial eAmbiental n
- Page 77 and 78: 4.1.1 OS ZONEAMENTOS ECONÔMICOS EE
- Page 79 and 80: Os ZEEs estaduais devem indicar dis
- Page 81 and 82: Foto: Fernando Gambarine- Bacia Hid
- Page 83 and 84: A concessão dos incentivos ocorre
- Page 85 and 86: 4.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃOAs uni
- Page 87 and 88: Figura 20. Participação das Área
- Page 89 and 90: Figura 21. Categorias das Unidades
- Page 91 and 92: Figura 22. Mapa das Terras Indígen
- Page 93 and 94: Além disso, a manutenção de esp
- Page 95 and 96: 4.5.1 A DESCENTRALIZAÇÃO DA GEST
- Page 97 and 98: 4.5.2 A GESTÃO FLORESTAL NO CERRAD
- Page 99 and 100: 4.5.3 MANEJO FLORESTAL NO CERRADOAT
- Page 101 and 102: 5. O PPCerrado e a PolíticaNaciona
- Page 103 and 104: 6. O PPCerrado e o ProgramaCerrado
- Page 105 and 106: Tabela 16. Relação das ações do
- Page 107 and 108: 7.1 CAUSAS CRÍTICAS DODESMATAMENTO
- Page 109 and 110:
8. O Plano8.1 OBJETIVO GERAL DO PLA
- Page 111 and 112:
8.3 DIRETRIZES ESTRATÉGICASPara a
- Page 113 and 114:
8.5 GOVERNANÇAO PPCerrado é o ins
- Page 115 and 116:
8.7 ARTICULAÇÃO DE PARCERIAS EPAC
- Page 117 and 118:
Além das áreas de conservação,
- Page 119 and 120:
9. O PLANO OPERATIVOPLANO DE AÇÃO
- Page 121 and 122:
Macro Objetivo 1: Fomentar a planta
- Page 123 and 124:
Ação Estratégica Indicador2.1. E
- Page 125 and 126:
PLANO DE AÇÃO PARA PREVENÇÃO E
- Page 127 and 128:
Macro Objetivo 3: Aumentar a produt
- Page 129 and 130:
Macro Objetivo 3: Aumentar a produt
- Page 131 and 132:
Macro Objetivo 4: Ampliar e qualifi
- Page 133 and 134:
Ação Estratégica Indicador5.1. E
- Page 135 and 136:
PLANO DE AÇÃO PARA PREVENÇÃO E
- Page 137 and 138:
PLANO DE AÇÃO PARA PREVENÇÃO E
- Page 139 and 140:
Ação Estratégica Indicador7.7. D
- Page 141 and 142:
Macro Objetivo 8: Fortalecer a fisc
- Page 143 and 144:
Ação Estratégica Indicador9.1. I
- Page 145 and 146:
Macro Objetivo 10: Aprimorar a prev
- Page 147 and 148:
PLANO DE AÇÃO PARA PREVENÇÃO E
- Page 149 and 150:
Macro Objetivo 11: Criar e consolid
- Page 151 and 152:
Macro Objetivo 11: Criar e consolid
- Page 153 and 154:
Macro Objetivo 11: Criar e consolid
- Page 155 and 156:
PLANO DE AÇÃO PARA PREVENÇÃO E
- Page 157 and 158:
Ação Estratégica Indicador12.7.
- Page 159 and 160:
Macro Objetivo 10: Aprimorar a prev
- Page 161 and 162:
Embrapa Empresa Brasileira de Pesqu
- Page 163 and 164:
BibliografiaABRAF. Anuário Estatí
- Page 165 and 166:
MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITT
- Page 167 and 168:
Anexo II - Decreto de 15 de setembr
- Page 169 and 170:
§ 4º - A Comissão Executiva pode
- Page 171 and 172:
Unidades de ConservaçãoFederaisFo
- Page 173 and 174:
Unidades de Conservação Estaduais
- Page 175 and 176:
Unidades de Conservação Estaduais
- Page 177 and 178:
PA Aranha GO 10,31 0,55 0,23%PA Ara
- Page 179 and 180:
PA Caeté MT 97,27 13,83 5,86%PA Ca
- Page 181 and 182:
Projeto de assentamento /extrativis
- Page 183 and 184:
Projeto de assentamento /extrativis
- Page 185 and 186:
PA Mário Pereira MG 29,22 4,18 1,7
- Page 187 and 188:
Projeto de assentamento /extrativis
- Page 189 and 190:
Projeto de assentamento /extrativis
- Page 191 and 192:
Projeto de assentamento /extrativis
- Page 193 and 194:
Projeto de assentamento /extrativis
- Page 195 and 196:
Projeto de assentamento /extrativis
- Page 197 and 198:
Anexo VI- Desmatamento emTerras Ind
- Page 199 and 200:
Anexo VII - Comissão ExecutivaCasa
- Page 201:
Marcelo Cavallini (CCUC)Roberto Zan